Eu prefiro morrer do coração. Sei que ninguém tem o poder de escolha sobre o ato final desse espetáculo que é a vida de cada um. Tragédia, drama, romance, comédia, ação… Palcos e estúdios onde os olhares e as câmeras estão sempre focados em você. Dias de luta, dias de glória, como canta o nosso poeta Chorão.
Especialistas alertam que o tempo frio eleva os riscos de infarto e de acidente vascular cerebral (AVC). Explicam que alterações fisiológicas provocadas pelas temperaturas mais baixas, como a contração dos vasos sanguíneos para conservar o calor e a aceleração dos batimentos cardíacos, culminam nesse cenário que merece atenção. Se for esse o caso, repito que prefiro morrer do coração.
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Prefiro morrer do coração a viver a vida em busca de uma felicidade inatingível. Se o órgão que bate incansavelmente para nos manter de pé e ativos está sempre a postos, cumprindo a nobre missão, não serei eu a me apegar às tristezas que por vezes insistem em nos agarrar pelos calcanhares como formiguinhas insistentes, pensando que conseguirão nos fazer morrer do coração.
Passear pelas tesourinhas vestidas de gramados confeitados pelas flores dos ipês é uma das experiências que provocam a sensação de se parar no tempo. Será que o congelamento temporário compromete nossa capacidade cardíaca? Então, deve ser mesmo melhor morrer do coração…
Morrer do coração pode ser um privilégio para os anciãos. Vida longa e partida rápida, sem sofrimento. O tempo nos permite jogar alvejante nas memórias ruins e guardar espaços nas gavetas da mente somente para os sentimentos bons. Aqueles de fato muito traumáticos acabam virando amargura, é certo, mas se transformam também em aprendizado e, para os mais jovens que nos observam, veste a toga da sabedoria. Disso, nosso velho parceiro entende bem, o coração.
Subir ao palco sob uma salva de palmas digna de Oscar, Palma de Ouro, Jabuti ou Nobel. O frio na barriga se mistura ao marcapasso intenso de um artista, ativista ou cientista reconhecido e premiado. Digam, Fernanda, Wagner, Walter, Kleber, Itamar, Malala: será tão ruim morrer do coração?
Coração é órgão forte, resiliente. Aguenta as pancadas e não reclama sem razão. Com ele, é oito ou oitenta. Judiou, tem que pagar. Arrebatou, ah, aí ele se entrega sem pensar. Enquanto o cérebro começa a rabiscar rotas e antecipar cenários, tentando buscar proteção na racionalidade, seu companheiro de batidas regulares já está imerso nas maiores ciladas. Esse coração…
Por essas e por outras, acredito eu, quem vive com intensidade tem o coração forte e pode ser que, no fim das contas, nem eu nem você morreremos do coração.
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