Cultura

Aparecida, onde a fé move montanhas e economia

Do barro à basílica, Aparecida é a imagem que moldou um país, conduz milhões de passos, amplia a devoção e se firma como o território em que o sagrado encontra o cotidiano e tudo se transforma! É o lugar onde o milagre nunca para!

Aparecida, onde a fé move montanhas e economia -  (crédito: Uai Turismo)
Aparecida, onde a fé move montanhas e economia - (crédito: Uai Turismo)
Aparecida, onde a fé move montanhas e economia (Foto: Ubiraney Figueiredo)

Para falarmos do Santuário Nacional de Aparecida, precisamos voltar no tempo. Segundo consta, foi em 1717, quando a imagem de Nossa Senhora foi encontrada no Rio Paraíba do Sul por três pescadores e esse feito deflagrou uma enorme devoção pela santa. Com a notícia do achado se espalhando, o que se viu, foi uma evolução vertiginosa da devoção popular, levando a manifestações de fé, à construção de capelas e mais tarde, em 1745, surge a primeira igreja.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

Com o surgimento da primeira igreja, em 1745, a imagem da Santa, passa a ter o seu abrigo consolidado e não demora a surgir o povoado de Aparecida, hoje mundialmente conhecida como terra de fé. 

O grande fluxo de fiéis e a enorme procura pelos milagres, resultou na necessidade de um templo ainda maior, foi quando em 1888 surge a chamada Basílica Velha, também conhecida como Igreja de Monte Carmelo.

Com traçado original da época, a Igreja histórica é uma construção em estilo barroco. Suas características incluem a estrutura de taipa de pilão, daí a detecção de sua fragilidade e posterior necessidade de restauração.

Como elementos devocionais e decorativos, no teto estão a representação de dois milagres importantes e amplamente conhecidos, o do menino salvo no Rio Paraíba do Sul e o da menina cega que recuperou a visão.

Com seu valor histórico reconhecido, o templo recebeu a proteção do tombamento, em 1982, por uma iniciativa do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo.

Com a devoção cada vez maior à N.S. Aparecida, na década de 40 foi lançada a pedra fundamental para a construção do novo santuário, vislumbrando maior conforto e acolhimento para o enorme fluxo de fiéis, que frequentemente estão na cidade.

O fabuloso e atual Santuário Nacional de Aparecida, reconhecido como o maior do mundo, teve o início de sua construção em 1955 e a obra foi motivada pelo enorme volume de peregrinos, que percorriam o caminho sagrado em busca do alcance de suas graças e do alimento de sua devoção e fé!  

LEIA TAMBÉM: Janelas de prospecção revelam a história oculta da Estação Ferroviária de Moeda

Com a presença imponente da Igreja, abrigando o maior ícone devocional brasileiro, em sua visita ao Brasil em 1980, o Papa São João Paulo II, consagra a nova basílica e a designa como Basílica Menor. 

Movimento da economia

O mais impressionante em todo este processo devocional, é que com a importância e a relevância para a religião católica no Brasil do Santuário Nacional de Aparecida, se destaca também nos aspectos da economia, gerando uma significativa movimentação financeira em torno do equipamento religioso e cumpre um papel fundamental para a atividade turística e seus equipamentos da Cadeia Produtiva local como hotéis, bares e restaurantes, transportadoras, dentre outros, que geram trabalho e renda, promovendo a circulação financeira por meio da fé popular.

Neste sentido, Aparecida sempre parece acordar antes do sol. Antes mesmo que as luzes da basílica acendam por completo, já há passos apressados, orações sussurradas e vendedores ambulantes arrumando suas bancas, como quem prepara um altar cotidiano, que lhe garantirá a sobrevivência.

E é ali, no coração do Vale do Paraíba, que a fé não é apenas uma devoção individual. É emocionante ver a força coletiva que move pessoas, histórias, economias inteiras. O Santuário Nacional de Aparecida, dedicado à Padroeira do Brasil, tornou-se um destino religioso e é um território onde o sagrado e o cotidiano se encontram sem conflito, como se a própria cidade tivesse aprendido a se movimentar no ritmo das promessas, das romarias e das esperanças que chegam de todos os cantos do país.

Para quem visita o santuário pela primeira vez e muito tardiamente, como é o meu caso a grandiosidade impressiona muito mais que o imaginado. Dizem, que para quem retorna à cidade, o impacto vem de outro lugar, vem da certeza de que a fé, ali, é viva. A fé que chega em ônibus que percorrem noites inteiras, em ciclistas que desafiam estradas, em famílias inteiras que vão pagar promessas ou simplesmente agradecer a vida.

E essa movimentação intensa, contínua e emocionada, certamente transforma a cidade. Aparecida se sustenta pelo fluxo constante de peregrinos que, além de buscar a bênção, movimentam a cadeia de serviços locais. Hotéis, pousadas, restaurantes, lanchonetes, lojas de artigos religiosos, transportadoras e guias turísticos, tem o seu retorno garantido e em franco crescimento. A economia local respira graças a essa movimentação de gente que chega e parte, trazendo consigo histórias, fé e muito consumo.

Essa semana, fui pela primeira vez, presencialmente à Aparecida, mas minha casa já é repleta de lembranças da cidade como imagens, terços, crucifixos, velas abençoadas, presentes de amigos e devotos como eu, que estiveram por lá e lembraram de mim em suas orações, me amparando por meio de sua devoção.

Há quem diga que o Santuário é o maior equipamento religioso e turístico do país; e não se trata apenas de tamanho físico, é um gigante em impacto social e econômico. Os fins de semana prolongados e os meses de grande romaria, como outubro, transformam Aparecida em um epicentro de circulação financeira.

E se a moeda está circulando, isto significa que empregos temporários se multiplicam, fornecedores ampliam produção, motoristas de turismo reforçam suas rotas, e até pequenos empreendedores encontram espaço para se manter graças à devoção que nunca esfria. Em muitos lugares, turismo e fé caminham separados, em Aparecida, eles se entrelaçam e se apoiam mutuamente, como se fossem parte de uma mesma paisagem humana.

A fé como motor

Foto: Ubiraney Figueiredo

Mas é impossível falar da cidade apenas em números, porque Aparecida é, sobretudo, afeto. É o lugar onde uma imagem pequena de barro, encontrada por pescadores há mais de três séculos, se transformou em símbolo nacional. É o palco onde milhões de brasileiros depositam seus medos, suas súplicas e suas conquistas.

Fui como devoto, mas confesso que fui também, como observador. Sempre quis ver de perto este fenômeno do turismo e perceber que a fé é o verdadeiro motor de tudo, é ela que conduz romarias, sustenta a economia e mantém viva a tradição.

A devoção à Nossa Senhora Aparecida não se expressa apenas nas velas acesas ou nas missas lotadas, a devoção se revela no silêncio dos que caminham a madrugada inteira, na emoção contagiante dos que sobem a passarela com fotos nas mãos, e na gratidão de quem volta para casa sentindo-se renovado.

Aparecida é, enfim, mais que um destino. É verdadeiramente, um fenômeno cultural, econômico e espiritual que traduz o próprio Brasil, um país diverso, resiliente, emotivo, profundamente religioso.

LEIA TAMBÉM: Minas em movimento, turismo, cultura e sustentabilidade no centro de novos negócios

Enquanto houver quem atravesse estradas para agradecer ou pedir proteção, o Santuário continuará sendo esse farol silencioso, iluminado por promessas e sustentado pela fé incontável de um povo inteiro. É essa devoção, antiga e sempre nova, que faz da cidade um lugar onde economia e espiritualidade não competem, mas se completam.

É essa fórmula misteriosa de fé e movimento que mantém Aparecida de pé, sempre pronta para abraçar quem chega. Não vou explicar muito, mas em Aparecida, o sagrado e o humano caminham lado a lado e isso é muito bonito de se ver.

Realizei o meu desejo de devoto, conhecer “Aparecida do Norte”, como o município de Aparecida é popularmente conhecida! Como devoto, estive ali para um encontro com a fé que habita em mim, mas que se somou à fé que pulsa em cada esquina, com um Brasil, que se revela em cada gesto de devoção.

O Santuário permanece como testemunha silenciosa de milhões de passos, lágrimas e esperanças, e a cidade segue viva, alimentada por esse fluxo constante de fé e humanidade. Voltar de lá é levar consigo um pouco do sagrado, como quem carrega no peito uma luz acesa, que não se apaga com o tempo, ao contrário, se renova a cada lembrança.

E você, tem praticado sua fé e a sua devoção?

Independente de suas crenças, não se esqueça, praticar a fé é um hábito, que só nos faz bem, afinal, quem alcança as graças e as expectativas que criamos, somos nós mesmos, no entanto, o combustível para isso, sem dúvida é a fé que cultivamos dentro de nós.

Até a próxima.

Siga o @portaluaiturismo no Instagram e no TikTok @uai.turismo

  • Google Discover Icon
Uai Turismo
Ubiraney Silva - Uai Turismo
postado em 15/11/2025 06:30
x