INVESTIGAÇÃO

Deputado pede à PGR prisão preventiva de Bolsonaro por ida à embaixada

Ex-presidente ficou dois dias no prédio da Embaixada da Hungria, em Brasília, após ter o passaporte apreendido em operação sobre tentativa de golpe de Estado

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-DF) pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta segunda-feira (25/3) a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter se escondido na Embaixada da Hungria em fevereiro. Segundo o parlamentar, a estadia do brasileiro no local sugere que ele “estava tentando alavancar a sua amizade com um colega líder de extrema-direita” em uma tentativa de “escapar do sistema de Justiça”.

O caso foi revelado pelo jornal norte-americano The New York Times. Em vídeos de câmeras de segurança obtidos pelo veículo, é possível ver Bolsonaro acompanhado por dois seguranças e pela equipe do embaixador Miklos Tamás Halmai. O ex-presidente teve o passaporte apreendido durante a investigação de tentativa de golpe de Estado depois das eleições de 2022. Quatro dias depois, ele foi ao prédio da representação húngara.

Na representação encaminhada à PGR, Lindbergh Farias afirma que Bolsonaro poderia estar planejando uma fuga, diante de uma eventual prisão.

“Nesse cenário, a estadia do ex-presidente, por dois dias, na Embaixada da Hungria sugere uma tentativa clara de pavimentar o terreno para eventual fuga ou proteção estrangeira, na medida em que as investigações são aprofundadas e se robustece os indícios e provas capazes de fundamentar não apenas medidas cautelares (prisão), como uma futura condenação penal”, escreveu o parlamentar.

“O noticiante pugna para que essa Procuradoria-Geral da República avalie os fatos com a gravidade que lhe é inerente e, ao final, proponha ao Supremo Tribunal Federal, as medidas consideradas pertinentes, inclusive a postulação da decretação da prisão preventiva do ex-presidente, de modo a obstar, desde logo, no nascedouro, qualquer tentativa de sabotar ou inviabilizar a persecução penal do Estado brasileiro”, concluiu Farias.

Investigação da visita

A Polícia Federal vai investigar qual seria o motivo da ida do ex-chefe do Executivo à Embaixada da Hungria, em Brasília, após o confisco de seu passaporte pela corporação.

"Bolsonaro, alvo de diversas investigações criminais, não pode ser preso em uma embaixada estrangeira que o acolhe, porque estão legalmente fora do alcance das autoridades nacionais", diz o NYT.

Segundo o veículo, a presença do ex-presidente na Embaixada sugeria que ele estava tentando alavancar a amizade com o primeiro-ministro Viktor Orbán, em uma "tentativa de escapar do sistema de justiça brasileiro enquanto enfrenta investigações criminais".

O jornal analisou imagens de três dias de quatro câmeras na embaixada da Hungria, mostrando que Jair Bolsonaro chegou na noite de segunda-feira, 12 de fevereiro, e partiu na tarde de quarta-feira, 14 de fevereiro. Ele foi alvo da Polícia Federal em 8 de janeiro.

Em 2022, durante viagem a Budapeste, Bolsonaro disse que considera o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, "um irmão, dada a afinidade que temos na defesa dos nossos povos".

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