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Operação da PF mira uso de cota parlamentar

Corporação faz buscas em endereços ligados a assessores dos deputados Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante, ambos do PL, em investigação de suposto desvio de recursos

O deputado Carlos Jordy disse sofrer perseguição da esquerda -  (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
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O deputado Carlos Jordy disse sofrer perseguição da esquerda - (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

A Polícia Federal fez buscas, nesta quinta-feira, em endereços ligados a assessores dos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). A corporação investiga suspeita de desvio de cota parlamentar. As ações foram autorizadas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.

Os seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Rio de Janeiro, em Tocantins e no Distrito Federal. A operação apura crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

As investigações apontam para a existência de um esquema criminoso caracterizado pela interação entre os setores público e privado, no qual agentes públicos e empresários teriam estabelecido um acordo ilícito para o desvio de recursos públicos provenientes de cotas parlamentares.

A operação foi batizada de Rent a car, em referência aos elementos centrais das investigações e às práticas ilícitas identificadas até o momento. O nome alude diretamente ao modus operandi dos suspeitos, que teriam usado uma empresa de locação de veículos para simular contratos de prestação de serviços.

Em reação à operação, o deputado Sóstenes Cavalcante afirmou que aluga um carro Corolla da mesma empresa, desde 2016, pelo valor mensal de R$ 4,5 mil. O parlamentar disse ter conversado com os alvos da ação da PF, que negaram qualquer envolvimento com contratos ilícitos.

"Não tenho por que demitir ninguém até que se prove algum ilícito. Eu não contrato quem presta serviço, isso é trabalho do gabinete. A única coisa que eu peço é: 'Procurem o preço mais barato'. Até que me provem alguma suspeita, sempre me prestaram relevante serviço", frisou.

O parlamentar acrescentou: "Não tenho nada a temer. Não faço nada de errado com cota parlamentar e não há nenhum ilícito no meu mandato. Quero acreditar que esse tipo de investigação não seja nenhum tipo de perseguição política, porque, se for, só tenho a lamentar".

Jordy, por sua vez, usou o plenário da Câmara para se defender. Ele alegou sofrer perseguição da esquerda. "A irresponsabilidade do STF, deste governo e da PF, que se tornou a Gestapo desse consórcio, faz com que eu, assim como outros deputados aqui, sejamos perseguidos de forma implacável", declarou.

*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa

 

 

Júlia Portela
Iago Mac Cord*
postado em 20/12/2024 03:55