Em vez de ambientes degradantes marcados por violência e repressão, a Prisão de Halden é amplamente reconhecida como uma das mais humanizadas do planeta.
A prisão tem como diretriz a reabilitação, o respeito e a dignidade de quem cumpre as penas.
Inserido em uma área de 30 hectares cercada por vegetação, o complexo é delimitado por um muro de seis metros parcialmente escondido pelo verde.
Chama a atenção o fato da prisão não utilizar arame farpado ou cercas eletrificadas — uma escolha deliberada para reduzir o peso psicológico do encarceramento.
Segundo o arquiteto Hans Henrik Hoilund, a meta era fazer o local se aproximar “o máximo possível da vida fora dos muros”.
Até mesmo detalhes como o acabamento arredondado das paredes externas para suavizar a aparência da prisão foram implementados.
Dentro das unidades, cada preso dispõe de um quarto de 10 m² com janelas sem grades, chuveiro, vaso sanitário e uma TV.
Em entrevista ao The Guardian, o diretor Are Høidal disse que o ambiente foi pensado para ser claro e acolhedor.
Por outro lado, ele enfatiza que, apesar do design cuidadoso, o espaço é desprovido de luxos.
A rotina dos presos é outro ponto de foco da Prisão de Halden, promovendo a interação social e desenvolvimento de habilidades.
Das 7h30 às 20h30, os detentos e os agentes participam juntos de refeições em grupo e atividades recreativas.
Esse tratamento, baseado no respeito, foi descrito por um dos presos como uma diferença 'gigantesca' em comparação com outras prisões.
Algumas estatísticas evidenciam o impacto do método norueguês. Dos ex-detentos da Prisão de Halden, apenas 20% voltam a cometer crimes dentro de cinco anos.
Para efeito de comparação, essa mesma taxa de reincidência chega aos 46% no Reino Unido e aos 76% dos Estados Unidos.
Segundo Høidal, o motivo é claro: o sistema não tem foco em punição, mas em capacitação e mudança de vida.
Para isso, Halden oferece cursos e oficinas variadas, como carpintaria, música, culinária, ioga, além de um estúdio de gravação, rádio, biblioteca e a possibilidade de cursar ensino superior.
Não é barato sustentar um modelo como o de Halden. O custo anual por preso ultrapassa US$ 90 mil (cerca de R$ 477 mil), valor quase dez vezes maior do que o gasto médio no Brasil.
Mesmo assim, entusiastas do projeto afirmam que o investimento se justifica pelos índices baixos de reincidência e pelos benefícios sociais de longo prazo.