STF

Lindbergh Farias chama voto de Fux de 'incoerente'

Deputado do PT critica divergência no STF, diz que provas contra Bolsonaro são consistentes e que posicionamento do ministro serve para desmoralizar a Corte

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o voto do ministro Luiz Fux, no quarto dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de militares acusados de tentativa de golpe de Estado, que aconteceu nesta quarta-feira (10/9). Para o parlamentar, que deixou a sede do Supremo por volta das 21h, antes mesmo do fim do julgamento, a postura do magistrado representa incoerência e abre espaço para que a extrema-direita explore uma narrativa contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele não economizou palavras para criticar o ministro. Segundo Lindbergh, Fux, que já elogiou o relator Alexandre de Moraes, durante a elaboração do relatório, agora faz críticas ao documento. “O voto do ministro Luiz Fux foi incoerente. Ele mesmo, há três meses, elogiou o resumo da denúncia feito por Alexandre de Moraes. Hoje, mudou completamente de posição, dizendo que não havia provas contra Bolsonaro”, afirmou.

O deputado destacou que Fux se estendeu por horas discutindo as questões preliminares levantadas pela defesa, apesar de ter dito anteriormente que não faria isso. “Ele gastou três horas falando de preliminares. Aqui, não poderia julgar Bolsonaro, mas ele julgou aqueles que estavam na praça em 8 de janeiro. Isso mostra a contradição”, criticou.

Para Lindbergh, a decisão de Fux de inocentar Bolsonaro do crime de tentativa de golpe, ainda que mantendo a condenação dos demais réus, serviu como um gesto político. “O ministro acabou atuando como advogado de Bolsonaro. Foi além da defesa feita pelos próprios advogados do ex-presidente”, disse, ironicamente.

Ele também relacionou a postura do ministro a interesses externos e à tentativa de fortalecer os apoiadores de Bolsonaro. “Esse voto gera narrativa e serve para desmoralizar o próprio Supremo Tribunal Federal. É tudo o que a extrema-direita queria, um pretexto para continuar pressionando as instituições”, declarou.

Apesar da crítica, Lindbergh avaliou que o resultado final do julgamento não será alterado. “O placar deve ser de quatro votos a um pela condenação. Esse voto isolado não muda o desfecho, mas pode ser usado como bandeira política pelos bolsonaristas”, afirmou.

O deputado concluiu dizendo que as provas reunidas no processo são consistentes e apontam de forma clara para a responsabilidade do ex-presidente. “Bolsonaro conspirou, chamou reuniões do alto comando, esperava apenas a unanimidade dos militares para levar adiante o plano. O voto de Fux ignora fatos evidentes e consistentes”, reforçou.

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