Construído em 1893, o Canal de Corinto é uma via navegável de 6,3 km de extensão que corta o Istmo da Grécia.
O mais impressionante é que o canal tem apenas 21,3 metros de largura no fundo, o que o torna obsoleto para o comércio global.
Idealizado para eliminar a arriscada navegação de 700 km ao redor do Peloponeso, ele acabou se tornando uma das rotas mais estreitas e tecnicamente desafiadoras do mundo.
Suas paredes abruptas, que chegam a 90 metros de altura, fazem do canal um problema geológico permanente, já que precisa de manutenção contínua.
O desejo de perfurar o istmo remonta ao século 7 a.C., quando o Tirano de Corinto, Periandro, criou o Diolkos, uma estrada pela qual navios eram arrastados em terra.
A tentativa mais ambiciosa na Antiguidade veio de Nero, que começou a escavação com milhares de trabalhadores, mas sua morte interrompeu o projeto por quase dois milênios.
Apenas no final do século 19, após o sucesso do Canal de Suez, a construção moderna avançou, iniciada em 1882 e concluída em 1893.
Porém, para reduzir custos, o canal foi feito estreito demais, tornando-se obsoleto já no momento de sua inauguração, incapaz de atender à crescente frota de navios de aço.
A navegação pelo Canal de Corinto é considerada uma proeza de 'precisão cirúrgica'.
Isso porque a folga mínima amplifica o perigoso 'efeito de margem' ('bank effect', em inglês), que puxa a popa do navio para a parede.
Por conta disso, as autoridades do canal impõem regras rígidas, como reboque obrigatório para navios grandes ou com cargas perigosas e pilotos especializados.
Em 2019, o cruzeiro MS Braemar bateu o recorde de maior embarcação a atravessar o canal com apenas 1 metro de folga de cada lado!
A maior fragilidade do canal é a instabilidade das encostas, compostas de rochas suscetíveis a erosão e situadas em uma região sísmica.
As obras, conduzidas pela Corinth Canal S.A. (A.E.DI.K), incluem estabilização moderna das paredes e reaberturas sazonais voltadas principalmente ao turismo.
A previsão é que a conclusão geral das intervenções seja no começo de 2026.
Hoje, apesar de ter deixado de ser essencial para o comércio internacional, o Canal de Corinto se consolidou como um ícone turístico e uma façanha de engenharia.