Planalto

Lula defende 'guerrilha democrática cultural' ao lançar Plano da Cultura

Em discurso, o presidente defendeu que a cultura não pode ser fechada, "encalacrada", mas deve permitir a participação popular

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira (17/11), que quer uma “guerrilha democrática cultural no país”, ao defender uma maior participação popular na cultura brasileira. A fala ocorreu na cerimônia de entrega do Plano Nacional da Cultura (PNC) 2025-2035 ao Congresso Nacional.

Lula citou ainda que a realização da COP30 em Belém é “uma revolução cultural” ao promover o contato de delegações estrangeiras com a cultura paraense, e disse que, em viagem à África na próxima semana, quer promover a transferência de técnicas agrícolas brasileiras ao continente.

“(O plano) É a realização de um sonho que eu tenho há muito tempo, de transformar a cultura em um movimento efetivamente de base, uma coisa popular, para que a gente ao invés de ter aquelas coisas muito encalacradas, fechadas, aquelas redomas, tudo que funciona certinho, a gente tenha uma espécie de guerrilha democrática cultural nesse país”, discursou o chefe do Executivo.

“As pessoas precisam ter a liberdade de fazer, de provocar que os outros façam cultura neste país”, acrescentou.

O Plano Nacional da Cultura, entregue hoje  ao Congresso Nacional, orienta a criação e execução de políticas culturais pelos próximos dez anos. Lula assinou ainda, no evento, decreto que cria a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) para acompanhar a execução do orçamento da cultura.

Revolução cultural em Belém

Em seu discurso, Lula também mencionou a COP30, que está sendo realizada em Belém, e voltou a defender a realização do evento internacional na cidade, apesar da falta de infraestrutura e outros desafios.

“Em Belém não está acontecendo apenas uma COP, aquilo que nós chamamos ‘COP da Verdade’. Está acontecendo uma revolução cultural. O povo do Pará está conhecendo gente do mundo inteiro, e gente do mundo inteiro está conhecendo gente do Pará. Eles estão bebendo a bebida do Pará, comendo a comida do Pará, estão dançando com homens e mulheres do Pará, estão ouvindo Carimbó”, afirmou o presidente.

“Quem é que já imaginou que a gente ia levar dois transatlânticos para o Pará?  Em um porto feito em apenas 5 meses, quando ninguém acreditava que a gente pudesse fazer”, disse Lula, citando os navios contratados pelo governo federal para aumentar em seis mil leitos a capacidade de hospedagem em Belém.

“Todo mundo falava, faz a COP no Rio de Janeiro, em São Paulo, lá já está tudo pronto. Mas, se for assim, o Brasil não crescerá além fronteira Sul-Sul”, pontuou o presidente.

Técnicas agrícolas

Lula comentou ainda sobre a viagem que fará na semana que vem, quando participa da Cúpula do G20 na África do Sul e, em seguida, visita Moçambique. Ele destacou que estuda uma forma de cooperação agrícola com países do continente, incluindo aulas à distância.

“Estou com a ideia de fazer um convênio entre as nossas universidades, a Embrapa, nossos Institutos Federais, para ensinar técnicas agrícolas ao povo africano, para que eles consigam efetivamente conseguir fazer a revolução agrícola que nós fizemos aqui no Brasil, sem os erros que nós cometemos”, declarou Lula.

“Que sabe não seja a forma de a gente pagar a dívida que a gente tem com 350 anos de escravidão ao povo africano”, acrescentou o presidente.

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