Neurônios em dia

Covid longa tem se mostrado cada vez mais como uma doença neurológica

Estima-se que de 10% a 40% dos infectados podem desenvolver covid longa, que já tem mais de 200 sintomas registrados

Ricardo Teixeira*
postado em 23/03/2023 16:50 / atualizado em 24/03/2023 13:39
 (crédito:  Minervino Junior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)

Covid longa, que podemos também chamar de sequela pós-infecção aguda por covid-19, já tem mais de 200 sintomas registrados, mas aqueles associados à disfunção do sistema nervoso estão entre os mais prevalentes e incapacitantes. Na maioria das vezes, os sintomas ocorrem mesmo após um quadro agudo da doença leve, devem durar pelo menos três meses após a infecção e podem persistir por anos. Estima-se que de 10% a 40% dos infectados podem desenvolver covid longa.

Sintomas comuns incluem fadiga, dificuldade de memória e concentração, hipersensibilidade à luz e ruídos, ansiedade, depressão e alterações do sistema nervoso autônomo, que podem levar a tonturas, taquicardias, desmaios, instabilidades da pressão arterial e distúrbios do ritmo intestinal.

Não é o ataque direto do vírus que provoca essa miríade de sintomas, mas provavelmente uma resposta imunológica desregulada e inflamação sejam os principais fatores. Partículas do vírus são mais encontradas no cérebro das pessoas que têm essas manifestações crônicas. Alterações nos pequenos vasos sanguíneos do cérebro parecem colaborar também e, junto aos neurônios e aos astrócitos, todos são vitimados pelo processo inflamatório.

A vacinação é imperativa para a redução dos perigos de uma infecção aguda grave, mas estima-se que só reduz a chance de desenvolvimento da covid longa em 15%. Portanto, o melhor negócio é não se infectar e, para isso, o uso de máscaras em ambientes fechados ainda é um grande aliado. Continuo recebendo frequentemente no consultório pacientes que se infectaram pela terceira ou quarta vez, sendo que a última há menos de três meses.

E então? Melhor é continuar se prevenindo, concorda?

*Ricardo Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e diretor do Instituto do Cérebro de Brasília

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