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Slow travel: Motorhome desacelera a vida urbana e cria modelo turístico

"Casa sobre rodas" estimula a consciência ambiental e descentraliza o lazer para rotas regionais, transformando nicho em estilo de vida

Slow travel: Motorhome desacelera a vida urbana e cria modelo turístico -  (crédito: Uai Turismo)
Slow travel: Motorhome desacelera a vida urbana e cria modelo turístico - (crédito: Uai Turismo)
Slow travel: Motorhome desacelera a vida urbana e cria modelo turístico ((Foto: Pixabay))

O turismo de motorhome no Brasil está em ascensão, e a novidade não é apenas sobre o mercado, que gerou R$ 500 milhões em negócios na Expomotorhome 2024, com crescimento de 25%, mas sobre uma mudança na forma de viajar. A “casa sobre rodas” promove o que especialistas chamam de Slow Travel (viagem lenta), uma filosofia que valoriza o percurso e a experiência autêntica.

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“Mais do que uma tendência de consumo, o motorhome representa uma nova forma de pensar o ato de viajar. Ele estimula a autonomia, o respeito ao meio ambiente e o senso de comunidade entre os viajantes. Muitas pessoas relatam que, ao adotar esse estilo de vida, começaram a enxergar o turismo de forma mais consciente”, explica Tércio Pereira, professor do curso de Turismo da UNIASSELVI.

Segundo Pereira, esse movimento reflete um desejo profundo dos brasileiros de se reconectar com o essencial. “O motorhome permite experimentar uma lógica de tempo diferente, menos acelerada e mais voltada para a contemplação. O prazer está no percurso, não apenas na chegada. É uma forma de descentralizar a vida urbana”, analisa.

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O perfil do motorhomer

A mudança de perfil do viajante acompanha essa busca por um ritmo mais tranquilo. Antes dominado por aposentados, agora atrai famílias, jovens casais e profissionais remotos que encontraram na estrada o equilíbrio ideal entre trabalho e lazer.

A segurança e a autonomia, impulsionadas pelo contexto da pandemia, foram os fatores iniciais para esse boom. O avanço tecnológico dos veículos, com painéis solares e maior conectividade, transformou-os em alojamentos independentes, acessíveis a um público mais amplo.

Oportunidades e desafios da estrutura para quem viaja de motorhome

Apesar do entusiasmo, o segmento enfrenta o desafio de padronizar a infraestrutura de apoio. Embora existam milhares de campings e pontos mapeados, a qualidade e a distribuição geográfica de serviços essenciais, como segurança, internet e descarte de resíduos, ainda são heterogêneas no país.

Além disso, a legislação brasileira, embora contemple tecnicamente o veículo – a Resolução CONTRAN 743/2018 é um exemplo -, ainda há lacunas práticas. “Embora o arcabouço legal exista, o ambiente prático ainda convive com lacunas e burocracias, especialmente na regulamentação de áreas de pernoite e estacionamento de longa duração, que variam muito entre municípios”, alerta o professor Tércio Pereira.

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Por outro lado, o ecossistema do motorhome gerou uma série de novas oportunidades de negócio: venda, locação e compartilhamento (peer-to-peer) do veículo, serviços de manutenção e retrofit especializado, e plataformas de curadoria de roteiros temáticos.

Potencial do Brasil no turismo itinerante

Para o especialista, o futuro do Home Motorhome está na integração regional. “O Brasil tem uma diversidade geográfica e cultural que favorece a criação de circuitos que unem natureza, cultura e gastronomia,” destaca.

Regiões como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais já apresentam iniciativas que conectam vinícolas, vilas históricas e parques nacionais, ampliando o interesse. “Com investimento adequado em infraestrutura, padronização e divulgação, o turismo de motorhome pode se consolidar como parte importante da economia e da identidade turística brasileira, valorizando o ritmo das pequenas cidades e o contato com os moradores locais”, conclui o professor.

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Uai Turismo
Isabella Ricci - Uai Turismo
postado em 13/11/2025 16:20
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