Desde o início desta aventura como colunista de cultura e turismo no Portal UAI Turismo, me preocupo semanalmente sobre as abordagens que apresentarei por aqui. Até que não enfrento um dilema muito grande dada a fartura de temas e expressões, tanto na cultura, quanto no turismo, que podem e merecem figurar nos meus parágrafos, mas a proposta é oferecer o melhor para vocês que me acompanham.
Cultura e turismo, nos oferecem a diversidade quase infinita e o melhor disso, é que qualquer um dos segmentos em questão, se movimentam por pessoas, por gente ousada, criativa, inquieta e muito disposta a despertar no mundo, a sensibilidade por meio dos sons, das formas, dos cortes, das dimensões, das cores e tantas e tantas formas de expressão. Encontrar valor nas manifestações artísticas que nos deparamos enquanto obras, sem a presença do seu criador, dependerá muito da nossa energia e disposição no momento do enfrentamento “visão, impacto, sensibilidade e conclusão” que chegamos diante de qualquer elemento de arte.
Diferente disso, quando você tem a oportunidade de conhecer e se encantar pela pessoa, o criador, o artista, por sua fala, seus saberes, seu acolhimento e sua sensibilidade que energiza todo o ambiente deste encontro físico, antes mesmo de se conhecer a sua “obra”, penso que 70% do caminho para se apreciar suas manifestações está trilhado, porque ao contemplar qualquer que seja a arte apresentada por aquele artista, você identificará ali a face colorida e sensível de um ser humano diferenciado.
Claro que não precisam concordar comigo, nos parágrafos acima, quis apenas descrever o meu sentimento ao visitar em Recife, no estado de Pernambuco, um atelier que continha uma das mais expressivas figuras das artes visuais, que tive oportunidade de conhecer nos últimos anos. Falo do artista plástico, designer multimídia e recifense (porque essa também é uma garantia de sucesso) Leopoldo Nóbrega! Leopoldo Xavier Nóbrega, um pernambucano daqueles especiais, desde muito cedo teve contato com as artes, com o universo das tintas e telas de sua mãe também artista Maria do Carmo Xavier.
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Ainda na primeira infância, Leopoldo Nobrega se enveredou pela cerâmica e foi aí, nas chamadas “artes do fogo”, que esse talento foi tomando forma de artista e consolidando uma carreira nas artes. Sem medo, Leopoldo seguiu expondo suas criações aqui e acolá, enfeitando espaços diversos da cultura e também muito cedo, viu a moda inserida em suas performances. Sempre sensível, Leopoldo Nóbrega, até hoje, desenvolve coleções vinculadas aos princípios da sustentabilidade e atua no interior do seu estado, com destaque, no polo de confecção do agreste.
Atualmente, Leopoldo circula em várias frentes das artes, mas o que me motiva é destacar a sua rica contribuição, já por alguns anos, na modernização conceitual do maior bloco carnavalesco do mundo, criando e executando a montagem do grande ícone do carnaval de Recife, o Galo da Madrugada.
Naturalmente, que fui à fonte para buscar alguns elementos, que me ajudassem a enriquecer minha coluna da semana. Acionei o próprio Leopoldo Nóbrega e perguntei, quem era Leopoldo Nobrega hoje, qual era a sua leitura sobre as artes e suas diversas manifestações, como ele se relacionava com a cultura popular e a produção artesanal e como se dava o aproveitamento das tecnologias em favor dos melhores resultados em suas investidas artísticas. Por fim, instiguei uma opinião, do próprio artista, sobre a relação “Leopoldo, Recife e o Galo da Madrugada!”
Recebi um retorno tão rico, que ficou difícil selecionar partes para comentar por aqui, por isso, entendi que o mais justo, seria publicar este material na íntegra, ainda que o resultado, fique um pouco mais longo que o habitual em meus textos, mas garanto que vai valer a pena.
Com vocês, Leopoldo Nóbrega!
“Sou com certeza a soma de 47 anos bem vividos com uma experiência gigante desde a arte como brinquedo no atelier de minha mãe, até os dias de hoje. Procuro mobilizar centenas de pessoas convidando-as a sonhar através das artes. A arte tem a capacidade de ser totalmente inclusiva, mágica, por ter a capacidade de tocar nas pessoas de forma muito sutil.
Cada um interpreta ao seu modo e todas as pessoas vivem a experiência sob diferentes óticas, mas de forma harmônica.
Então, isso tudo, ainda que uma coisa complexa, fazer arte dessa forma, é o que me interessa. São obras coletivas, transformadoras do nosso tempo. Brincar com a arte, ou fazer a arte brincando, me vejo como um multiartista, uma pessoa que realmente procura que minha arte e minha expressão tenham sentido para o próprio tempo.
Entendo, que essa contemporaneidade tem muitas provocações, desafios, tecnologias, mudanças muito rápidas. Eu fui da última geração que viveu o analógico de forma, inclusive, predominante.
Hoje a gente tem um mundo virtual que substitui, que traz todo o seu legado, anos luz de diferença, mas eu acredito muito na capacidade de transformação das pessoas.
Conversando com uma amiga, ela me disse, que no fundo, ninguém muda ninguém. No final, depois de toda experiência, as pessoas voltam para casa e vão ser elas mesmas.
Eu disse, que a gente pode pensar também, que uma janela quando se abre, nunca mais a pessoa é a mesma. Alguém disse, que quando você é exposto a uma experiência e ela te transforma, ou pelo menos ela chega para somar, você nunca mais é a mesma pessoa. Isto sim justifica que vale a pena investir, nas experiências que transformam as pessoas, por meio da arte.
Este é um território que me apaixono, quando vejo as pessoas encantadas e interessadas em viver também, aquela coisa, muito mais, que aquela arte, que vai para uma parede, de uma coleção particular, que tem uma especulação financeira, mas que tem uma parcela muito fria, com relação ao seu entorno, fica uma coisa meio omissa. Eu acho que a arte contemporânea, deveria ter uma relação mais direta e é o que busco fazer.
Eu entendo que sou muitas pessoas ao mesmo tempo. Sou muitos “eus”.
São muitos anos intensos, extremamente bem vividos, dentro de laboratórios de todas as linguagens, do tecido, do metal, da cerâmica, gesso a resina, então imagina o turbilhão que é, tentarmos reduzir isso, para uma coisa, que faça sentido em uma palavra ou em uma coisa mais curta.
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Eu sou um multiartista, sonhador, acredito em pessoas e acho que vale a pena experimentar tudo isso e principalmente aquilo que a gente não conhece. Experimentar!
Sobre as artes e as manifestações, já comentei sobre isso vendo a contemporaneidade e a arte como aliados, dentro deste cenário de entendimento do tempo, dos desafios, das potências, das novidades, então acho que a arte é um território sutil, que tem a capacidade de promover uma experiência muito profunda. Com relação as linguagens, as artes, de alguma forma elas se comunicam de alguma forma, por algo que é mágico e que é muito peculiar de todas elas. É a centelha da criatividade.
Quando é uma obra criativa, que sai de dentro do indivíduo, como algo, que ele está experimentando, criando, ela sai com uma carga, que é muito autoral e isso é muito claro nas obras, quando a gente percebe um trabalho autoral, onde ele traz realmente de dentro, claro, que totalmente embebido e catalisado, com tudo que ele vê de vida, o indivíduo.
Mas o indivíduo criativo, traz o mundo dele à tona, então essa coisa da criatividade em todas as linguagens, é o elo que aproxima as artes e as linguagens e como eu vejo essa relação de uma com a outra. Acho que elas são todas mágicas, enquanto processo de libertação e de identificação com cada um e gosto muito da arte popular, das linguagens eruditas, dos experimentalismos europeus, das tecnologias, das ciências, tudo isso, do popular, do místico.
Veja que são campos altamente diversos e tudo isso, ele sintoniza, através da arte, então a gente vê como é um “ambiente de inovação estratégico” para entendimento dos novos tempos e todas as linguagens fazem parte dessas possibilidades.
Vejo como um intercâmbio, muita capacidade realmente de somar experiências novamente, entre linguagens que não se falam muito. Por exemplo, quando pego a renascença com cenografia, estou propondo, quando falo de cerâmica na moda, também estou propondo, quando falo dos descartes do jeans como forma de gerar impacto social, com geração de renda e com ineditismo, também.
Então é muito interessante a gente entender, que o melhor dessa diversidade é a possibilidade de somar e gerar novas oportunidades, dentro deste hibridismo cultural e permitir realmente, que o novo se apresente, pela própria instigação e necessidade, que o tempo vem buscar.
“O Carnaval é o grande cenário onde as pessoas se experimentam”: diz o artista por traz de O Galo da Madrugada
É sem dúvidas no coletivo, na convivência, na capacidade de trocar tintas mesmo assim. As pessoas precisam de um carnaval. O carnaval é o grande cenário onde as pessoas se experimentam e podem ali descobrir caminhos e emoções e realmente abrir espaço. Por isso o carnaval para mim é um território extremamente especial.
Primeiro pela pujança onde todas as linguagens estão juntas e tudo isso acontece, mas também, pelas coisas que acontecem dentro dessa inovação da tradição. Por exemplo, o Galo gigante, que a gente tem feito, deixou de ser o Galo do bloco do Galo da Madrugada apenas, para ser uma obra de arte, que fala do Galo, que fala de paz, que fala da ancestralidade, que fala de tudo.
Então ele criou um protagonismo e isso, quando digo, ele criou na terceira pessoa, é como um modelo de negócio, como um modelo de inovação dessa tradição, então inovar as tradições, é também uma oportunidade no carnaval.
Cultura popular é tudo. Esta manifestação popular, é o que está mais próximo do natural, do original, dentro dessa linguagem mais simples, mas ao mesmo tempo que absolutamente própria, única e mística também dentro da sua ritualística, com um valor gigante, mas de forma muito pura, isso que quero dizer, de forma muito espontânea muito livre e essa liberdade de existência é muito típico dessa falta de pretensão de certa forma, da arte popular, da cultura popular.
A cultura popular, ela se preocupa em ser e a partir desse momento, mesmo ativando as tradições dentro dessa permanência muitas vezes, mas sendo do jeito que ela é.
O artesanato também, essa coisa do feito a mão, também tem a ver com essa coisa. Muito difícil você imaginar, que um brincante, um ator dentro desse cenário, utilizará recursos industriais, muito fora do caminho. É feito a mão mesmo, que tudo acontece.
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Essa relação com do artesanato, vem como necessidade de materialização, ou seja, uma parcela além de uma ideia, do imaginário, porque começa a materializar e a partir desse processo existe também a inovação dos caminhos que o indivíduo escolheu, para poder fazer a mão, utilizar uma matéria prima, solucionar um acabamento, ou poder resolver uma questão estética, que muitas vezes são texturas lindíssimas e caminhos arrojadíssimos e aí você descobre a capacidade do material e da aplicação em diversas superfícies mas o laboratório artesanal é de uma riqueza gigante, não só pelo manancial que ele gera, mas também pela originalidade, pela necessidade individual de tocar, de materializar seus caminhos e de deixar esse legado de processos, de narrativas e de identidade no caminho.
Para Leopoldo Nóbrega: “o artesanato depende de mentes obstinadas”
O artesanato, tem essa coisa, quando você olha uma peça, muitas vezes você não sabe como foi feito aquilo ali e os processos artesanais, são curiosos e muito fascinantes de você ver, como uma bananeira quando cai, você tira uma fibra, bate, seca, transforma, tinge, processa, beneficia, para de repente chegar a um fio e a partir daí começa um trabalho de tramas e no final você tem uma peça.
Então, é uma resiliência, uma dedicação que é fantástica. Só uma mente obstinada e com muito amor, é capaz de experimentar um processo artesanal e fazê-lo com esmero, como os antigos mestres e artesãos faziam. Eles tentavam ser exímios, faziam parte da perfeição da época.
Hoje não é mais necessário, para que o artesão seja um grande artesão. Basta que ele tenha uma relação com seu ofício ali de verdade e ele possa trabalhar. Então a gente tem a partir daí, um artesão por exemplo com materiais descartados, que antigamente não era muito comum, e hoje você tem plásticos, fios, sobras de tecnologia, que é a “metareciclagem”, então tem diversos caminhos que incorporam nessa contemporaneidade para o artesanato, para que ele não fique só no artesanato tradicional, nos materiais expressivos, que gente já conhece, mas que também, entenda, que é um processo, feito a mão, mas que busca tecnologias para solucionar.
Você tem corte, cola, você tem dimensionamento, tudo. Então temos milhões de caminhos que percorrem e do ponto de vista da qualidade, é no artesanal, que você tem oportunidade de pilotar várias vezes aquela ideia até chegar e descobrir ali “N” variantes, na prática.
Então o processo artesanal é um luxo. Eu considero realmente um luxo, quando eu falo, “Figurino de Luxo, do Galo da Madrugada, é para enaltecer, porque ele é todo, realmente feito a mão” e aí a gente tem realmente valores, que são humanos, sobretudo, são mentes e mãos que estão ali em sinergia buscando soluções. Então o artesanato, dialoga com as tecnologias, a favor, sim ou não e aí depende de cada um!
Eu, Leopoldo, sou de Recife, tenho Recife no coração, sempre brinquei o Galo e hoje faço o Galo. Então, isso tudo me mostra, que estamos todos conectados, é muito interessante ver como as coisas se conectam, como passa o tempo e as coisas vão se reinventando.
É muito interessante, eu me sinto parte dessa engrenagem afetiva com Recife. O Galo, apesar de sempre brincar, a minha relação com a escultura faz 4, 5 anos, porque começamos em 2018 a fazer o Galo de 2019.
Uma trajetória curta, porém, intensa, foram Galos, que transformaram a ótica da própria narrativa da escultura, do bloco, do interesse social pela obra e como realmente um carnaval, pode ser um palco para tantos conceitos incríveis assim como tudo pode ter.
Não precisamos estar reféns da mídia, dessa qualidade, que a gente vê por exemplo na televisão. É um exemplo de como o mundo está absolutamente fútil, mas nem só isso, é raso talvez a palavra.
E o Carnaval, quando vem, traz coisas muito sérias, mas ao mesmo tempo sutil, com arte principalmente, com leveza e a gente mostra a capacidade dessa ferramenta, carnaval, dentro desse território. Então eu me vejo como uma pessoa, que trouxe isso realmente, que pode contribuir de forma muito valiosa.
Eu tenho certeza de que o que estamos fazendo com o Galo, independente de quantas edições ainda faremos, mas o que já foi feito, abriu realmente portas e quando a gente abre uma porta, nunca mais seremos os mesmos com aquilo, então as pessoas mudam sobre a ótica de ver.
Eu me vejo protagonista disso. Me vejo parte dessa história e acho que essa questão de Recife, eu sou de Recife, mas vejo Recife para o mundo o tempo todo. Acho que não tem essa dimensão que prende, mas que vibra no coração. Eu também sou de São Paulo, sou do Rio, sou de Recife, de Caruaru, do Alto do Moura, então tem vários outros locais, que eu guardo memórias afetivas, mas “Recife, Leopoldo e Galo”, tem essa pegada de marco na inovação da tradição, mas de amor, de afetividade, de experimentalismos. Você vê que o movimento “Mangue”, ele trouxe isso muito. Essa coisa de experimentar, de mixar, eu também venho dessa época toda aí.
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Da década de 90 em diante, a gente teve uma efervescência muito grande desse laboratório de fusão e é exatamente o que acredito, a partir dessa ótica de que são as potências, que se encontram e que se transformam a partir de uma experiência.
Eu vejo “Recife, Leopoldo e o Galo”, como uma engrenagem necessária para o próprio tempo, ou pelo menos convicta de que está no seu tempo em busca de algo melhor, algo a mais. Não banalizar o carnaval e também convidar as pessoas pra poder observar uma obra de arte gigante, efêmera, mas com capacidade de incluir, cocriação, sustentabilidade, pesquisa artesanal em suas camadas, tecnologias demais para que 30 metros de altura com 8 toneladas dentro de tão pouco tempo, seja possível e com tudo mais que é gigante como toda a trajetória do Galo, que em vida acumula milhões de pessoas e no mundo inteiro.
Uma ‘família’ quem tem como missão a arte
Então é uma honra fazer parte deste ecossistema, que o universo me presenteou com uma oportunidade. Não posso esquecer de destacar minha equipe direta que é a “Família Arte Plenna” é assim que a gente fala.
A minha irmã Germana Xavier, que é a cocriadora comigo do Galo da Madrugada e protagonista também de fazer acontecer todos estes sonhos, do ponto de vista de produção executiva e de design também, então é uma pessoa, que sou muito grato pela existência e que me deixou mais veloz, para poder fazer tanta coisa com esse suporte.
Mamãe, Maria do Carmo Xavier também, professora, tem metodologias, traz a Eco Arte Educação e toda uma ótica, na verdade tudo isso vem dela, porque foi ela quem começou a trazer por meio do laboratório de Eco, Arte, Educação, que ela fundou esse nome, tem metodologias, com essa ótica de reutilizar, de inovar e tudo isso que a gente faz, partem dos laboratórios, que ela desenvolve no CODAI, Colégio Dom Agostinho Ikas, que é ligado à Universidade Federal Rural, que ficava em São Lourenço da Mata e agora está em Dois irmãos.
Esse é o legado dela, professora, com trabalhos publicados em congressos internacionais e revistas por aí. Então imagina, você ser cercado por pessoas de extrema competência, que acreditam, que pensam igual e que trazem essa coisa toda.
Gorete também, que é uma pessoa gigante, uma artesã que abraça a causa e tem uma capacidade incrível de topar desafios e vencer. Ela é uma pilota do galo, uma danada, uma ‘anja’ que toma conta do atelier e várias outras pessoas.
Tem meu pai Jurandir de Andrade Nobrega, também, que é um braço direito em tudo. Família Arte Plena, meu irmão, Rodrigo Xavier, toda a família Arte Plenna, emana para todos os grupos, que a gente se expõe e que a gente abraça e se envolve.
Imagine que missão bonita, Família Arte Plenna, para o mundo!”
Eita Deus! Eu não disse que a pessoa é especial! Espero que tenham gostado e que se animem a ir conhecer de perto a riqueza cultural do Nordeste brasileiro e em especial, o gigantismo de cores do Galo da Madrugada no carnaval de Recife!
Até a próxima semana.
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