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O que o ChatGPT diz sobre como inteligência artificial pode afetar buscas na internet

"A IA já está mudando a forma como pesquisamos e continuará a fazê-lo no futuro", foi uma resposta dada pelo ChatGPT

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BBC Geral
postado em 09/02/2023 16:57 / atualizado em 09/02/2023 16:57

A maneira como pesquisamos e encontramos informações online pode ser revolucionada após os anúncios recentes do Google e da Microsoft sobre a incorporação da inteligência artificial (IA) em seus mecanismos de busca.

Para descobrir como eles funcionam e que diferença podem fazer em nossas vidas, perguntamos à fonte que imaginamos ser a mais apropriada: um chatbot de IA.

"A IA já está mudando a forma como pesquisamos e continuará a fazê-lo no futuro", foi uma resposta dada pelo ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, à BBC.

Uma versão do software que dá vida a esse chatbot em breve ajudará a alimentar o mecanismo de busca Bing, da Microsoft, e o próprio ChatGPT admite que superar o domínio do Google no setor será um desafio.

"O Google é o mecanismo de busca mais usado e é conhecido por fornecer resultados altamente relevantes e precisos", diz o ChatGPT sobre seu rival.

"A partir dos meus dados de treinamento (2021), o Google é o mecanismo de pesquisa mais popular."

A Microsoft espera que uma versão aprimorada da tecnologia IA do ChatGPT, que desde seu lançamento teve 100 milhões de usuários, a ajude a virar o jogo contra seu concorrente.

Como o próprio chatbot admite, seu treinamento está desatualizado há alguns anos, também recorremos a alguns especialistas humanos para descobrir por que a tecnologia é vista como tão revolucionária.

Tecnologia viral

Logo do ChatGPT na tela de um celular
Getty Images
ChatGPT 'hipnotizou' os usuários por sua capacidade de manter conversas naturais

"Uma das razões pelas quais se tornou viral é porque esta é a primeira vez que alguém com um navegador da web pode experimentar a IA. Você conversa com ela e ela responde", disse Michael Wooldridge, professor de ciência da computação da Universidade de Oxford, sobre o ChatGPT.

Ele "hipnotizou" os usuários por sua capacidade de manter conversas naturais, respondendo a consultas em texto e gerando discursos, códigos, músicas e redações.

Foi apelidado de "assassino do Google" por sua capacidade de fornecer respostas completas em vez de links.

Foi a capacidade de sua tecnologia de revolucionar o mecanismo de busca da Microsoft que fez com que os rivais do Google anunciassem sua própria atualização de IA.

A gigante das buscas acaba de anunciar que está testando o Bard, um chatbot concorrente.

O que é inteligência artificial e o que são chatbots?

Fundo digital criativo do cérebro. Inteligência artificial e conceito de ciência
Getty Images

 

Pedimos ao ChatGPT para nos dizer o que é um chatbot.

"A conversa entre um chatbot e um usuário humano é normalmente baseada em técnicas de processamento de linguagem natural", diz a ferramenta.

Uma vez integrados nos motores de busca, espera-se que nos forneçam um tipo diferente de resultados quando procuramos respostas online.

"Em vez de receber uma lista de sites, você receberá uma janela para o site, por meio de um sistema que resume o conteúdo para você", diz Beth Singler, professora assistente da Universidade de Zurique.

"É como se outra pessoa estivesse lendo e depois contando a você sobre isso."

Os chatbots são capazes de fazer isso devido à IA e ao aprendizado da máquina.

IA é uma tecnologia que permite que um computador "pense ou aja" absorvendo informações do ambiente e respondendo com base no que aprende.

Ele também "aprende" com os erros e muda a maneira como aborda uma tarefa na próxima vez.

Os chatbots de IA são projetados especificamente para responder a perguntas e encontrar informações.

O Bard e o ChatGPT são baseados em grandes modelos de linguagem, que imitam a arquitetura subjacente do cérebro em forma de computador.

Os modelos são alimentados com informações da internet em um processo que os ensina como gerar respostas a comandos em texto.

"Eles analisam um grande corpo de linguagem e tentam formar conexões entre as palavras. Eles tentam entender qual será a próxima palavra com base na sua pergunta", diz Singler.

O que os mecanismos de busca podem fazer?

Ilustração de inteligência artificial
Getty Images
Tendência é de que pesquisas na web virem 'conversas'

"A pesquisa na Web será muito mais como ter uma conversa com um ser humano muito experiente, embora ocasionalmente um pouco equivocado", diz o professor Michael Wooldridge.

As versões aprimoradas do Bing e do mecanismo de buscas do Google usando IA ainda não estão disponíveis para o público geral.

Enquanto esperamos que o Google teste o Bard e a Microsoft lance o novo Bing, temos acesso apenas à versão do ChatGPT que foi alimentada com informações e tem conhecimento atualizado a partir de 2021.

Mas qualquer pessoa que queira experimentar o novo Bing aprimorado por IA pode entrar em uma lista de espera.

Espera-se que o Bing mude os resultados da pesquisa e sintetize as descobertas para responder a consultas complexas em uma janela de chatbot.

Os usuários devem estar disponíveis para interagir com o Bing usando uma interface do chatbox, de acordo com a Microsoft.

O diretor executivo da empresa, Satya Nadell, disse que isso mudaria a natureza da pesquisa online e das interações com muitos outros softwares.

"Esta tecnologia irá remodelar praticamente todas as categorias de software que conhecemos."

Ainda não está claro o quão diferente o Bing e o Bard serão.

O Google disse que em breve integraria a IA capaz de gerar texto e outros conteúdos nos resultados de pesquisa.

"Eles podem ajudar um padeiro local a colaborar no design de um bolo com um cliente, ou um fabricante de brinquedos a sonhar com uma nova criação", disse Prabhakar Raghavan, executivo do Google, durante a recente apresentação da empresa sobre a tecnologia.

Anunciando o lançamento do Bard, Sundar Pichai, executivo-chefe da empresa-mãe do Google, Alphabet, disse que o chatbot seria capaz de sintetizar material para consultas complexas, como descobrir se é mais fácil aprender a tocar violão ou piano.

Quem ensina os chatbots sobre ética e valores?

Grupo de empresários em frente às iniciais AI
Getty Images
Empresas precisarão trabalhar no desenvolvimento de filtros para conteúdo impróprio

A professora Beth Singler tem estudado as consequências da IA e da robótica e acompanhado de perto como o ChatGPT foi usado desde seu lançamento.

"Vi alguém pedir ao ChatGPT para produzir um poema elogiando Donald Trump e ele recusou. Mas, quando solicitado a produzir um elogio a Joe Biden, escreveu um poema", diz Singler.

"A IA terá valores definidos pelos criadores do sistema", disse ela.

Mas quão fácil é ensinar a IA sobre ética e valores?

"Não sabemos muito sobre isso porque está sendo desenvolvido a portas fechadas por grandes empresas de tecnologia. Acho que é uma preocupação real", diz Wooldridge.

Ele acredita que as empresas que desenvolvem mecanismos de pesquisa com inteligência artificial precisarão trabalhar no desenvolvimento de filtros para conteúdo impróprio.

"O problema é que você não precisa procurar muito na rede mundial de computadores para encontrar conteúdo tendencioso, tóxico, misógino ou racista, e a IA está apenas refletindo isso."

Quem está ganhando a corrida?

Ilustração de IA
Getty Images
China também está na disputa para desenvolver seu próprio chatbot de IA

Não apenas Google e Microsoft que estão avançando na corrida da IA.

Na China, o gigante dos mecanismos de busca Baidu anunciou que terminaria de testar o seu próprio ChatGPT, apelidado de Ernie Bot, em março.

"Mas a Microsoft tem um ano de vantagem em relação a todos os outros no lançamento do produto para o público", diz o professor Wooldridge.

Cada consulta feita pelos seus 100 milhões de usuários, ajudou o ChatGPT a aprender novas informações e funcionar melhor.

"Eles têm milhões e milhões de interações registradas, entendendo como as pessoas querem usá-lo e o que querem obter com isso. E eles vão trazer rapidamente essa experiência de volta ao produto", diz Wooldridge.

Mas o Google também tem algumas vantagens, acredita Singler.

"Estamos mais familiarizados com o Google quando se trata de pesquisa na web. Usamos a palavra 'google' de forma quase natural: 'Vou pesquisar no Google'. Então, essa corrida vai ser interessante."

Mas a tecnologia por trás da pesquisa baseada em IA não é barata.

"Toda vez que você conversa com um chatbot, nos bastidores há um computador realmente poderoso atendendo apenas a você", diz o professor Wooldridge.

Ele acredita que pode haver dois modelos de busca na web no futuro.

"Podemos ver uma diferenciação entre a pesquisa premium, que é rica em inteligência artificial, baseada no modelo de assinatura, e o tipo de pesquisa gratuita que temos no momento, que é baseado em anúncios."

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