Saúde

Correção dentária sem traumas: as novidades em ortodontia

Com a evolução da ortodontia, é possível fazer uso de aparelhos dentais mais discretos e eficazes. E em qualquer idade

Carolina Marcusse*
postado em 15/05/2022 09:10
 (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)
(crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)

Aparelhos dentários são, para muitos, o marco de uma fase de vida já conturbada, a adolescência. Apesar disso, a correção dos dentes não tem um limite de idade e as opções não estão restritas aos famosos aparelhos fixos de "quadradinhos", os braquetes. Com a ampliação do mercado, hoje existem diversas opções, que incluem aparelhos invisíveis e marcas com variados estilos.

Não há restrição de idade máxima para intervenção, mas, para algumas pessoas, pode ser mais fácil usar os alinhadores cedo, principalmente para evitar que os problemas se agravem. A dentista Rakeel Moura afirma: "Como ortodontista, gosto de ver as crianças a partir dos 5 anos". Essa é a recomendação da profissional porque, desde essa idade, é possível acompanhar se há deficiência óssea ou outros problemas, enquanto ainda é possível intervir.

Essa avaliação precoce auxilia na infância da criança, que poderá ser tratada precocemente. Apesar disso, a dentista lamenta que não são todos os pais que sabem que existe essa demanda, muitas vezes porque não têm cuidados de um ortodontista. "Ocorrem casos em que o dentista não é ortodontista e, se ele não é especialista nessa área, não tem conhecimento disso. Alguns dizem que só coloca aparelho depois de trocar o dente de leite pelo permanente, o que é completamente errado. Não pode esperar a criança trocar os dentes para ir atrás de ortodontista", diz a profissional.

Quando é indicado

Não é certeza que haverá a necessidade do uso de alinhadores, mas existem alguns fatores que aumentam a probabilidade. As combinações genéticas podem predispor a criança à necessidade de correções. "A junção dos tipos de boca e arcadas dentárias dos pais pode vir a dar problemas. Por exemplo, se a mãe tiver dentes muito grandes e pouco osso e o pai tiver a boca pequena, pode acontecer de a criança nascer com os dentes grandes e não ter osso suficiente", detalha a dentista.

Além disso, existem os "hábitos bucais deletérios", ou seja, costumes ruins, que podem ter uma forte influência. São eles: o hábito de chupar dedo durante a infância, o uso de chupetas e mamadeiras, principalmente por longos períodos. "O organismo dela vai entendendo que a posição em que os dentes estão é o correto, então ela fica com a mordida aberta por causa da chupeta, por exemplo, por passar longos períodos usando", alerta.

Os tipo de aparelho

Os aparelhos dentários podem atender a diferentes necessidades e demandas estéticas. Segundo o doutor em odontologia Alessandro Schwertner, eles servem para fins estéticos e funcionais. "Os aparelhos móveis são indicados para pequenas movimentações dentárias, correção de alterações nos ossos maxilares e contenções", informa. Já os fixos são indicados para correção da má-oclusão, que é o alinhamento anormal dos dentes, dentes tortos ou encavalados, dentes afastados, mordida cruzada, correções esqueléticas, entre outros, de acordo com Schwertner.

O mais conhecido dos alinhadores fixos é o metálico com braquetes, mas existem outros tipos. Este, de metal, somado com o tipo de porcelana ou safira pode ser definido como o "aparelho convencional". As únicas diferenças entre eles são os valores, a durabilidade e a transparência. O de porcelana e safira, por exemplo, ficam mais discretos por serem mais transparentes do que o metálico. No entanto, apesar de terem as mesmas funções que o de metal, são mais delicados e podem quebrar com mais facilidade.

Outra opção é o aparelho autoligado, que, em comparação com o tradicional, não tem as borrachinhas utilizadas para segurar o fio no braquete. Nele, há uma canaleta que se abre para inserção do fio e depois é fechada. A dentista Rakeel Moura explica que, por não utilizar borrachas, que com o tempo vão perdendo a força, esse tratamento tende a ser mais rápido, já que "o dente está sendo forçado 100% do tempo". Além disso, pode ser útil em alguns casos particulares, como os que necessitem uma maior expansão da arcada dentária.

Invisíveis

Com a premissa de ser ainda mais discretos e confortáveis, existem os "alinhadores invisíveis", que não são novidade no mercado, mas estão a cada dia mais acessíveis para a população. Outra vantagem, em comparação com outras formas de tratamento, é que o aparelho invisível é mais rápido do que outros tipos de tratamento, porque exerce uma força exata nos dentes que precisam se movimentar, acelerando o resultado, como explica a cirurgiã-dentista e co-fundadora da SouSmile, empresa de alinhadores dentários, Andrea Nazaré.

O alinhador se trata de placas transparentes no formato exato dos dentes, que realiza a movimentação por etapas, de acordo com o planejamento do dentista. Assim como os outros tipos, é utilizado para corrigir uma série de problemas. "Tratam praticamente todos os tipos de má oclusão. No entanto, existem alguns casos que somente o uso de ortodontia não é suficiente para correção total. Aí são indicados as cirurgias ortognáticas", detalha Andrea.

A recomendação principal é que ele seja utilizado por pelo menos 22 horas por dia, sendo retirado somente para comer e escovar os dentes. Andrea assegura que o aparelho, por se encaixar perfeitamente nos dentes, não atrapalha as atividades cotidianas, como a fala. Devido à sua previsibilidade, a profissional afirma que o tratamento poe ser concluído em até metade do tempo dos alinhadores tradicionais. "Ou seja, um tratamento que na ortodontia fixa seria terminado em 24 meses, no alinhador, resolveríamos em 12 meses", finaliza.

Palavra do especialista

Quais são os principais tipos de aparelhos ortodônticos que existem e para que problemas são mais indicados?

Basicamente, há três tipos de aparelhos ortodônticos disponíveis. Os móveis, que são indicados para pequenas movimentações dentárias, correção de alterações nos ossos maxilares e contenções; os fixos, que são bastante conhecidos por sua caracterização com os fios metálicos e a necessidade de manutenção mensal para que o dentista regule a movimentação dos dentes na direção correta. Eles são utilizados para fins estéticos e funcionais, como correção da má-oclusão, dentes tortos, encavalados, imperfeições no alinhamento, dentes muito afastados uns dos outros, mordida cruzada, correções esqueléticas, contenção etc. E há os alinhadores invisíveis, que, apesar de não serem uma novidade no mercado, estão mais acessível aos pacientes. Trata-se de uma placa produzida em acetato transparente, que cobre os dentes. Além de ser bastante discreto, oferece um tratamento confortável. O alinhador invisível é indicado no tratamento da má-oclusão, como dentes tortos, encavalados, imperfeições no alinhamento, dentes muito afastados uns dos outros, mordidas cruzadas, prognatismo dentário, entre outras situações.

Quais as possibilidades de voltar a desalinhar os dentes após o fim do tratamento?

Quando o tratamento é realizado com a supervisão de um profissional capacitado e de acordo com as recomendações do ortodontista, as chances de que os dentes voltem a ficar desalinhados após finalizado o tratamento são menores. No entanto, há algumas razões que podem favorecer essa ocorrência, como a extração ou perda de dentes após o fim do tratamento, retirada precoce do aparelho, retirada do aparelho sem a supervisão de um ortodontista, falta de uso ou uso incorreto dos aparelhos de contenção, falta de acompanhamento com o ortodontista após o fim do tratamento ortodôntico, além de adesão a hábitos prejudiciais ao alinhamento dental, como roer unhas, empurrar a língua contra os dentes, apertamento ou bruxismo.

Quais os principais perigos relacionados a não correção dos dentes?

Não corrigir problemas ortodônticos deixando de usar os aparelhos quando há recomendação do especialista pode trazer, além de problemas funcionais e estéticos, como o desalinhamento do sorriso, questões com a baixa autoestima, dificuldades de higienização e, consequentemente, o aparecimento de cáries e outras doenças bucais, dores ou “ruídos” na região da articulação (ATM), dificuldade na mastigação dos alimentos, etc.

Dr. Alessandro Schwertner é mestre em ortodontia pelo Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, doutor em odontologia pela Universidade Norte do Paraná/Universidade Federal de Pelotas e sócio-fundador e vice-presidente da rede de clínicas Odontolatina

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

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