A prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) desencadeou uma onda de reações entre os parlamentares, aprofundando o racha entre os que defendem sua cassação imediata e aqueles que denunciam uma suposta perseguição judicial. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que a Casa já está adotando as providências legais cabíveis. "Tomei conhecimento da prisão da deputada Carla Zambelli pela imprensa. Consultei o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que nos repassou informações preliminares. Aguardamos as manifestações oficiais do Ministério da Justiça e do governo italiano", afirmou Motta, em publicação na rede social X (antigo Twitter).
O parlamentar lembrou, ainda, que "as providências que cabem à Câmara já estão sendo adotadas, por meio da Representação que tramita na CCJC, em obediência ao Regimento e à Constituição. Não cabe à Casa deliberar sobre a prisão - apenas sobre a perda de mandato", diz o texto.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), integrante da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), protocolou requerimento solicitando que a Mesa Diretora declare a perda do mandato de Zambelli. Para a parlamentar, não há mais espaço para protelação. "A permanência de Zambelli no cargo representa um escárnio ao Estado de Direito e um atentado à moralidade pública".
Segundo Rosário, "já tínhamos o entendimento e deduzido o pedido, em conformidade com o acórdão condenatório, no sentido de que o trânsito em julgado impõe a suspensão imediata de seus direitos políticos, nos termos do artigo 15, III, da Constituição Federal, a ser declarada pela Mesa". Ela afirma que houve um "trâmite anômalo e ilegal" ao se remeter o caso à CCJC, quando, em sua avaliação, a cassação já deveria ter sido declarada de ofício.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) usou o X também cobrando providências. "Foragidos não podem legislar. A Câmara deve cumprir a Constituição", referindo-se à cassação. Duda Salabert (PDT-MG) escreveu que a prisão de Zambelli é o primeiro passo. "A prisão de Carla Zambelli é uma vitória do Estado Democrático de Direito. Que ela responda por seus crimes e pelos ataques que articulou contra a democracia. O cerco se fecha, e o dia de Bolsonaro está chegando".
A ex-aliada do clã bolsonarista e ex-deputada Joice Hasselmann foi direta: "Carla Zambelli, enfim, vai pagar pelos crimes que cometeu. Ela foi presa na Itália. Toc-toc-toc". O senador Humberto Costa (PT-PE) classificou o episódio como "mais uma bolsonarista na cadeia".
Em nota oficial, a Liderança do Partido Liberal (PL) na Câmara, por meio do deputado Sóstenes Cavalcante, manifestou solidariedade a Zambelli e sustentou que ela não foi presa, mas apresentou-se voluntariamente às autoridades italianas, iniciando um pedido de asilo político. "Esse gesto, firme e consciente, não é ato de fuga. É a consequência direta de um país que tem negado a seus representantes eleitos o direito à liberdade, ao contraditório e à legítima defesa", afirmou.
O documento também denuncia o que chama de "estado de exceção camuflado", alegando que o Judiciário "julga, censura, legisla, investiga e pune", concentrando poderes sem controle. "Deputados silenciados. Jornalistas banidos. Presidentes sob tornozeleira. Perfis censurados. Contas bloqueadas", diz o texto. E alerta: "Hoje é Carla Zambelli. Amanhã, será qualquer um de nós".