
Chegamos a dezembro, um mês que, por si só, já convida à reflexão, ao fechamento de ciclos e ao reencontro com tradições que moldam nossa memória afetiva. É também quando o turismo afetivo ganha força, guiando nossos passos de volta a lugares e sensações que marcaram nossa história. E, por isso, o texto desta semana não poderia abordar outro tema. Hoje deixo de lado os dados e análises que costumo trazer e permito-me revisitar lembranças que guardo com muito carinho.
O Natal, na minha família, era o anúncio de que, em poucos dias, estaríamos de malas prontas para viajar. E viajar, naquele tempo, significava entrar em um carro cheio, com quatro ou cinco pessoas espremidas no banco de trás, dividindo risadas, histórias e a comida preparada com amor pela minha mãe. Dezembro tinha esse poder mágico: transformar a simplicidade em aventura.
Passávamos o mês de janeiro inteiro na praia. Como boa mineira, descia rumo ao litoral norte do Rio de Janeiro, quase na divisa com o Espírito Santo, para uma praia pouco conhecida, onde faltava estrutura, mas sobrava descoberta. Acredito que essa experiência não foi tão diferente da de muitos leitores: viagens familiares improvisadas, casas emprestadas por parentes, encontros com primos que víamos só no fim do ano e histórias contadas até tarde. Era o tipo de viagem que só o final do ano trazia, marcada pelo ritmo leve das férias e pelo reencontro com os familiares.
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Recentemente, em uma conversa descontraída com um colega de trabalho, ele comentou que viajaria para uma praia pouco conhecida, sem orla organizada ou muitas opções para o turista. Brinquei que provavelmente já tinha passado por lá, e ele duvidou: “Se você conhece, agora entendo por que é turismóloga”, respondeu sorrindo. E, de certa forma, ele tinha razão. Essas descobertas, feitas ao acaso, moldaram meu olhar curioso para o turismo.
Até hoje, dezembro me desperta essa mistura de nostalgia e novidade, como se o mês abrisse portas para possibilidades infinitas e para destinos que aguardam para serem (re)descobertos. Natal, para mim, sempre será esse convite silencioso para viajar — seja para fora, seja para dentro de nós.
Em dezembro, costumamos voltar ao lugar onde fomos felizes. Seja uma praia escondida, a casa de um parente distante ou uma cidade que marcou nossa infância, é como se esse mês despertasse em nós o desejo de revisitar memórias e reviver sensações. Talvez por isso o “turismo afetivo” seja tão forte nesse período: ele nos leva não apenas a destinos físicos, mas a um reencontro com quem fomos
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Mesmo com o avanço da infraestrutura turística e o aumento das opções de viagem, acredito que dezembro preserva um tipo de turismo que não depende de grandes atrativos, mas sim de conexão emocional. Ao nos aproximarmos do final do ano, somos convidados a desacelerar e a escolher destinos que aquecem o coração. E quem sabe, neste Natal, você também encontre um lugar que traga o mesmo brilho no olhar que carregamos quando éramos crianças.
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