INVESTIGAÇÃO

Caso Abin: relatório lista 1,8 mil pessoas monitoradas; PF pede fim do sigilo

Informações obtidas pelo Correio apontam que o Supremo recebeu detalhes sobre a participação de cada autoridade no esquema e informações importantes sobre os alvos de espionagem

Ministro Alexandre de Moraes avalia pedido da PF de relatório sobre esquema de espionagem ilegal montado pela Abin -  (crédito: Carlos Moura/SCO/STF)
Ministro Alexandre de Moraes avalia pedido da PF de relatório sobre esquema de espionagem ilegal montado pela Abin - (crédito: Carlos Moura/SCO/STF)
postado em 26/01/2024 16:24 / atualizado em 26/01/2024 16:25

Investigadores da Polícia Federal solicitaram ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que seja retirado o sigilo de um relatório completo sobre o esquema de espionagem ilegal montado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), informaram fontes consultadas pelo Correio. De acordo com investigadores ligados ao caso, o pedido está pendente de avaliação pelo magistrado.

O documento contém detalhes de como funcionou o esquema de espionagem que funcionou entre 2019 e 2021 contra críticos ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O relatório do Supremo aponta como deputados, políticos, jornalistas e ministros da Corte tiveram seus passos vigiados constantemente por meio do sistema First Mile.

Ao todo, de acordo com fontes ligadas às investigações, 1,8 mil pessoas foram espionadas no esquema, que além do software principal, contou com outros programas voltados para o acesso a dados mais completos dos celulares das vítimas, como mensagens de texto e tráfego de informações em redes sociais.

Ao longo de três anos, foram realizados 66 mil acessos irregulares. Inicialmente, seriam 30 mil, mas com a renovação do contrato para uso do software, foram realizados mais 30 mil. As equipes da Abin paralela conseguiram, com uma das operadoras de celular, mais 6 mil acessos, em um bônus de 10% sobre o serviço total — após ser identificado um problema na execução do programa.

Na avaliação dos integrantes da investigação, em uma república democrática, esses nomes não podem ficar ocultos, pois são importantes para entender o contexto da vigilância, objetivos que motivaram a realização do monitoramento e para que a própria sociedade possa cobrar medidas dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Além da PF, o Grupo Prerrogativas solicitou o fim do sigilo sobre os nomes.

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