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"Nunca existiu 'Abin paralela'", afirma Bolsonaro

Em live, Bolsonaro diz que jamais foi beneficiado por esquema de espionagem que seria conduzido por Alexandre Ramagem

Ao lado dos três filhos políticos, ex-presidente defendeu o deputado Ramagem e acusou o Judiciário (não citou o STF) de persegui-lo e à sua família -  (crédito: Reprodução YouTube)
Ao lado dos três filhos políticos, ex-presidente defendeu o deputado Ramagem e acusou o Judiciário (não citou o STF) de persegui-lo e à sua família - (crédito: Reprodução YouTube)
postado em 29/01/2024 03:55 / atualizado em 29/01/2024 06:33

O ex-presidente Jair Bolsonaro negou, ontem, em uma live ao lados dos filhos, a existência de uma "Abin paralela" durante seu governo e que trata-se de uma acusação mentirosa. Para ele, tudo não passa de uma "nova narrativa" contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) — apontado pela investigação da Polícia Federal (PF) de comandar um esquema de espionagem ilegal enquanto esteve à frente da Agência Brasileira de Informação —, a quem classificou como "um cara fantástico".

"Quando falei sobre a minha inteligência paralela, estava falando que ligo, por exemplo, quando está pegando fogo na Amazônia. Ligo para o coronel Menezes e pergunto: 'Menezes, como está essa questão de fogo que a imprensa está divulgando?'. E ele fala para mim. Ligo para Rondônia, para o (deputado Coronel) Chrisóstomo, ou para o Mato Grosso do Sul, o Gordinho, lá de Dourados: 'Gordinho, o que está acontecendo aí?' Tem invasão de terra? Como os índios estão agindo aí?'. Ou mesmo ligo para um cabo de um quartel que é meu amigo, ou militar da reserva, ou mesmo um cidadão qualquer. Essa é a minha inteligência, essa é confiável. Porque os oficiais, que estão aí, respeitosamente — não sei para os outros —, para mim não chegava nada", argumentou, esclarecendo o que seria a "inteligência paralela", que disse ter na reunião ministerial de 22 de abril de 2020.

Bolsonaro estava acompanhado dos três filhos políticos — o senador Flávio (PL-RJ), o deputado federal Eduardo (PL-SP) e o vereador carioca Carlos (Republicanos). O quarteto reforçou a polarização entre os candidatos apoiados por ele e os respaldados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições municipais de outubro. "Vai ter uma disputa de Bolsonaro versus a esquerda. Busquem os candidatos que tenham como referência esses princípios, que o presidente Bolsonaro criou dentro do nosso partido", disse Flávio.

O ex-presidente também reclamou que definiu como perseguição do Poder Judiciário — preferiu generalizar a citar explicitamente o Supremo Tribunal Federal (STF) — quanto às investigações em que ele e a família passam no inquérito das fake news.

"Nos acusam de espalhar fake news, mas não mostram quais são. Nos acusam de ter um gabinete do ódio, mas não mostram matérias que, porventura, teriam saído do tal gabinete do ódio. Vimos que o verdadeiro gabinete do ódio está no nosso colo. Infelizmente, após uma menina praticar suicídio, veio à tona uma grande rede. Mynd, Choquei [páginas de internet que publicam reportagens sensacionalistas] é que propagavam fake news", acusou, citando, em seguida, o deputado André Janones (Avante-MG), a quem acusou de ser um divulgador de notícias falsas. O parlamentar é conhecido nas redes sociais pelas provocações contra Bolsonaro e seus apoiadores.

A insinuação do ex-presidente se referia à morte de Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, em dezembro de 2023 — que foi falsamente identificada como tendo uma relação amorosa com o comediante Whindersson Nunes.

Elogio a Maduro

Bolsonaro surpreendeu ao apontar que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está no caminho para realizar eleições livres e justas no país. O elogio referiu-se ao plebiscito, em dezembro de 2023, sobre a anexação de Essequibo, na Guiana, que contou com voto impresso.

"Nesse plebiscito teve o voto impresso ao lado da urna eletrônica", salientou, atacando, indiretamente, o sistema de votação brasileiro.

"No vídeo que disponibilizaram, o Maduro foi votar. Eram cinco votos e ele falava uma coisa e apertava um botão, e aí ele apertava um outro botão e imprimia o voto. Ele pegou aquele voto e, ao se dirigir à urna, falou: 'Aqui tem o voto eletrônico, mas tem o papel também, diferente de outros países' — sem citar que país é esse. E pôs o voto na urna. Ou seja: começou a dar demonstração, atendendo à oposição, de eleições justas. Claro que, para nós, falta ainda a contagem pública dos votos", insistiu.

A audiência da live girou em torno de 250 mil pessoas acompanhando apenas no canal do ex-presidente. A transmissão foi realizada, também, no canal de Eduardo Bolsonaro e na página no Instagram do senador Flavio. Conforme disseram, mobilizou, no total, aproximadamente 450 mil espectadores.

 

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