Em casas ou apartamentos com crianças pequenas, é fundamental que a arquitetura de interiores seja planejada com foco na segurança. Isso porque algumas adaptações ajudam a criar ambientes mais seguros e acolhedores, evitando acidentes e proporcionando mais tranquilidade aos pais e cuidadores
“Nos lares de famílias com filhos pequenos, algumas precauções já estão no radar dos pais, mas existem muitos outros que somente o olhar de um profissional é capaz de prever no projeto”, afirma a arquiteta Cristiane Schiavoni, que comanda seu escritório homônimo, e defende que pensar na infraestrutura durante o desenvolvimento do projeto e execução é o meio mais efetivo de mitigar os riscos de acidentes.
Abaixo, confira algumas dicas elencadas pela profissional para manter a casa mais segura para as crianças!
1. Sala de estar
Uma das questões que afetam a tranquilidade é a circulação, fruto da desproporcionalidade entre o tamanho do ambiente e as dimensões dos móveis escolhidos. “Essa sensação de aperto é um ‘convite’ para trombadas que podem machucar com gravidade”, avalia Cristiane. De acordo com ela, no estudo do layout o espaço vazio é tão importante quanto a área mobiliária.
Ela também alerta sobre o posicionamento dos objetos de decoração, principalmente em móveis mais baixos como mesa de centro que, de preferência, devem apresentar cantos arredondados. Por conta do fácil acesso, itens de vidro, porcelana e pontiagudos devem ser, obviamente, evitados.
“Além do risco de quebrar e provocar machucados, as plantas também precisam ser reconsideradas, pois é muito comum que as crianças levem tudo o que veem para a boca”, aconselha a arquiteta, que também é mãe e já passou por essas experiências em casa.
E o tapete? Sobre essa peça polêmica a arquiteta possui uma opinião favorável sobre sua inclusão, mas tece algumas ressalvas: “Podemos seguir por dois caminhos. Ou trabalhamos com um modelo mais fino e acabamento antiderrapante, ou partir para uma versão mais estruturada para não formar as famosas orelhas das pontas que são perigosas por causarem tropeços”, pontua. Ela ainda destaca que o tapete é um valioso aliado para proteção nas quedas. “Ele sempre dá uma amortecida”, complementa.
2. Varandas e salas de jantar
Em residências com crianças, Cristiane é enfática em eleger os formatos redondos ou ovais para as mesas, eliminando as quinas vivas, se refletindo igualmente na estrutura das cadeiras. “Sem contar que o formato orgânico está super em alta no décor de interiores”, ressalta.
Sobre os materiais, vidro e laca, por sua delicadeza, são acabamentos a serem evitados. “O tampo pode se danificar facilmente se a criança resolver fazer seus desenhos diretamente na mesa e sem nenhum apoio”, relata a profissional.
3. Escadas
Especialmente em apartamentos ou em casas com mais de um pavimento, a arquiteta adverte sobre a importância de dedicar um olhar vigilante às escadas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 14718 que trata a respeito de guarda-corpos para edificação, determina uma altura mínima de 1,10 m englobando o piso acabado até a parte superior do peitoril.
“Mas precisamos ter em mente que criança não tem noção de perigo. Por isso, não adianta apenas acompanhar as referências arquitetônicas, pois um sofá próximo à escada se torna um meio para brincadeiras perigosas”, exemplifica. Portanto, além de observar as medidas determinadas protetivas, faz-se fundamental cuidar do posicionamento dos móveis.
4. Cozinha
Cristiane é categórica: “Cozinha não é lugar para criança”. Afinal, reúne tudo que há de mais perigoso como fogo, calor e instrumentos pontiagudos e cortantes. Mas como se torna impossível restringir por completo, com o monitoramento dos responsáveis, ela indica posicionar os utensílios fora do alcance e considerar mudanças como a localização do forno. “Ao invés de instalá-lo embaixo do cooktop, como é costumeiro, a torre quente é uma excelente resolução”, relata. Para ampliar a proteção, o vidro triplo reduz as chances de queimaduras caso encostem as mãozinhas.
Os armários também precisam ser bem pensados e a definição dos puxadores e os sistemas de abertura precisam oferecer uma certa dificuldade para o manuseio dos pequenos. “Alguns puxadores são superperigosos e uma boa alternativa está em produzi-los direto na marcenaria”, indica.
5. Dormitórios
Quando se trata daquele ambiente da casa em que os filhos passam a maior parte do tempo, a arquiteta propõe cantos arredondados para os móveis a fim de evitar que os pequenos se machuquem por conta das quinas vivas. Além disso, no caso de bebês, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) exige que a pintura dos berços seja a base de tinta atóxica. “Para a aquisição do mobiliário, sempre verifico se a loja possui o selo do órgão”, reitera a profissional.
6. Banheiros
É fundamental tomar cuidado com os itens que são armazenados no banheiro, pois muitos deles podem oferecer riscos às crianças. “Outro erro habitual é o de guardar remédios no gabinete do banheiro”, aponta Cristiane. O mesmo vale para itens de higiene pessoal e limpeza, pois um descuido abre a oportunidade para que crianças de menor idade os levem à boca.
7. Áreas externas
A arquiteta chama atenção para casas e apartamentos com piscina e é enfática: “Nenhuma criança pode ter acesso sozinha”. Desde cercadinhos a tela de proteção, ela diz que os artifícios cooperam, mas que nada substitui a prudência irrestrita dos responsáveis. “Não dá para tirar os olhos nunca”, ressalta.
8. Organização evita acidentes
Principalmente em apartamentos, papais e mamães sabem que os ambientes das áreas sociais se tornam locais de brincadeiras. Para mitigar eventuais riscos de quedas com brinquedos espalhados no chão, Cristiane enfatiza a necessidade de programar espaços de organização que podem estar em caixas ou em armários previstos para essa finalidade.
9. Cuidado com as tomadas
Embora os sistemas de instalações elétricas sejam mais seguros para evitar problemas no circuito – caso do dispositivo diferencial residual, o DR, presente no quadro de energia –, o risco de enfiar o dedinho ou algum outro objeto nos plugues é facilmente resolvido com protetores de tomadas.
Por Alexandre Agassi
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