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Coceira nas orelhas? O seu cachorro pode estar com infecção no ouvido

Alguns animais de estimação precisam de cuidados especiais e um pouco mais de atenção na limpeza dos ouvidos. Fique atento para evitar infecções e inflamações

Ailim Cabral
postado em 13/11/2022 00:01 / atualizado em 18/11/2022 17:51
 (crédito: Unsplash/Reprodução)
(crédito: Unsplash/Reprodução)

Muitas vezes, os animais de estimação chacoalham a cabeça e colocam as patas nas orelhas, o que pode arrancar expressões de amor dos tutores, já que a cena é, realmente, uma fofura. No entanto, quando acontece com muita frequência, pode ser um indicativo de que algo não vai bem. Chamados de meneios cefálicos, os gestos são uma das maneiras que os animais encontram para coçar as orelhas ou demonstrar incômodos no ouvido.

A médica veterinária Tatiane Perpétuo explica que os principais problemas que podem causar coceiras e desconforto são infecções e inflamações no ouvido. Nos casos mais graves, os animais também podem apresentar um leve desvio na cabeça, deixando o ouvido doente mais voltado para baixo, e ter uma secreção mais escura na região.

A otite é o tipo de infecção mais comum nos pets e pode ser bacteriana ou fúngica. O tipo de tratamento vai depender do agente infeccioso, determinado por meio de exames laboratoriais.

O incômodo no ouvido também pode ser causado por uma inflamação provocada pelo excesso de cerume, a famosa cera de ouvido. Nestes casos, após a consulta veterinária, os tutores podem ser orientados a fazer a higienização em casa. "Desde que seja indicada pelo veterinário", ressalta Tatiane.

Com uma periodicidade de sete a 10 dias, o tutor precisa pingar o medicamento no ouvido do pet e fazer uma leve massagem na região. "Depois que o animal sacudir a cabeça, você pode limpar o excesso de cerume que vai sair, usando um algodão limpo", completa.

Embora possa acontecer sem razão específica, alguns cães têm maior predisposição para o excesso de cerume. Animais muito orelhudos podem ficar com o ouvido muito abafado e, na época de chuva o problema pode se agravar, deixando o ambiente propício para inflamações e infecções.

Embora não seja permitido cortar a orelha dos cães, Tatiane afirma que ainda chegam alguns casos ao consultório, e eles também estão mais suscetíveis à inflamações, por causa da alta exposição do pavilhão auricular. O mesmo ocorre com os cachorros que têm orelhas mais abertas. 

Cães muito alérgicos e com dermatites intensas também são vítimas desse tipo de inflamação. Segundo a veterinária especialista em dermatologia Isabela Lacerda, as otites quase sempre são problemas secundários e estão relacionados a alergias alimentares e/ou dermatite atópica. Ela acrescenta que, em alguns casos, a otite pode ser causada até mesmo pela presença de parasitas. Outros problemas, como pólipos e neoplasias também podem causar desconfortos no ouvido.

Cuidado com os excessos

Um dos maiores problemas observados por Tatiane no consultório é causado pelos próprios tutores. Medicar os pets por conta própria é recorrente, e a veterinária explica que, ao usar um antibiótico por um ou dois dias, os donos observam melhora no animal e abandonam o tratamento.

Passadas algumas semanas, a infecção retorna e os tutores voltam a medicar o melhor amigo. "Isso acaba sendo uma das principais causas de otite de repetição, surge uma resistência bacteriana ao medicamento e o animal passa a ter o mesmo problema sempre", explica.

Renato Leiva, grommer especializado há mais de 15 anos no cuidado e saúde animal, explica que o ideal é limpar os ouvidos somente quando eles estiverem com excesso de sujeira ou umidade. Ficar de olho na cera produzida também é importante, uma vez que ela pode indicar outros problemas.

Na hora do banho os cuidados precisam ser redobrados. A água deve ficar longe da orelha. Colocar uma bolinha de algodão e tirar logo após o banho é uma das formas de proteger o animal. Caso seja necessário, o ideal é higienizar a orelha com um pano seco embrulhado nos dedos. "Limpar somente com algodão e até onde a ponta do dedo alcançar. Nunca introduza o dedo no conduto com unhas longas ou qualquer material pontiagudo, pois pode provocar acidentes", explica Leiva.

Isabela completa e explica que o ouvido é autolimpante. Com raras exceções, quando a limpeza é necessária com frequência, é muito provável que o animal já esteja com alguma alteração.

Outros sinais que pedem a visita ao veterinário são a vermelhidão e o mau cheiro. "De preferência busque um dermatologista, que é o profissional capacitado para olhar além da otite", completa a veterinária.

 

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