
Quem convive com animais de estimação sabe que a vida compartilhada é muito mais divertida. Por isso, levar os pets para as viagens de férias pode ser uma grande alegria. Seja de carro, seja de avião, os tutores devem se preparar antecipadamente para reservar hospedagens pet friendly, atualizar vacinas e exames e providenciar os documentos necessários.
De forma prévia, a realização de check-ups preventivos, como hemograma completo, para avaliar a saúde geral e possíveis infecções, e exames de fezes, para detectar verminoses, é essencial. Entre as obrigatoriedades das vacinas, a médica veterinária Vanessa Lopes reforça que, mesmo com a carteira de imunização completa, a dose antirrábica deve ser aplicada pelo menos 30 dias antes da viagem e em intervalo inferior a um ano, caso o animal já tenha sido vacinado anteriormente.
Para uma jornada tranquila, Vanessa explica que, independentemente do meio de transporte ou destino, é fundamental que os tutores também se organizem para garantir serenidade durante toda a aventura. “Além dos cuidados médicos, é importante andar sempre com água fresca, ração, caixa transportadora e brinquedos ou objetos pelos quais o animal tenha mais apego. Monitorar o comportamento do pet também é imperioso.”
Rota segura
Os tutores que escolherem levar os pets para conhecer o mundo por meio de vias terrestres devem atentar aos cuidados com os animais e às regras do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O cumprimento das leis de trânsito garante a segurança do pet e evita multas, pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), retenção do veículo, punições pela Lei de Crimes Ambientais e acidentes fatais.
De acordo com o CTB, transitar com animais de qualquer porte soltos no interior do veículo, tê-los no colo, entre os braços ou as pernas do motorista, permitir que coloquem a cabeça para fora da janela ou que viajem na parte externa do carro infringe a lei e representa alto risco tanto para o animal quanto para o condutor.
Segundo materiais divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ideal é utilizar cintos peitorais que se adaptam ao cinto de segurança, com a guia fixada no banco traseiro e ajustada de modo a limitar os movimentos do animal, impedindo que ele tenha acesso ao motorista. As caixas transportadoras também são recomendadas, desde que sejam do tamanho adequado, permitindo a movimentação e acomodação confortável do pet.
Após garantir segurança e conforto na locomoção, é hora de promover o bem-estar durante o percurso. A veterinária Vanessa destaca que, em viagens longas, é imprescindível realizar pausas a cada três horas para o animal fazer suas necessidades, andar, farejar e relaxar.
Leia também: Viajar de carro com pets: regras e precauções
Leia também: Viagens com pets ganham destaque e conquistam turistas em 2025
Nas jornadas de carro, os cachorros também podem apresentar enjoos e vômitos. A profissional explica que não se deve alimentar o animal de forma exagerada antes de pegar estrada nem com o carro em movimento. O ideal é oferecer a refeição cerca de três horas antes da saída e evitar petiscos e alimentos desconhecidos.
Para amenizar as náuseas, Vanessa assegura que a medicação prescrita por um veterinário pode mudar toda a experiência nas rodovias. Além disso, ela destaca o gengibre como um aliado natural para prevenir o desconforto. “É uma alternativa leve e natural. Ele reduz discretamente o enjoo em alguns animais”, explica.
Foi seguindo essas recomendações que Luane Araújo levou seus cachorros, Duck e Luna, para conhecer o Rio de Janeiro (RJ) em uma viagem de 13 horas de carro. Com receio de os animais ficarem inquietos e irritados, a tutora os preparou com antecedência antes de sair de férias. “Levei-os para tomarem banho, fizemos caminhadas antes de colocar o pé na estrada e separei os brinquedos preferidos para colocar no carro”, conta.
Infelizmente, Duck e Luna não se adaptaram ao clima e ao ambiente do litoral e tiveram que voltar antes do previsto. Apesar da situação isolada, a tutora continua viajando com os pets nas férias para o Nordeste, onde eles se adaptaram tranquilamente ao clima quente.
Transporte aéreo
As jornadas realizadas em aeronaves devem ser organizadas com ainda mais antecedência. O transporte de animais na cabine e no compartimento de bagagem é autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas cabe às companhias aéreas definir a venda e a disponibilidade do serviço.
Sendo assim, os responsáveis devem entrar em contato com a empresa escolhida e colher informações sobre os trâmites, incluindo taxas, limite de animais por voo, idade, raça, peso e dimensões permitidas, além dos documentos obrigatórios, tanto para viagens nacionais quanto internacionais.
Os pets também estão sujeitos à apresentação de documentos indispensáveis. Para os traslados nacionais, é obrigatório apresentar a carteira de vacinação completa e atualizada, sendo a vacina antirrábica a mais exigida pelas companhias. Além disso, o atestado médico-veterinário é indispensável. O documento, válido por 10 dias, deve conter as informações do animal de estimação, como nome, idade, origem e raça. No caso de o pet ser fruto de cruzamento com um animal braquicefálico, essa informação deve constar no atestado.
Para voos internacionais, os documentos são os mesmos exigidos nas viagens nacionais, com a adição de certificados específicos. De acordo com documento publicado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), é obrigatório apresentar o Certificado Veterinário Internacional (CVI) e o Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos, expedidos pela Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), vinculadas à Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). A depender do país de destino, pode ser exigida também a apresentação de laudos de sorologia e microchipagem.
Anna Carolina Kracieski, tutora de Luna e Ariel, já viajou tanto de carro quanto de avião com as cadelas. Ela relata que os tutores devem manter a calma e não tornar o processo estressante. “Tendo os documentos em dia e seguindo as orientações, tudo fica muito mais fácil”, afirma. Durante o voo, ela também se precaveu contra dores de ouvido e ansiedade, levando petiscos e brinquedos para distração.
Em complemento às dicas da tutora, o veterinário Matheus Barros explica que, durante o voo, é recomendado jejum sólido de três horas antes do embarque, para evitar regurgitação. E para os pets mais ansiosos, o ideal é consultar um profissional, que poderá prescrever medicação calmante antes do embarque, se necessário.
Estadia pet
Ter um destino pet friendly muda toda a experiência da viagem. De acordo com Simão Pedro Rodrigues, funcionário da Estalagem Alter Real, localizada em Pirenópolis (GO), a decisão transformar a pousada em pet friendly surgiu do desejo de tornar a hospedagem mais completa e acolhedora.
“Sabemos que, para muitas pessoas, os pets são parte da família, e deixá-los para trás pode gerar preocupação e limitar as possibilidades de viagem. Ao abrir nossas portas para os animais de estimação, queremos proporcionar mais liberdade, conforto e tranquilidade”, relata.
Na visão da pousada, oferecer um espaço onde os animais são bem-vindos significa reconhecer essa relação afetiva e acompanhar uma tendência real de comportamento. Hoje, viajar com os pets não é mais exceção, é uma expectativa de muitos hóspedes. Por isso, oferecer esse acolhimento é também uma forma de humanizar a experiência e criar um ambiente mais afetivo e inclusivo.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Saiba Mais

Revista do Correio
Revista do Correio
Revista do Correio