
O turismo é, por natureza, multifacetado — uma rede dinâmica que atravessa diferentes áreas do conhecimento e dialoga com diversas práticas sociais. O que mais me encanta nesse universo é justamente a sua capacidade de transitar por “lugares” que muitas vezes passam despercebidos, mesmo pelos que acompanham o setor de perto.
Entre esses lugares, a economia criativa ocupa um papel cada vez mais central, sobretudo para quem pesquisa e vivencia o turismo como fenômeno sociocultural e econômico.
A relação entre economia criativa, cidades criativas e territórios criativos amplia a compreensão sobre como novas dinâmicas urbanas, culturais e produtivas vêm influenciando diretamente o desenvolvimento do turismo. Essa aproximação reforça que o crescimento sustentável do setor está cada vez mais alinhado à valorização da cultura, da originalidade e da potência criativa presente em cada território.
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Nesse contexto, vale destacar o Programa Cidades Criativas da UNESCO, que reconhece municípios ao redor do mundo pela capacidade de integrar cultura, criatividade, desenvolvimento urbano e inovação em suas políticas públicas.
O Brasil possui atualmente 14 cidades integradas à rede, distribuídas em áreas como gastronomia, música, artesanato, design e cinema. Apesar de esse número demonstrar a força e a diversidade da cultura brasileira, também evidencia um enorme potencial ainda subaproveitado: o país reúne condições culturais, históricas e sociais para que muitas outras cidades ingressem na rede e fortaleçam a relação entre criatividade, planejamento urbano e turismo.
Ampliar essa participação significaria não apenas valorização internacional, mas também oportunidades concretas de desenvolvimento para territórios que já respiram cultura e inovação.
A economia criativa envolve uma vasta gama de campos —patrimônio material e imaterial, museus, arquivos, artesanato, culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, artes visuais, arte digital, dança, música, circo, teatro, cinema, literatura, moda, design e arquitetura — todos profundamente conectados às experiências turísticas contemporâneas.
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Esses bens e serviços não se destacam apenas por sua utilidade prática, mas principalmente pelo que representam em termos de identidade, memória, estilo de vida e expressões culturais que traduzem o espírito de um lugar. Da mesma forma, as cidades criativas se consolidam como espaços urbanos capazes de atrair talentos, promover inovação, revitalizar áreas degradadas, enfrentar desigualdades, fortalecer redes culturais e reposicionar territórios como polos culturais e turísticos de relevância.
E por que falar sobre isso? Porque é fundamental que os municípios — tanto na gestão pública quanto nas parcerias com a iniciativa privada e com agentes culturais — compreendam que a economia criativa não é apenas uma possibilidade para o turismo; ela é uma realidade pulsante, ainda subaproveitada, que pode impulsionar o desenvolvimento local de forma sustentável e inclusiva. Trabalhar a economia criativa é, portanto, trabalhar o turismo em sua essência: reconhecer, valorizar e promover todas as expressões culturais que constituem a alma e a singularidade de um território, transformando criatividade em experiência, memória e identidade.
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