O segmento de carros eletrificados no Brasil continua em alta, mesmo com a volta da alíquota de importação (que está mais alta desde 1º de julho). Os números mais recentes divulgados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) apontaram um crescimento de 146% ao fim do 1º semestre de 2024 no comparativo com os seis primeiros meses de 2023.
Segundo o órgão, foram vendidos 79.304 carros eletrificados entre janeiro e junho de 2024, número bem mais impactante que os 32.239 registrados no mesmo período do ano anterior. O mês de junho foi o terceiro melhor do ano, com 14.396 emplacamentos.
A ABVE informou ainda que o domínio entre os eletrificados foi dos carros elétricos puros, ou BEVs. Eles representaram 39% do total, com 31.204 novos emplacamentos.
Logo abaixo dos BEVs vieram os PHEVs, híbridos plug-in, com 23.396 (29,5% do segmento), seguidos pelos HEVs flex (híbridos a etanol, sem recarga externa), com 12,1% (1.736), HEVs a gasolina (híbridos sem recarga externa), com 8,6% (1.239), e, finalmente, os MHEVs (micro-híbridos), com 8,2% (1.184).
ABVE alerta para "riscos do retrocesso"
Apesar dos excelentes números do setor no 1º semestre de 2024, o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, está preocupado com uma possível queda no interesse pelo segmento. O motivo? A nova alta nos impostos sobre eletrificados importados. Para ele, o "retrocesso na descarbonização" carece de atenção.
"Os números de junho e do primeiro semestre confirmam o excelente momento da eletromobilidade no Brasil, mas temos de ficar atentos aos perigos de retrocesso na rota de descarbonização e eficiência energética da matriz brasileira de transporte", argumentou.
Na visão do executivo, o aumento da taxa, aliado à possivel inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, o chamado “imposto do pecado”, é um "tiro no pé" nos planos que fazem parte do Programa Mover. Bastos argumentou que, diante de tantos benefícios, "não é cabível" que esses veículos sejam taxados como prejudiciais à saúde ou meio-ambiente.
“Os veículos elétricos são produtos de alto grau de tecnologia, que contribuem para a redução da poluição urbana, das emissões de gases do efeito estufa e dos altos níveis de ruído nas cidades brasileiras. Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades", concluiu.