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Dormir de lado ativa sistema glinfático e é melhor para o cérebro

Quando a pessoa dorme de lado, o sistema glinfático funciona melhor; embora seja pouco conhecido, esse sistema “limpa” o cérebro das toxinas durante a noite

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dormir sono -  (crédito: Yanalya/Freepik)
dormir sono - (crédito: Yanalya/Freepik)
Fidel Forato - Canaltech
postado em 29/06/2024 22:30

Dormir de lado é a melhor opção para quem busca um sono revigorante, segundo a ciência. Isso porque a posição ativa ao máximo o sistema glinfático e favorece a limpeza dos metabólitos e elementos “tóxicos” do cérebro. Inclusive, esse jeito de descansar pode reduzir o risco de doenças neurodegenerativas no futuro.

Além da questão envolvendo o sistema glinfático, dormir de lado tem outras vantagens, como manter a coluna alinhada e facilitar o processo digestivo. Para quem enfrenta a apneia do sono, essa posição também reduz o ronco.

No entanto, os possíveis benefícios de dormir de lado podem ser facilmente perdidos, quando a pessoa não dorme o mínimo necessário. O descanso regenerador deve ser de pelo menos sete horas.

O que é sistema glinfático?

De forma similar ao sistema linfático, o sistema glinfático pode ser compreendido como um modo de limpeza do Sistema Nervoso Central (SNC), o que envolve o cérebro. É uma rede complexa de vasos que remove resíduos metabólicos que se acumulam durante a vigília, ou seja, o período em que a pessoa está acordada. 

"O líquido cefalorraquidiano (LCR) desempenha um papel vital neste processo. Durante o sono, o LCR flui através do cérebro, intercambiando-se com o líquido intersticial (ISF) para eliminar resíduos, incluindo proteínas associadas a doenças neurodegenerativas, como beta amiloide e tau [do Alzheimer]”, detalha Ryan McCormick, médico e divulgador científico, em artigo na plataforma Examined.

Como é a limpeza do cérebro?

Para entender como funciona esse processo, pesquisadores da Universidade de Boston (EUA) analisaram imagens de ressonância magnética funcional (fMRI) de pacientes que estavam dormindo — aqui, não foi analisada qual posição os voluntários estavam. Através das imagens, os cientistas observaram que tanto o movimento do sangue quanto o do LCR no cérebro contribuiam com esse processo. Todo o movimento remete a um ciclo de enxágue de uma máquina de lavar.

Nas imagens, a primeira onda nas cores vermelho e amarelo representa o fluxo sanguíneo. Em seguida, o sangue recua e o LCR aparece, em azul. Todo o ciclo leva 20 segundos e se repete por inúmeras vezes ao longo da noite, segundo estudo publicado na revista Science.

Segredo de boas noites de sono

Após entender a importância do sistema glinfático, cabe explicar como os cientistas descobriram que dormir de lado é o melhor jeito para turbinar essa limpeza. Este achado foi feito por pesquisadores da Universidade Stony Brook (EUA), em estudo publicado na revista Journal of Neuroscience.

Em experimento com roedores, cientistas descobriram que dormir de lado é o melhor para a saúde do cérebro por ativar o sistema glinfático (Imagem: Pixabay/Pexels)

Nesta pesquisa, os autores usaram as técnicas de ressonância magnética para avaliar o comportamento do sistema glinfático em roedores, em três posições: dormir de lado; dormir de costas; e dormir de bruços.

Segundo os autores, dormir de lado impacta positivamente a capacidade do cérebro em eliminar resíduos e, consequentemente, influenciar a saúde cerebral a longo prazo. Mesmo que os testes tenham sido feitos com animais, a equipe entende que o mesmo deve ser observado em humanos.

A principal hipótese, segundo os cientistas, é que "a postura mais popular (a lateral) evoluiu para otimizar a remoção de resíduos durante o sono". Dessa forma, a gravidade, a dinâmica dos fluídos e a anatomia, dentro do sistema glinfático, contribuem para esses benefícios.

Embora exista um modo mais benéfico de dormir, nem todas as pessoas podem se sentir confortável nessa posição por inúmeros motivos. Se este for o seu caso, está tudo bem! Entretanto, não se esqueça de tentar ter boas noites de sono.

Fonte: Science, Journal of Neuroscience, Examined    

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