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Aprenda tudo sobre a produção de cafés especiais no Caparaó Mineiro

A região reconhecida pelo intenso turismo de aventura também abre espaço para os apaixonados por café e experiências sensoriais 

Aprenda tudo sobre a produção de cafés especiais no Caparaó Mineiro (Cafezal prestes a florir e grãos de café colhidos no Caparaó Mineiro (Foto: Uai Turismo))

A região do Caparaó Mineiro guarda grandes riquezas. Além de dividir com o Espírito Santo o  Parque Nacional do Caparaó, que abriga o imponente Pico da Bandeira — terceiro maior pico do Brasil —, o território possui uma forte tradição cafeeira que molda a paisagem, o modo de viver e até mesmo a forma de praticar turismo na região. 

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Composta pelos municípios de Alto Caparaó, Alto Jequitibá, Caparaó e Espera feliz, o Caparaó Mineiro é um verdadeiro espaço de experiências sensoriais, tendo o café como a base da maioria delas, mas também com imersão na natureza, na cultura local e com muita comida boa, afinal, é algo que não pode faltar em território mineiro. 

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Terroir de excelência 

O café faz parte da história da região há mais de 200 anos, sendo parte fundamental da cultura do Caparaó Mineiro. O cultivo segue sendo de maneira artesanal, cuidadosa e por famílias em pequenas propriedades, com os saberes sendo transmitidos de geração em geração. Durante os anos 2000, a atividade passou por uma grande transformação, mudando o foco da quantidade para a qualidade, fazendo com que cafeicultores locais passassem a produzir cafés especiais. 

Atualmente a região e seu entorno são referência na produção de cafés especiais de altíssima qualidade, com excelência e sensorial singular, acumulando prêmios de qualidade no Brasil e até internacionais. A combinação de elementos naturais privilegiados — como elevadas altitudes, temperatura mais amena e solos férteis — e o saber-fazer dos produtores compõem o terroir único do Caparaó, fator reconhecido pelos selos de Denominação de Origem e de Indicação de Procedência. 

As experiências desenvolvidas no Caparaó Mineiro buscam valorizar a cultura, o talento dos produtores e as ricas histórias locais, garantindo aos viajantes vivências no dia a dia das propriedades, podendo aprender os processos que levam ao café especial e, principalmente, poder sentir o sabor diferenciado em cada xícara.

Na lavoura com uma família pentacampeã

Na divisa dos municípios de Espera Feliz (MG) e Dores do Rio Preto (ES), a Fazenda Forquilha do Rio leva o turista a uma experiência que vai da plantação à xícara de café. Produtora do café Os de Lacerda, a visita percorre não só a fazenda, mas também a história da família que dá nome a marca. 

A experiência começa com um café da manhã bem mineiro na cafeteria Serra da Siriema, que fica dentro da propriedade e possui uma bela vista para a plantação. Logo após muito pão de queijo acompanhado de geleias das mais diferentes frutas da região e uma boa degustação de cafés, a visita começa na cafeteria mesmo. O visitante é apresentado a história da família que transformou uma crise na produção de cebola no investimento em café, se tornaram pioneiros na produção de cafés especiais e chegaram ao topo do campeonato nacional.

A visita segue em uma caminhada pela fazenda, onde os processos de produção de um café especial são mostrados na prática e o turista pode viver por algumas horas como um produtor de café. A experiência varia um pouco de acordo com a época em que a visita for realizada, uma vez que o ciclo do café completo dura cerca de um ano, onde cada fase tem um período específico para acontecer. Em geral, durante os meses de setembro a novembro acontece a florada, quando o cafezal se decora com flores brancas, formando um visual único, mas que dura em média quatro dias. Já a colheita pode acontecer entre maio e setembro, quando é possível participar de uma aula prática de como colher café de forma artesanal. 

Colheita de café na Fazenda Forquilha do Rio (Foto: Uai Turismo)

Com objetivo de introduzir o processo do plantio ao pós-colheita, o turista também vai aprender a diferenciar os sabores do café ainda em grãos, descobrindo que o mesmo pé pode produzir três lotes: o verde, o boia (o natural) e o maduro (cereja descascado); que os cafés descascados são mais suaves, enquanto os naturais são mais frutados e mais doces; e ainda que, aos pés do café especial, o café gourmet é reconhecido por ter baixa qualidade, mas ainda é um café superior ao tradicional vendido nos supermercado.

Além da aula teórica, o visitante é colocado para mostrar suas habilidades manuais em uma ‘competição de abanação’, onde é preciso “limpar” as impurezas dos grãos de café jogando a peneira para cima sem derrubar, de preferência, nenhum grão. Acredite, é mais difícil do que parece!

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O passeio é finalizado com uma volta de trator pela lavoura, levando os turistas a conhecerem mais a propriedade e apreciarem a vista de um mirante. Ao final da visita é feito um quiz aos participantes, para testarem o que aprenderam, valendo como prêmios produtos da cafeteria, como cafés e ecobags. Durante os dias de chuva o passeio de trator é substituído por uma prova de café. A experiência é anualmente renovada para o turista que quiser repetir a dose poder viver algo novo. 

Abanação do café e passeio de trator pela fazenda (Foto: Uai Turismo)

Almoço mineiro, relax e vivências de café

Depois de aprender como funciona do plantio à colheita do café, é hora de entender um pouco mais sobre os processos que tornam de fato o café especial. No Sítio Centenário, no município do Caparaó, o contato com o café ganha outro significado. Diferente da tradicional função de manter acordado, durante a experiência, o turista é convidado a desacelerar. A ideia é compartilhar como é um dia de descanso dos produtores, que funciona como um domingo na lavoura: não é um descanso de inércia, mas um descanso ativo, fazendo coisas que não são possíveis de fazer durante a semana, mas que não exigem muito esforço. 

Sítio Centenário (Foto: Uai Turismo)

O sítio, construído em 1900, está na quarta geração da família e leva o visitante a uma viagem no tempo, começando com um tradicional almoço na beira do fogão à lenha. Depois, para ‘desgastar’ do almoço, uma leve caminhada pela lavoura, aprendendo sobre o processo do café especial no sítio, finalizando em uma pequena queda d’água, onde o turista pode respirar por um tempo e se conectar com a natureza de um modo especial. 

Um dos pontos altos do passeio é aprender um dos processos fundamentais para manter a classificação do café especial alta: a seleção manual de grãos. A experiência é o processo de separar os grãos que irão para a torra dos que serão descartados por estarem defeituosos e classificar quais grãos irão produzir cada tipo de café, uma vez que diferentes características do grão produzem variados cafés. Além de cumprir as suas funções originais, o momento da seleção leva o turista a se conectar completamente com o momento presente e focar no que está acontecendo diante dos seus olhos, aproveitando a companhia de outras pessoas, partilhando uma boa prosa e provando muito café do bom. É para sair renovado da visita!

Seleção de grãos (Foto: Uai Turismo)

Além da experiência, o Sítio Centenário também oferece pernoite em uma suíte ou em duas charmosas cabanas de glamping, com reservas feitas pelo Airbnb. 

Café com sonhos

No Sítio Imperial da Serra, em Alto Jequitibá, o visitante vai aprender um pouco mais da história de Silmara, que superou as expectativas ao começar a produzir café especial na sua lavoura. Uma das crenças para a produção do café especial é o terreno da plantação estar em altitudes mais elevadas, contudo, Silmara desafiou as regras e provou que é possível produzir café de qualidade mesmo em baixas altitudes. O negócio deu tão certo que o Café da Silmara chegou a ser reconhecido como um dos 50 melhores cafés do Brasil na Semana Internacional do Café (SIC). 

Além de contrariar as estatísticas, a visita também mostra como a força de vontade e o desejo de inovar levam para longe. Grande parte dos equipamentos utilizados no processo de produção do café especial são adaptados pela família para facilitar o trabalho artesanal e fornecer para o grão o mesmo tratamento que recebem em fazendas maiores e com terrenos mais elevados. 

Como uma boa família mineira, a história começa a ser contada durante um farto café da manhã e segue durante uma caminhada pela plantação e pelo sítio, passando por cada etapa de produção. Mas é na etapa da embalagem que o turista tem seu protagonismo, sendo convidado a embalar seu próprio café! Preste bastante atenção durante o tour pelo sítio, pois será necessário para completar as informações do seu pacote de café. 

Embalagem do café (Foto: Uai Turismo)

A experiência finaliza em um delicioso Duelo de Cafés, em que o visitante coloca à prova seus conhecimentos sensoriais sobre os sabores que pode ter um café. A degustação acontece “às cegas”, sem que o participante saiba qual café está tomando, e o convida a descobrir qual sabor pertence a qual xícara. 

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Café sem mistérios

As experiências no Caparaó Mineiro se completam, ensinando ao turista todo o caminho do café, do pé à xícara. Ao descobrir como funciona todo o processo da plantação à embalagem, resta aprender como passar esse café para a xícara mantendo todas as propriedades dele. Afinal, do que adianta um pó de café especial, preparado totalmente de maneira artesanal, chegar nas mãos de quem não sabe realizar uma extração adequada? Tomar café é uma arte e na Cafeteria Le Vie, o turista também vira artista — ou barista!

Na cafeteria, localizada no Alto Caparaó, o viajante vai aprender todas as informações necessárias para tomar um café especial em sua própria casa, com os instrumentos que já tem e até mesmo com os que desejar investir. 

Workshop Café Sem Mistérios (Foto: Uai Turismo)

Dessa forma, a extração é ensinada em três métodos, para contemplar do público que quer apenas tomar um café melhor ao que quer fazer disso o seu estilo de vida. São colocados à mesa um V60, uma prensa francesa e um coador de pano. Durante toda a experiência, é ensinado como moer adequadamente o grão para cada situação, a quantidade necessária de pó, qual a temperatura ideal da água e a forma correta de colocar a água sobre o pó. Ao final, o turista já se sente um especialista, sabendo o que afeta no sabor e na qualidade da bebida. A vivência é finalizada com uma degustação dos cafés harmonizados com quitandas. 

Nem só de café vive o homem!

Tomar café é bom, principalmente café especial em território mineiro. Mas a região do Caparaó tem muito mais a oferecer. 

Espetáculo cervejeiro e multissensorial

Se você nunca imaginou receber um certificado por beber cerveja, talvez seja a hora de adicionar essa conquista a sua lista! 

Na Cervejaria Sal da Terra, em Alto Jequitibá, o turista volta no tempo ao adentrar em uma microcervejaria que adota completamente a vibe dos anos 70. Ao chegar no empreendimento, o visitante se depara com uma kombi colorida, com uma estética hippie, que só deixa o local para levar a preciosa cerveja a eventos selecionados. 

Kombi da Cervejaria Sal da Terra (Foto: Uai Turismo)

Quando realizar a experiência, separe uma tarde para ficar apenas na cervejaria e não se preocupe com o passar do tempo. Em meio a conversas, aprendizados, música e muita cerveja, ir embora se torna um desejo distante. 

A vivência se inicia conhecendo a história da família e da cervejaria. De uma vontade de colecionar rótulos de cervejas do mundo inteiro, nasceu a Sal da Terra, com o filho se tornando mestre cervejeiro, o pai sommelier e a mãe pós-graduada em cozinha brasileira. O investimento nos estudos não poderia dar outro resultado: cervejas premium e gastronomia ímpar, tudo funcionando deliciosamente em harmonia. 

E por falar em harmonia, o grande diferencial da experiência é ensinar o participante a harmonizar, mas não apenas entre uma cerveja de qualidade e um petisco, mas também com a música ideal para o momento. A experiência sensorial aguça todos os sentidos do visitante, fazendo com que ele fique completamente preso no momento e, diante desse mix de “sentir”, seja levado a experimentar sabores que jamais imaginou que combinassem. Se você acha que uma cerveja stout não combina com sorvete de creme, é porque não experimentou ouvindo a música certa. 

Antes da deliciosa e surpreendente degustação, o visitante aprende um pouco mais sobre o processo de fabricação de cerveja em uma microcervejaria, descobrindo sobre seu diferencial e sobre as possibilidades de sabores que podem sair da mente de um produtor apaixonado por cerveja. Esse aprendizado vai ajudar bastante na hora da harmonização, visto que durante a prova, o participante classifica o que está sentindo — tendo como base o “cervejês”, claro.          

Experiência multissensorial na Cervejaria Sal da Terra (Foto: Uai Turismo)

As cervejas produzidas na Sal da Terra não são comercializadas em nenhum outro empreendimento, só é possível prová-las em eventos específicos e direto na fonte, onde ela pode ser comprada e levada para casa pelo turista. 

Sabores de Minas

Do sonho de abrir um espaço íntimo no quintal de casa para receber pessoas, nasceu um bistrô mineiro raiz! No município do Alto Caparaó, o Cantinho Bistrô Rural recebe turistas e os convida a experimentar o sabor da roça, com uma comida saborosa preparada no fogão à lenha. Os turistas são tratados como amigos fazendo uma visita, enquanto os proprietários Betânia e Elcione, preparam um delicioso “mexidão”,  prato típico de Governador Valadares, terra natal de Betânia. 

Mexidão (Foto: Uai Turismo)

Seja para um almoço ou jantar, no Cantinho Bistrô Rural o visitante vai encontrar histórias compartilhadas, muita fartura e um acolhimento que só o mineiro tem. 

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Entre o tradicional e o contemporâneo

“Perdido” em um morrinho em Espera Feliz, o Restaurante Dom José recebe e surpreende seus convidados. Com um espaço intimista, voltado para uma vista espetacular do Caparaó Mineiro, o restaurante proporciona uma experiência gastronômica um pouco fora do comum. Unindo os alimentos mais tradicionais da culinária mineira a uma forma contemporânea de serem produzidos, o Dom José prova que é possível se surpreender até mesmo com os alimentos mais conhecidos de Minas Gerais. 

Restaurante Dom José (Foto: Uai Turismo)

Self-service “amineirado”

O RH Bistrô, no Alto Caparaó, nasceu para atender aos hóspedes da Pousada do Rui, mas a cozinha mineira atraiu também turistas hospedados em outros locais. O charmoso empreendimento funciona na modalidade self-service sem balança, levando o turista a poder experimentar os sabores mineiros à sua maneira. 

RH Bistrô (Foto: Uai Turismo)

Entre trilhas, cachoeiras e o terceiro maior pico do Brasil

Para gastar todas as calorias consumidas durante a sua visita ao Caparaó Mineiro, a visita ao parque que dá nome à região não pode ficar de fora. A palavra ‘Caparaó’ significa “águas cristalinas que descem das montanhas” e é exatamente o que o visitante irá encontrar durante sua visita ao Parque Nacional do Caparaó. 

O parque é muito procurado por montanhistas que desejam realizar a travessia pelos três picos existentes no parque, o Pico da Bandeira, Pico do Cristal e Pico do Calçado. Mas ele não está aberto só aos mais aventureiros, o parque também se abre aos que desejam aproveitar um banho de cachoeira e um bom sol, com diversos acessos que podem ser feitos de carro e com ida e volta no mesmo dia. 

Parque Nacional do Caparaó (Foto: Uai Turismo)

Para carros comuns e turistas desavisados, o parque pode não ser tão simples quanto parece, por isso é recomendado a contratação de um guia de turismo, como a equipe do Guia Pico da Bandeira, que apresentará o parque dentro dos desejos e possibilidades de cada viajante. A contratação do guia também auxilia na elaboração de um roteiro que faça sentido com a região e com o tempo disponível do turista, além de ser um contato certeiro com as experiências oferecidas pelo Caparaó Mineiro, mas que também podem ser reservadas pelo Instagram oficial.

De frente para a face de Cristo

A hospedagem é parte fundamental da experiência do viajante e quanto mais imerso no Caparaó Mineiro, mais autêntica será a viagem. Localizada no Alto Caparaó, com vista direta para a formação rochosa conhecida como Face de Cristo, a Pousada Serra do Caparaó permite que o visitante fique completamente alheio ao mundo externo e foque apenas na sua experiência na região.

Pousada Serra do Caparaó (Foto: Uai Turismo)

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Com um café da manhã bem farto, a pousada prepara o turista que vai percorrer o Caparaó Mineiro durante o dia. Mas também acolhe os que desejam apenas relaxar, proporcionando uma área de lazer com piscina e área de descanso, além de um córrego natural que passa ao lado do casarão, ideal para dormir a noite ouvindo apenas o som da água. 

Aproxime sua conexão com a natureza e se torne um especialista em cafés especiais durante sua ida ao Caparaó Mineiro!

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Uai Turismo
Iolanda Loiola - Uai Turismo
postado em 03/12/2025 13:39
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