Fundada no início do século 20, Monowi já teve seu auge demográfico com cerca de 120 a 150 moradores nas décadas de 1930, época em que abrigava escola, igreja e diversos comércios.
Com o declínio das ferrovias, a consolidação das propriedades rurais e a migração dos jovens para centros urbanos, a população foi gradualmente se esvaziando. No censo de 2000, restavam apenas dois residentes: Elsie e seu marido, Rudy Eiler.
Quando Rudy morreu, em 2004, Elsie se tornou a única moradora da vila, assumindo sozinha todos os papéis da administração municipal.
Além de moradora única, Elsie é também prefeita, secretária, tesoureira, bibliotecária e responsável pela manutenção da vila.
Anualmente, ela organiza as “eleições municipais” em que ela mesma se candidata e vota, aprova seu orçamento e planeja a manutenção das ruas para garantir recursos estaduais para manter os poucos postes de iluminação da cidade, por exemplo.
Monowi conta com duas construções públicas mantidas por Elsie: a Monowi Tavern, um bar e restaurante, e a Rudy’s Library, biblioteca com cerca de 5.000 volumes, em homenagem ao falecido marido de Elsie.
A biblioteca funciona em sistema de confiança: visitantes podem pegar livros registrando seu nome em um caderno e devolver quando quiserem.
O dia a dia de Elsie é surpreendentemente movimentado para quem vive sozinha em uma cidade.
Segundo relatos, ela abre o bar de terça a domingo e prepara hambúrgueres, lanches e serve cervejas para visitantes, moradores de cidades vizinhas e curiosos que param para conhecê-la.
Apesar da aparente solidão, há um senso de comunidade: pessoas de áreas próximas, como fazendeiros, bombeiros e trabalhadores, se reúnem no bar para conversar, jogar cartas ou simplesmente fazer companhia.
Elsie também cuida da burocracia da cidade. Ela paga impostos a si mesma, elabora o plano rodoviário anual para manter a infraestrutura mínima e renova sua licença de bebida para manter o bar em funcionamento.
Além disso, ela participou de eventos locais, e sua gestão incomum já foi celebrada por autoridades do condado.
A fama de Monowi e de Elsie ultrapassa as fronteiras de Nebraska. A história da “cidade de uma pessoa” atrai jornalistas, documentaristas e turistas de diferentes partes do mundo.
Visitantes vão à cidade não apenas para tirar fotos, mas para passar um tempo no bar, conversar com Elsie e explorar a biblioteca, que se tornou uma espécie de memorial simbólico do passado da vila.
A dedicação de Elsie é vista por muitos como uma expressão de amor pela terra natal e pela memória de seu marido.
Mesmo com sua população mínima, a vila mantém seu status de município incorporado, gerido por uma única pessoa que se recusa a abandoná-la.
Essa realidade curiosa desafia noções comuns sobre cidade, comunidade e governo: Monowi é, de fato, uma cidade onde a â??cidadaniaâ? cabe literalmente em uma pessoa só.