Adotar um animal de estimação é abrir as portas para uma relação de afeto incondicional, capaz de transformar profundamente a vida dos tutores. De acordo com a Petzillas, plataforma que auxilia tutores na gestão de pets, a procura por adoção de cães e gatos aumentou até 50% após o início da pandemia da covid-19, em 2020. Seja trazendo conforto em momentos de solidão, seja aliviando sintomas de ansiedade ou ajudando a superar fases difíceis, os pets se tornam verdadeiros companheiros, promovendo bem-estar e novas perspectivas. Para muitos, eles são mais do que simples animais; são uma fonte de amor e uma peça fundamental para a saúde mental.
Durante a pandemia, Caio Caligare adotou os felinos Deuíque e Reive. Com a solidão do isolamento, o estudante sentiu um tédio considerável e, assim, decidiu ter um animal de estimação. "Estava na intenção de adotar somente um gato, então, primeiro adotei o Deuíque. Eu me apaixonei instantaneamente e soube que era ele. Porém, depois de um mês, decidi que queria um irmãozinho para ele não ficar sozinho, e foi assim que escolhi o Reive", lembra.
Caio reflete como a adoção de seus companheiros não só trouxe companhia, mas também alterou seu estado de espírito. Hoje, garante, grande parte de sua boa saúde mental e emocional se deve aos seus gatos. "Eu os considero meu yin e yang: Deuíque representa o yin e Reive, meu yang. Essa conexão me permitiu perceber aspectos que precisavam melhorar em mim ao observar as características deles", diz.
"Por exemplo, notei que o Deuíque era muito medroso, o que me fez refletir sobre meu próprio medo, e, com isso, ambos evoluímos. Já com Reive me tornei uma pessoa mais aberta, pois ele é assim. A influência dele me ajudou a me tornar mais receptivo. Essa sinergia é muito significativa, pois sempre que consigo melhorar, percebo que eles também se transformam. Minha vivência com eles tem sido uma das maiores lições da minha vida, pois aprendi a ser uma pessoa melhor ao lado desses dois", observa.
Acalento emocional
Tiane Amaral, psicóloga especialista em performance, explica que a relação com o animal de estimação apresenta diversos benefícios para o humano. "Esse vínculo melhora a qualidade de vida, a socialização e a comunicação." Ela ressalta que essa interação pode reduzir os efeitos do estresse, da solidão, da ansiedade e da depressão, além de favorecer a autoconfiança e a autoestima.
A presença de um animal de estimação pode ser transformadora, especialmente em tempos desafiadores. O casal Gabriel Pinheiro e Celine Lins é apaixonado por suas duas cadelas, Caramela e Cacau, e compartilham como suas vidas mudaram desde que elas chegaram. "A presença delas, junto com um pouco de terapia, tem sido fundamental para me ajudar no controle da ansiedade", afirma o programador de software. Ele revela que, antes de adotar seus pets, enfrentava crises frequentes, mas, desde então, elas quase desapareceram.
As histórias de adoção de Caramela e Cacau são comoventes. Caramela foi resgatada em uma estrada rural, abandonada e machucada. "Eu a levei para cuidar e, com o tempo, ela se tornou uma companheira incrível. Uma vez, enquanto eu chorava, ela se aproximou, colocou a patinha na minha perna e me lambeu, como se dissesse que tudo ficaria bem", relembra Celine.
Já Cacau conquistou o casal com seu carisma e sorriso especial, e foi adotada para ser uma companhia para Caramela. "Cães, por serem sociáveis, vivem melhor com outros cães, e isso se reflete na alegria deles", pensa.
Com a mudança para o home office durante a pandemia, as cadelas se tornaram as principais companheiras de Gabriel e não só trouxeram alegria, mas também o incentivaram a manter uma rotina mais organizada. "Elas ditam nosso ritmo: suas necessidades e sua saúde nos motivam a nos exercitar mais, seja nas brincadeiras, seja nas caminhadas diárias. Desde que chegaram, raramente fico acordado até de madrugada. Fazer carinho nelas me ensina a valorizar os pequenos momentos no meio da correria", destaca.
Celine acredita firmemente que seus pets a ajudaram a enfrentar momentos difíceis. "Sempre lidei com crises de ansiedade e ataques de pânico, que foram amenizados com a presença delas, junto com tratamento e terapia. Em várias madrugadas, quando acordava com falta de ar e tremores, elas vinham até mim, se deitavam ao meu lado e me olhavam, como se soubessem que eu precisava de ajuda", aponta.
Companheiros
Larissa Santiago, compartilha como a chegada de seus pets transformou sua vida. Desde a infância, sonhava em ter um buldogue, mas só em 2020, durante um período difícil e solitário, essa vontade se concretizou. "Eu passei por um período muito difícil, me sentia triste, sozinha, veio a pandemia e meus pais propuseram essa ideia. Foi então que a Lua entrou na nossa vida. Desde que a pegamos no colo, sabíamos que seria ela", fala.
A presença de Lua trouxe mudanças significativas na saúde mental e emocional de Larissa. "Ela se tornou minha companheirinha, e é muito doido como eles sempre parecem perceber quando não estamos bem. Eu passei a me sentir mais animada, disposta e feliz", comenta.
Atualmente, Larissa tem outro cachorrinho, e percebeu que a convivência com os pets uniu mais a família. "Um filhotinho sempre dá um pouco de trabalho, mas a presença dele nos rendeu boas risadas e momentos especiais que guardaremos para sempre. Apesar dos desafios, como a dermatite da Lua e a adaptação da casa, esses momentos trouxeram alegria. E agora temos o Theo, eles são os filhinhos dos meus pais, quase os donos da casa", conclui a estudante de psicologia.
Segundo a psicóloga Tiane Amaral, o animal proporciona segurança, companhia e afeto para o ser humano e, com isso, proporciona espaços e ações diversas que promovem o desenvolvimento cognitivo e psicossocial. "Eles aliviam a solidão, reduzem o estresse, a ansiedade e a depressão, promovendo amor e afeto de forma segura. Logo, proporcionam espaços e ações diversas que promovem o desenvolvimento cognitivo e psicossocial. Além disso, condições psiquiátricas, luto, demência, Alzheimer podem se beneficiar da relação com animais como auxílio terapêutico", explica.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br