Flipar

Cartola: a trajetória de um dos maiores nomes do samba, nascido há 117 anos


Há 117 anos, no dia 11 de outubro de 1908, nascia Cartola, um dos nomes mais importantes da história do samba. O Flipar mostra a seguir detalhes da vida e carreira desse imenso artista.

Por Lance
Divulgação

Angenor de Oliveira, que o Brasil conheceria como Cartola, nasceu no bairro do Catete, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Domínio Público/Wikimédia Commons

Filho de Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes de Oliveira, ele cresceu em um ambiente simples, mas cercado de música. Seu pai, que era violonista amador, foi o primeiro a lhe ensinar os acordes do instrumento que o acompanharia por toda a vida.

Reprodução do Flickr Arquivo Nacional do Brasil

A sua infância, no entanto, foi marcada por dificuldades. Ainda menino, Cartola viu a família mudar-se várias vezes, até se estabelecer no Morro da Mangueira, onde ele passaria a maior parte da vida.

Reprodução do Flickr Arquivo Nacional do Brasil

Foi na Mangueira que o futuro sambista mergulhou de vez no universo musical popular. A morte precoce de sua mãe o obrigou a deixar os estudos e trabalhar cedo - foi servente de pedreiro, lavador de carros e até contínuo.

Domínio Público/Wikimédia Commons

Em um dos seus trabalhos em obras de construção, a fim de proteger os cabelos da poeira de cimento, começou a usar um chapéu-coco. Os colegas passaram a chamá-lo de “Cartola”, apelido que o acompanhou para o resto da vida.

Acervo Museu do Samba

No início da década de 1920, Cartola passou a frequentar rodas de samba e blocos carnavalescos na Mangueira. Junto a figuras como Carlos Cachaça e Zé Espinguela, fundou blocos carnavalescos e, posteriormente, a Estação Primeira de Mangueira, uma das mais tradicionais escolas de samba do país.

Reprodução

Ao longo dos anos 1930, suas composições começaram a ganhar destaque fora do morro. Sambas como “Divina Dama”, “Quem Me Vê Sorrindo”, “Alegria”, “Não Quero Mais Amar a Ninguém” e “Qual Foi o Mal Que Eu Te Fiz?” foram gravados por grandes intérpretes da época, como Francisco Alves, Carmen Miranda e Mário Reis.

Reprodução do Instagram @cartolamusico

Apesar da qualidade de sua obra, a vida de Cartola nunca foi fácil. Nos anos 1940, enfrentou longos períodos de esquecimento, trabalhando em atividades humildes para sobreviver.

Reprodução do Youtube Canal Arquivo Nacional

Durante esse tempo, afastou-se do samba e chegou a viver em extrema pobreza. O artista foi redescoberto no final dos anos 1950, quando o cronista e radialista Sérgio Porto - mais famoso pelo pseudÎnimo de Stanislaw Ponte Preta - o encontrou lavando carros em Ipanema.

Acervo Museu do Samba

Surpreso ao reconhecer o compositor de clássicos do samba, Sérgio Porto o ajudou a retornar ao meio musical.

Domínio Público/Wikimédia Commons

Nos anos 1960, Cartola reencontrou o sucesso. Ao lado de sua companheira Dona Zica, com quem viveu até o fim da vida, fundou o lendário restaurante Zicartola, na Rua da Carioca, no centro do Rio de Janeiro.

Reprodução do Youtube Canal Arquivo Nacional

O local tornou-se ponto de encontro de sambistas tradicionais e jovens músicos, como Nara Leão e Paulinho da Viola. O Zicartola foi mais que um restaurante: virou símbolo da resistência do samba de morro e da convivência entre gerações e estilos musicais.

Reprodução do X @GloboNews

Mesmo assim, foi apenas em 1974, aos 65 anos de idade, que o sambista lançou seu primeiro disco solo, intitulado simplesmente “Cartola”.

Divulgação

O álbum, produzido por João Carlos Botezelli, o Pelão, trouxe clássicos eternos como “Acontece”, “Tive Sim”, “O Sol Nascerá”, parceria com Elton Medeiros, e “Alvorada”, composição partilhada com Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho.

Reprodução do X @GloboNews

Dois anos depois veio o segundo LP, que traz na capa a famosa foto em preto e branco de Cartola ao lado de Dona Zica, com o sucesso “O Mundo é um Moinho”.

Reprodução de Facebook

Em 1977, lançou “Verde Que Te Quero Rosa”, e em 1979, o disco “Cartola 70 Anos”, seu quarto e último álbum de estúdio.

Divulgação

A obra de Cartola é marcada por um lirismo refinado e profundo, incomum no samba tradicional. Um exemplo dessa característica é a canção “As Rosas Não Falam”. Por isso, críticos e estudiosos o colocam entre os maiores nomes do gênero, ao lado de Noel Rosa, Pixinguinha e Paulinho da Viola.

Reprodução do Youtube Canal Arquivo Nacional

Cartola teve uma vida modesta até o fim, morando com Dona Zica em uma pequena casa em Jacarepaguá.

Reprodução do Youtube Canal Arquivo Nacional

Em seus últimos anos, lutou contra um câncer que o debilitou bastante, mas continuou compondo e se apresentando sempre que podia. Faleceu em 30 de novembro de 1980, aos 72 anos, deixando um legado monumental.

Reprodução do Youtube Canal SP Em Retalhos Oficial

Após sua morte, a influência de Cartola só cresceu. Diversos artistas gravaram suas composições, entre eles Gal Costa, Elis Regina, João Nogueira, Ney Matogrosso e Paulinho da Viola.

Reprodução de Facebook