FITNESS E NUTRIÇÃO

Por que alguns alimentos e hábitos deixam a barriga inchada

A sensação constante de estufamento costuma causar desconforto e incômodo estético. As causas vão de má digestão a sedentarismo

Giovanna Fischborn  
postado em 28/08/2022 07:10 / atualizado em 29/08/2022 16:50
 (crédito: Shayna Douglas/Unsplash)
(crédito: Shayna Douglas/Unsplash)

Já se sentiu estufado após uma refeição, mesmo sem ter exagerado? A barriga inchada é comum e pode ter vários diagnósticos — a maioria é de causa alimentar. Há quem seja sensível a carboidratos não digeríveis, que hiper fermentam no intestino. A distensão abdominal pode ainda estar associada a super crescimento bacteriano, síndrome do intestino irritável (SII) e ausência ou produção insuficiente de alguma enzima (intolerância à lactose).

O diagnóstico correto define o protocolo a ser seguido para melhorar a digestão. Um dos tratamentos possíveis é seguir uma dieta baixa em FODMAPs, sigla, em inglês, para "oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis", carboidratos resistentes à digestão no intestino delgado.

Na lista, estão trigo, cebola, alho, couve-flor, manga, maçã, mel, feijão, leite e derivados. E não é que eles sejam menos saudáveis do que outros alimentos, é que têm um tipo de carboidrato que favorece o inchaço, como explica a médica coloproctologista Aline Amaro, da DuoProcto (@duoprocto), que recebe queixas de distensão todos os dias no consultório.

A "low FODMAPs" funciona como um teste de tolerância. Quando indicada, a primeira etapa é suspender a maioria desses ingredientes, para, depois, reintroduzi-los gradativamente e observar como o corpo se adapta. Mas, antes de sair se restringindo, é preciso avaliar a raiz do problema e os sintomas que o acompanham.

"A experiência do paciente é fundamental. Se ele desconfia do que possa estar provocando estufamento ou relata que o inchaço vem acompanhado de outros sintomas, como diarreia e constipação, sabemos como investigar e o que recomendar", aponta. A presença de sangue nas fezes é um dos sinais de alerta para patologias mais graves. Nesses casos, e a depender da idade do paciente, pode-se pedir uma colonoscopia para descartar doença inflamatória intestinal ou câncer de intestino.

Outras causas

A nutricionista Beatriz Rodrigues (@biaanutri) lembra que é normal começar o dia com um peso e terminar com outro, justamente porque a retenção de líquido — e o consequente estufamento — depende também de hidratação, rotina de treino e se o paciente vai ou não ao banheiro com regularidade. Consumo de bebida alcoólica, excesso de fritura, gordura e muito sódio são outros fatores que contribuem para a distensão.

Quando pega casos desse tipo, Beatriz busca um tratamento holístico. Além de ajustar o protocolo alimentar, incentiva o paciente a ter uma rotina mais ativa e busca alternativas para quem passa longas horas sentado ou em pé, em "trabalhos sedentários". De acordo com a especialista, alongamentos diários são eficientes para ajudar na retenção.

Outro ponto de atenção é a quantidade de refeições feitas ao longo do dia. "Quando a pessoa come poucas vezes, faz o tradicional 'café, almoço, jantar', é indício de consumo nutricional de baixa qualidade. Às vezes, porque não tem tempo mesmo", explica. Aqui, cai bem reforçar os lanches com ingredientes nutritivos, os mais naturais possíveis, e caprichar na proteína.

Hábitos aliados

A professora aposentada Edna Rodrigues, 59 anos, sofre com a sensação de barriga estufada. Tudo começou depois de uma cirurgia de retirada do útero, que coincidiu com a menopausa. Mas ela faz o que pode para conter os sintomas, entre eles, a sensação de corpo pesado.

Toma dois copos de água ao acordar. Durante o dia, segue sempre com a garrafinha. Dá preferência às frutas que levam bastante água, como melão e melancia. Faz alguns anos que Edna não come fritura. Para os lanchinhos, aposta em vitaminas com fibras, como aveia e chia. E, hoje, já incluiu a atividade física na rotina. Anda 10km todos os dias, no fim da tarde.

Na área da saúde, a prioridade é mesmo lidar com o problema de forma natural, não medicamentosa. Um dos cuidados básicos e o mais essencial é se esforçar na ingestão de líquidos, como faz Edna. "E é beber água, não refrigerante", salienta a nutricionista Beatriz Rodrigues. Alguns chás funcionam como diuréticos naturais: hibisco, chá preto, cavalhinha, verde, salsa e mate. Mas é bom lembrar que essas opções, apesar de terem finalidade para a retenção, não substituem a água.

Como vimos, reduzir os fermentados é um caminho possível. "Mas não é preciso cortar todos os carboidratos. Além disso, é importante ter sempre muitos vegetais verde-escuros e ricos em potássio no prato", orienta a nutricionista.

O uso de probióticos é outra medida para facilitar a digestão. Essas "bactérias do bem" estão no iogurte natural e no kefir (bebida feita a partir de uma mistura de microrganismos). Também podem ser consumidas na forma manipulada ou em sachê, conforme orientação de um nutricionista.

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