Facebook

Em meio a uma de suas maiores crises, Facebook planeja mudança de nome

Ao invés de focar nos problemas estruturais de suas plataformas, Zuckerberg optou por uma jogada de marketing

Marcus Benjamin Figueredo*
postado em 20/10/2021 19:18 / atualizado em 20/10/2021 19:19
 (crédito: Jim Watson/AFP)
(crédito: Jim Watson/AFP)

Uma das marcas mais reconhecidas no mundo pode estar prestes a mudar de nome. De acordo com o The Verge, as recentes turbulências enfrentadas por Mark Zuckerberg e sua gigante, o Facebook, teriam motivado conversas internas sobre um processo de renovação da marca, que se tornou para muitos sinônimo de desinformação, discurso de ódio e manipulação eleitoral. O CEO pretende falar sobre a nova marca no dia 28 de outubro, durante a conferência anual Connect, mas o nome pode ser anunciado antes disso. 

Além disso, a empresa está cada vez mais envolvida com o desenvolvimento daquilo que Zuckerberg chama de ‘metaverso’, um espaço de realidade virtual na qual os usuários podem assistir a reuniões de trabalho e se reunir com os amigos. Uma espécie de simulação do mundo real.

No Twitter, o antigo chefe da agora extinta Unidade de Integridade Cívica do Facebook, Samidh Chakrabarti, chuta que ‘Meta’ pode ser um forte concorrente ao novo nome para a marca, já que facilitaria ainda mais a associação do conglomerado ao metaverso de realidade paralela.

A dominação do metaverso pelo Facebook preocupa jornalistas e congressistas estadunidenses. Os espaços de realidade virtual também são disputados por outras companhias de tecnologia e entretenimento e podem representar o futuro da internet.

Para o bilionário, a renovação da marca seria necessária justamente para dissociar os futuros empreendimentos da companhia no campo da realidade virtual das polêmicas e imagens negativas que o Facebook acumulou ao longo de seus 17 anos. A ideia seria mudar o nome do conglomerado, e não da rede social.

A crise 

Nas últimas semanas, o Facebook vem enfrentando uma série de acusações graves que afundam ainda mais a percepção pública da companhia. Inicialmente, o jornal americano The Wall Street Journal publicou uma série de documentos vazados e altamente comprometedores, com acusações de que o Facebook remove menos de 5% do discurso de ódio, 

Além disso, uma ex-funcionária da área de desenvolvimento de produtos da empresa, Frances Haugen, denunciou uma série de práticas irresponsáveis da rede social. Entre elas, está o fato de a empresa ter ciência de que o Instagram é prejudicial ao desenvolvimento psicológico e físico de meninas adolescentes e a acusação de que a empresa causaria, propositalmente, o aumento das tensões em discussões políticas, já que pessoas ansiosas e com raiva passam mais tempo nas redes sociais.

E essas são apenas algumas das últimas acusações. Somam-se a elas o já antigo escândalo da Cambridge Analytica, quando o Facebook foi acusado de vender dados de milhões de usuários a empresas de marketing político que atuaram na eleição do ex-presidente Donald Trump. Além disso, em 2018, a própria companhia reconheceu seu papel central no genocídio da população Rohingyas em Mianmar, impulsionado por públicações de ódio no Facebook.

Há inúmeros outros casos de tensões sociais causadas pela desinformação propagada nas plataformas da empresa, que, de acordo com as últimas acusações, não apenas conhecia as falhas dos algoritmos, como se aproveitava delas para viciar e prender os usuários.

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