
A indústria de hospitalidade global está à beira de uma mudança sísmica na forma como reporta seu desempenho ambiental, social e de governança (ESG). A Energy & Environment Alliance (EEA), uma poderosa coalizão que representa mais de 50 mil hotéis e um capital de £360 bilhões, incluindo a brasileira BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), lançou nesta terça-feira (21/10) uma consulta mundial para estabelecer os primeiros padrões de reporte de sustentabilidade com validade financeira para o setor de hotéis e hospedagem.
O objetivo é criar uma infraestrutura de dados que ofereça a investidores, credores e operadores a confiabilidade de auditoria, permitindo avaliar com precisão o risco, o desempenho e o valor de longo prazo dos ativos.
A iniciativa, liderada por uma Força-Tarefa da EEA em parceria com a King’s Business School, visa traduzir as novas referências globais de sustentabilidade – os padrões IFRS S1 e S2, já adotadas ou em consideração em mais de 30 grandes economias, incluindo Austrália, Brasil, Canadá, União Europeia, Índia, Japão, Singapura, África do Sul e Reino Unido – para a linguagem específica do setor hoteleiro.
O que muda:
- Rigor Financeiro: Os novos padrões exigem que as empresas divulguem informações de sustentabilidade (como emissões, resiliência climática e planos de transição) com o mesmo rigor e garantia exigidos para dados financeiros.
- Decisão de Investimento: Segundo Ufi Ibrahim, CEO da EEA, “O desempenho em sustentabilidade agora impacta diretamente como os ativos são financiados, segurados e avaliados. A questão para o nosso setor não é mais se devemos divulgar — mas como fazê-lo de maneira comercialmente inteligente, credível e comparável entre mercados.”
- Precificação de Risco: O professor Marc Lepere, da King’s Business School, ressalta que a ausência de métricas claras impede que os investidores precifiquem o risco de sustentabilidade com confiança. Os novos padrões propõem conectar diretamente a performance ESG ao valor da empresa.
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A participação de associações influentes como a BLTA garante que as realidades de mercados emergentes e a importância de seus ativos naturais e culturais sejam consideradas na formulação desses padrões globais.
Camilla Barretto, CEO da BLTA, enfatizou a relevância para o mercado nacional: “Ao participar desta consulta global garantimos que mercados emergentes como o nosso tenham voz na definição dos padrões que orientarão o investimento e o crescimento sustentável nas próximas décadas. Esse esforço assegura que a voz da América Latina seja ouvida na agenda global de sustentabilidade.”
A consulta é um convite aberto para que investidores, proprietários, gestores de ativos, operadores, credores, incorporadores e seguradoras contribuam com feedback sobre a estrutura proposta. Esses inputs são cruciais para garantir que os padrões finais – que serão submetidos à IFRS Foundation em 2026 – sejam práticos e alinhados à realidade comercial do setor.
Participar é fundamental para:
- Garantir que os padrões sejam práticos e alinhados à realidade do negócio.
- Influenciar como a sustentabilidade afetará o financiamento, avaliação e seguro de ativos hoteleiros.
- Demonstrar liderança na transição do setor para relatórios auditáveis e prontos para o investidor.
A consulta estará aberta até 28 de fevereiro de 2026 através do site. Esta é a chance da hospitalidade moldar as regras que definirão como o capital será alocado no futuro.
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