CIÊNCIA E HISTÓRIA

O tatu de 40 milhões de anos que conta a história do Brasil


Espécie de mamífero extinto foi descoberta por pesquisadores de universidades federais; características únicas do fóssil ajudam a recriar imagem de cidade no Brasil

Por Lara Perpétuo
Marcos Solivan/Sucom/UFPR

Novo tatu

Um artigo publicado no início deste ano por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) apresentou uma nova espécie de tatu

UFPR/Divulgação

‘Parutaetus oliveirai’

Presente em edição do ‘Journal of Vertebrate Paleontology’, o estudo, que contou com parceria de pesquisador argentino, descreve o ‘Parutaetus oliveirai’

Marcos Solivan/Sucom/UFPR

Nome

O nome do animal, já extinto, é homenagem ao paleontólogo brasileiro Édison Vicente Oliveira, que descreveu outras espécies extintas de tatu

Unsplash

40.000.000

Diferente de todas as espécies do gênero descritas até então, o ‘Parutaetus’ vivia na Curitiba de 40 milhões de anos atrás, segundo matéria publicada pela instituição de ensino

Marcos Solivan/Sucom/UFPR

Fóssil

A análise começou a partir de um fóssil tombado no Museu de Ciências Naturais da UFPR, a partir da desconfiança de que ele parecia diferente dos outros

Marcos Solivan/Sucom/UFPR

Características únicas

'Notamos que certas características não se encaixavam nas descritas para as espécies de ‘Parutaetus’ já conhecidas', conta ao portal da instituição a pesquisadora Tabata Klimeck

Marcos Solivan/Sucom/UFPR

Nova espécie

'Após discussões com especialistas em nosso grupo de pesquisa, concluímos que seria uma nova espécie'

Marcos Solivan/Sucom/UFPR

Ossos

De acordo com o estudo, uma das características dos tatus é a presença de estruturas ósseas que se formam na camada mais profunda da pele

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Armadura

Essas estruturas funcionam como uma armadura natural com aberturas por onde saem pelos que cobrem os corpos dos mamíferos

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Diferenças

Os pesquisadores perceberam que o fóssil do tatu em questão tinha mais aberturas do que os outros e as estruturas ósseas eram mais grossas do que todas as conhecidas até então

Marcos Solivan/Sucom/UFPR

Funções

Essas características provavelmente permitiam, segundo os estudiosos, maior armazenamento de gordura e mais pelos para que houvesse equilíbrio térmico

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Curitiba no Eoceno

Com essas descrições, portanto, foi possível recriar imagem da capital paranaense na época do Eoceno, que ocorreu entre 56 e 33,9 milhões de anos atrás

Reprodução via Blogs Unicamp

Pântano quente

De acordo com o estudo — possível devido a vestígios acumulados na Bacia Sedimentar de Curitiba —, a região tinha, nesse período, um clima quente com áreas pantanosas

Creative Commons 0/PXHere

Bacia Sedimentar de Curitiba

Conjunto de rochas descoberto nos anos 1960 no Paraná, a bacia conhecida também como Formação Guabirotuba abriga fósseis de animais de idade milionária

Divulgação/Prefeitura Municipal de Curitiba

Vale

No local, havia um grande vale onde desaguavam riachos que formavam rios, lagos temporários e pântanos rasos

Divulgação/Prefeitura Municipal de Curitiba

Parecido com o Pantanal

Segundo Tabata Klimeck, tratava-se de 'cenário semelhante ao do atual Pantanal'

Reprodução/Governo do Mato Grosso do Sul

O que mais tinha lá?

De acordo com o portal da universidade, a fauna de vertebrados por Curitiba era diversificada: foram encontrados fósseis de peixes, anfíbios, crocodilianos, tartarugas e aves carnívoras gigantes

Sierra por Pixabay

Mamíferos

Entre os mamíferos, foram descobertas sete formas de tatus, chamados também de ‘cingulados’, e vestígios de marsupiais extintos, parentes de gambás e cangurus de diferentes tamanhos

Freepik

Tipo tatu canastra

Um dos tatus descritos em pesquisas anteriores, o ‘Proeocoleophorus carlinii’, chegou a ter o tamanho do atual tatu canastra, maior espécie viva

André Borges/Agência Brasília

Tipo tatu-peludo

Já o ‘Parutaetus oliveirai’, descrito no último estudo, tinha o tamanho do atual tatu-peludo (‘Euphractus sexcinctus’), que pode chegar a 40 centímetros de comprimento

Charles J. Sharp/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons

Espécies

O ‘oliveirai’ é a quinta espécie de tatu do gênero ‘Parutaetus’ descoberta na América do Sul; e os pesquisadores trabalham para identificar mais, com foco nos cingulados da Bacia Sedimentar de Curitiba

Unsplash

Futuro

O conhecimento obtido por meio da descoberta do novo tatu é fundamental, segundo Klimeck, para desvendar a história evolutiva do grupo de mamíferos sul-americanos

Unsplash

Histórias não contadas

'Nossa equipe está pronta para produzir estudos de alto impacto e continuar desenterrando histórias que esperaram milhões de anos para serem contadas', finaliza a pesquisadora

Marcos Solivan/Sucom/UFPR