A famosa 'Faixa de Buracos' (ou Monte Sierpe) não seria obra de alienígenas ou fruto de rituais esotéricos, mas sim um colossal sistema de contabilidade e armazenamento.
O local se estende por aproximadamente 1,5 km acima do Vale do Pisco e reúne cerca de 5.200 depressões circulares.
Cada um desses buracos mede até dois metros de diâmetro e um metro de profundidade.
Ao longo do tempo, o mistério deu origem a teorias que variavam de práticas religiosas a ideias sobre civilizações desaparecidas ou visitas extraterrestres.
Segundo o estudo, o Monte Sierpe funcionou como um centro de controle econômico, servindo para armazenar, registrar e organizar mercadorias no fim do período pré-hispânico.
Os pesquisadores utilizaram drones para mapeamento de alta resolução e realizaram análises microscópicas de sedimentos.
“Os blocos não são decorativos, mas refletem um sistema estruturado de agrupamento e contagem”, explica um trecho do estudo.
O sítio está localizado no antigo Reino de Chincha, um dos maiores centros costeiros entre 1.000 e 1.400 d.C., conhecido por sua intensa atividade comercial e agrícola.
A análise do solo dentro das cavidades revelou vestÃgios de juncos (usados em cestaria) e polens de milho.
Como o pólen de milho não é facilmente transportado pelo vento, sua presença sugere que o grão foi levado até ali intencionalmente.
Uma hipótese é que o milho era armazenado em cestos dentro dos buracos durante feiras comerciais ou pagamentos de tributos.
Com a incorporação do Reino de Chincha ao Império Inca, no século 15, o local pode ter ganhado função dentro do sistema tributário imperial.
Diferenças no número de buracos por bloco podem indicar níveis distintos de contribuição de comunidades vizinhas.
Segundo o Archaeology News, os pesquisadores enfatizam que o sítio deve ser interpretado dentro de seu contexto cultural, descartando explicações fantasiosas.
Para eles, Monte Sierpe é um exemplo da habilidade andina em administrar recursos e preservar informações sem escrita formal.
Os estudos demonstram como esses povos moldaram a paisagem para criar soluções complexas de logística, memória coletiva e economia, dispensando a necessidade da escrita tradicional.