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Tchau, sujeira! Cuidar da higiene dos pets é essencial para a saúde e bem-estar

A limpeza dos animais vai muito além do banho. Cada espécie, raça e estilo de vida exigem atenções especiais. Saiba como manter seu pet limpo e cheiroso da cabeça às patas

A higiene é algo essencial para a saúde e o bem-estar do animal. Mais do que necessária, pode prevenir doenças e promover uma melhor qualidade de vida, longa e mais saudável, tanto para o pet quanto para os tutores e pessoas que convivem.

Quando não estão limpos, seus sistemas imunológicos podem ser comprometidos e desenvolver desde simples problemas de pele até doenças sistêmicas. Dermatites, infestações por pulgas, carrapatos e ácaros, doenças periodontais, fúngicas e bacterianas, problemas urinários, gastrointestinais (por higiene inadequada na região íntima) e problemas oculares podem comprometer a saúde do pet. Mas o excesso de limpeza também faz mal, sendo assim, o equilíbrio é o ideal.

Animais obesos ou com mobilidade limitada, filhotes e idosos exigem cuidados especiais. Nesses casos, por não conseguirem manter a própria higiene de forma adequada, os tutores precisam ficar ainda mais atentos. Cada etapa pode ser adaptada à personalidade e às necessidades individuais de cada pet, tornando a rotina menos estressante.

Cuidado com os dentinhos

Uma das etapas mais esquecidas pelos tutores é a escovação dos dentes. Assim como os humanos, os pets estão expostos às doenças bucais, como tártaro e cáries, que podem levar a futuras inflamações e queda dos dentes, além do mau hálito. Um estudo realizado pela Mars Petcare, fornecedora de produtos de nutrição e saúde animal, aponta que cerca de 85% dos cães e gatos com mais de 3 anos sofrem com alguma doença periodontal.

De acordo com Paulo César Tannus, médico veterinário, há algumas diferenças entre os cuidados dentários de cães e gatos, mas os princípios são semelhantes. "Cães, geralmente, aceitam melhor a escovação e têm maior variedade de produtos; já os gatos são mais sensíveis e resistentes à manipulação bucal, exigindo paciência e introdução gradual da escovação."

A indicação é que seja feita diariamente ou, no mínimo, de duas a três vezes na semana, nunca com escovas e creme dental humano. Além do processo convencional, existem outros recursos que ajudam e complementam a limpeza dos dentes, mas que não substituem a escovação. Petiscos próprios, brinquedos mastigáveis, soluções diluídas na água, sprays e géis são opções que podem ajudar. Limpezas profissionais podem ser indicadas periodicamente, sempre com acompanhamento veterinário.

Betina é um verdadeiro exemplo quando se fala sobre higiene, principalmente a dental. A cadela da raça shih tzu, de 6 anos, tem cuidados dentários que vão além do básico e convencional: ela faz limpeza com um profissional da área uma vez por ano, para evitar problemas maiores. Essa cautela foi feita por sua tutora, a estudante Júlia Rodrigues, após seu outro cachorro, Theodoro, desenvolver um problema dentário sério por falta de cuidados.

"Desde o que aconteceu com o Theodoro, a Betina vem sendo tratada com muita cautela, e a higiene dela sempre foi impecável. Até o começo deste ano, morávamos em casa e ela não passeava, então não se sujava muito. Agora, após o segundo e último passeio do dia, limpamos as patinhas dela com um lenço umedecido próprio para cachorros. Além desses cuidados, quando necessário, usamos um banho seco na Betina", relata Júlia.

Arquivo pessoal - Betina recebe cuidados diários com a higiene bucal e a tutora está sempre vigilante

Cheiro de pet limpinho!

A frequência ideal de banhos varia de acordo com a raça, o tipo de pelagem, a sensibilidade da pele de cada pet e até das condições climáticas e do ambiente. O excesso, o uso de produtos inapropriados e o descuido com a secagem, não realizada com cuidado e até com secadores muito quentes, podem desencadear ressecamento, alergias e irritações.

Segundo o veterinário, para cães com a pelagem curta, é recomendado o banho a cada 15 a 30 dias, e para os com pelo longo, semanalmente ou a cada 15 dias. Cães com pele sensível ou com dermatites devem seguir uma orientação veterinária, em alguns casos sendo indicado o uso de xampu terapêutico. Já os gatos raramente precisam — a menos que estejam sujos, quando não conseguem se limpar adequadamente ou com alguma condição de saúde específica —, pois fazem a própria higiene com lambidas.

Pets com medo de banho, especialmente gatos, devem ser respeitados. Outras alternativas podem ser encontradas, desde que recomendadas por um profissional. "Banhos podem ser dados desde que sejam secados com cuidado para que não fiquem com frio. O ideal é o banho feito por pessoal especializado para a perfeita higienização e secagem da pelagem. Os filhotes devem evitar a ida ao pet shop antes do término do programa vacinal; se houver necessidade, ir no primeiro horário. Idosos devem ser monitorados por causa de problemas articulares, pois podem ter dor por causa da manipulação", explica Monique Rodrigues, médica veterinária, CEO e fundadora da Clinicão — franquia de clínicas veterinárias.

A tosa higiênica é recomendada a cada 30 dias, e a tosa completa a cada 30 dias ou mais, conforme necessidade estética e conforto de cada pet. Além disso, manter os pelos entre os dedos aparados ajuda a evitar o acúmulo de sujeira, fungos e machucados.

Diversos detalhes

Engana-se quem acha que acabou por aí. Algumas áreas, como unhas, orelhas, olhos e patas, são negligenciadas por alguns tutores. Unhas muito compridas podem causar dor, desconforto ao caminhar, danos a objetos e pessoas e, em casos mais graves, lesões e problemas ortopédicos. O ideal é observar o crescimento regularmente e aparar sempre que necessário. Em caso de insegurança, o ideal é buscar ajuda profissional.

"O corte de unhas depende do ambiente onde o animal é criado. Se tem acesso a um piso áspero, por exemplo, as unhas se desgastam naturalmente, como é o caso dos cães. Se as unhas estiverem tocando o chão ou modificando a forma como o animal pisa, devem ser cortadas. É necessário se atentar para as unhas escuras de alguns cães, pois não é possível observar o vaso sanguíneo dentro delas e, assim, pode sangrar durante o corte. Nos gatos de apartamento, o corte pode ser feito com frequência para evitar danos na mobília. Naqueles que têm acesso à rua, não deve ser feito o corte de unhas, pois elas são a principal forma de defesa em caso de brigas ou ataques por cães. Além disso, arranhadores desgastam as unhas, mas o maior benefício é a diminuição do estresse", aborda Monique Rodrigues.

Reprodução/ Pinterest - O ideal é escolher um momento tranquilo para cortar as unhas dos pets

Observação e limpeza das orelhas devem ser feitas constantemente, principalmente em raças com orelhas longas e caídas, como dachshund e beagle. Já os gatos costumam ser autolimpantes, mas mesmo eles podem acumular secreção. Excesso de cera, coceira frequente e mau cheiro são sinais de alerta para ambos os animais. A região, quando não secada corretamente após o banho, pode ajudar a proliferar fungos e bactérias, causando problemas auditivos. Já os olhos, especialmente de raças braquicefálicas, como pug e buldogue, tendem a acumular secreções que precisam ser removidas com delicadeza e frequência. Secreções excessivas, vermelhidão ou lacrimejamento constante podem indicar infecção.

As patinhas podem servir como porta de entrada de doenças, sujeiras e substâncias tóxicas vindas dos passeios para dentro de casa. Por isso, a higienização delas deve ser feita sempre ao retornar da rua. A melhor e mais prática maneira é com lenço umedecido, preferencialmente sem perfume.

A atenção deve ser voltada também para os cuidados com a escovação dos pelos dos animais. Para evitar a formação de bolas de pelos no estômago, que podem levar a vômitos, desidratação e obstrução intestinal, a escovação diária dos pelos é fundamental. Raças de cachorros que têm o pelo curto podem ser escovadas uma vez por semana; os com pelo longo devem passar pela escovação diariamente; e as com muita queda de pelo devem ter escovações frequentes.

Manter os objetos e as áreas de convivência limpos também faz parte da higiene do pet. Caminhas, cobertores, brinquedos, potes de água e ração precisam ser lavados periodicamente para evitar o acúmulo de bactérias e resíduos. A caixa de areia, no caso dos gatos, deve ser limpa diariamente, retirando as fezes e a urina, e a areia precisa ser totalmente trocada com frequência.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 


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