Viés racial

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postado em 17/11/2025 06:00

Apesar de a tecnologia descrita no artigo contribuir para a equidade no diagnóstico de câncer de pele, para a dermatologista Camila Rosa ainda existe um viés racial importante no combate à doença. Ela explica que tanto o ensino médico quanto os bancos de imagens usados para treinar profissionais e softwares de diagnóstico são formados, em sua maioria, por fotos de peles claras. "Isso faz com que as ferramentas disponíveis, inclusive as baseadas em inteligência artificial, tenham menor precisão quando aplicadas a tons de pele mais escuros”, afirma. Para a médica, o problema não está na tecnologia em si, mas nos dados e nas práticas que a alimentam.

Camila ressalta que esse viés também se reflete na prática clínica. Segundo ela, estudos mostram que pessoas negras têm menor incidência de câncer de pele, mas apresentam pior prognóstico e maiores taxas de mortalidade quando a doença ocorre. "Isso acontece porque o diagnóstico costuma ser feito em estágios mais avançados, já que os sinais iniciais podem passar despercebidos, tanto por pacientes quanto por profissionais de saúde”, explica.

A dermatologista acrescenta ainda que, em peles mais escuras, o melanoma tende a surgir em áreas menos expostas ao sol, como palmas, solas e unhas, regiões que nem sempre são avaliadas com atenção. Para ela, o viés racial nesse contexto começa na formação médica, passa pelos protocolos de diagnóstico e chega até os sistemas de inteligência artificial usados atualmente.

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