São Paulo — É dada a largada para as eleições municipais deste ano. Nesta sexta-feira (5/4), termina o prazo de sete meses antes da votação para que parlamentares no fim do mandato, eleitos nas disputas proporcionais, possam trocar de legenda. Mesmo valendo apenas para vereadores, a expectativa é que as negociações nos municípios sejam intensas esta semana e devam começar a definir o desenho das eleições de outubro.
Com a forte movimentação política nas bases, a presença de parlamentares federais em Brasília deve ser fraca a semana inteira. Em 2026, ano em que haverá eleições nacionais, será a vez da janela partidária de deputados federais e estaduais.
O cálculo que leva os parlamentares de Brasília para as suas bases é simples: quanto mais vereadores aliados forem eleitos, mais apoios e palanques locais os deputados e senadores podem ter daqui a dois anos nas suas campanhas.
Janela
Com o esfacelamento nacional do PSDB, poucos partidos relevantes ainda têm unidade programática, aponta Arilton Freres, sociólogo e diretor do Instituto Opinião. Para ele, as negociações da janela partidária mostram que falta para as legendas essa unidade ideológica, “um espaço necessário para o registro de uma candidatura”.
“Os partidos precisavam ter algum compromisso com o país, com um projeto. Precisamos repolitizar a política que ficou mercantilizada nos últimos tempos”, critica Freres.
Na análise do sociólogo, político que é bom de voto acaba assediado por legendas que oferecem uma maior ajuda financeira para as campanhas eleitorais, o que acaba gerando um grande leilão nesse período de janela partidária.
O sociólogo lembra que o sistema de funcionamento dos mandatos parlamentares acontece de forma sincronizada entre as eleições municipais e as nacionais. “Agora, é importante acertar bem as chapas municipais para os deputados e senadores constituírem bons cabos eleitorais para as eleições de 2026”, aponta Freres.
Tucanos
O movimento de troca de parlamentares na janela partidária é evidente na Câmara de Vereadores de São Paulo. O PSDB, que por 30 anos foi a legenda mais forte na cidade, vive uma debandada geral de vereadores e corre o risco de ficar sem representantes no parlamento da maior cidade do país.
Os oito parlamentares da bancada eleita em 2020 negociam ir para legendas como PSD, MDB, União Brasil, Podemos e PL, que fazem parte da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição.
É esperado na próxima semana que o líder do governo municipal na Câmara paulistana, Fabio Riva, troque o PSDB pelo MDB, partido do prefeito, mas o primeiro a deixar o ninho tucano, logo no início da janela partidária, foi Aurélio Nomura, que migrou para o PSD do cacique Gilberto Kassab.
O PSDB, que hoje se esvazia e enfrenta uma enorme crise, foi, em 2020, o grande vitorioso nas eleições municipais paulistanas. Além de manter a prefeitura da capital com a reeleição de Bruno Covas, elegeu oito vereadores (mesmo número que o PT), formando uma das duas maiores bancadas no legislativo municipal.
Para Freres, a situação do PSDB é uma “tristeza”. Segundo ele, o país perdeu um grande partido de linha ideológica clara e que tinha um projeto. “Essa fragmentação do PSDB ajudou a gerar uma maior instabilidade na política”, ressalta o especialista.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br