A cidade, que concentra cerca de 15 milhões de habitantes em sua região metropolitana, vive o temor de que possa se tornar inabitável caso não ocorram chuvas.
Um alerta feito pelo presidente Masoud Pezeshkian deixou claro: sem precipitações até o fim do ano, o governo terá de recorrer ao racionamento e eventualmente considerar a evacuação.
As barragens que abastecem a capital, incluindo a Amir Kabir, já operam com níveis mínimos.
O reservatório que antes armazenava cerca de 86 milhões de metros cúbicos hoje está reduzido a 10% da capacidade, suficiente para sustentar a cidade por nada mais do que algumas semanas.
Já há bairros enfrentando torneiras vazias durante a noite, enquanto o país vivencia a pior seca em 100 anos, com metade das províncias sem registrar chuva há meses.
Especialistas afirmam que o cenário atual é resultado não apenas da estiagem extrema, mas de um acúmulo de problemas estruturais.
Eles diagnosticam uma 'falência hídrica' sistêmica, resultado de décadas de má gestão, incluindo a exploração excessiva de aquíferos, irrigação insustentável e infraestrutura deficiente.
A rápida urbanização e o crescimento populacional desigual agravaram a pressão sobre os recursos, a ponto de mesmo uma estação chuvosa forte ser insuficiente para restaurar o equilÃbrio.
Para a população, a crise já altera o cotidiano: incerteza sobre o retorno do abastecimento e receio de interrupções completas se tornam comuns.
As consequências ultrapassam o âmbito doméstico. Sem água suficiente, setores essenciais — da agricultura à indústria, passando pelo saneamento — sofrem impactos imediatos.
Em regiões mais vulneráveis, há risco de deslocamentos internos, tensão social e dependência crescente de caminhões-pipa.
O drama vivido por Teerã se insere em um fenômeno mais amplo. Mudanças climáticas e gestão insustentável multiplicam eventos extremos em grandes centros urbanos ao redor do mundo.
A combinação de aquecimento global, padrões climáticos alterados e evaporação crescente torna áreas áridas ainda mais suscetíveis a secas prolongadas.
No caso iraniano, algumas práticas culturais levaram diretamente para o esgotamento de rios e aquíferos.
A declaração presidencial sobre uma possível evacuação da capital gerou forte repercussão internacional, mas analistas avaliam que se trata mais de um alerta à população do que de um plano viável.
Deslocar milhões de pessoas exigiria recursos logísticos e financeiros atualmente fora do alcance do país.
Medidas mais prováveis incluem racionamento rigoroso, cortes programados, campanhas de economia e até tentativas de indução de chuva, embora com resultados incertos.
No fim, a crise de Teerã funciona como um sinal de alerta global à medida que megacidades em regiões secas tornaram-se altamente vulneráveis em um cenário climático cada vez mais instável.