Os filmes contemplados são o documentário “História do Brasil” (1974) e os curtas-metragens “Amazonas, Amazonas” (1966) e “Di Glauber” (1977), ou “Di Cavalcanti Di Glauber”, registro realizado pelo próprio diretor durante o velório do artista plástico Di Cavalcanti.
Atualmente sob a guarda da Cinemateca Brasileira, o acervo de Glauber Rocha deverá receber novas cópias das obras após a conclusão do restauro. A proposta é que os filmes voltem a circular em festivais nacionais e internacionais, além de integrarem a mostra BNDES Glauber Rocha, prevista para acontecer em São Paulo.
Glauber Rocha nasceu em 14 de março de 1939, em Vitória da Conquista, no interior da Bahia, e construiu uma trajetória que o tornaria um dos nomes centrais da história do cinema brasileiro.
Cineasta, escritor e ator, ele também teve passagem pelo jornalismo, especialmente como crítico de cinema, após abandonar o curso de Direito no início da década de 1960.
Ao longo dos anos, foi consagrado como uma figura decisiva na renovação da linguagem cinematográfica nacional, sendo reconhecido como o principal expoente do Cinema Novo, movimento que marcou profundamente o cinema brasileiro nas décadas de 1960 e 1970.
Glauber mudou-se ainda criança para Salvador, em 1947. Desde cedo, demonstrou inclinação para as artes, escrevendo textos e atuando em peças teatrais.
Sempre provocador, Glauber defendia um cinema comprometido com a realidade brasileira e com uma nova estética, capaz de romper com modelos considerados importados ou alienados.
Sua postura política e artística o colocou em conflito com o regime militar instaurado no Brasil em 1964, que passou a vê-lo como uma figura subversiva. Em 1971, em meio ao endurecimento da ditadura, Glauber deixou o país e fixou residência em Portugal, vivendo no exílio.
Ao longo da carreira, Glauber Rocha realizou diversos curtas-metragens, participou ativamente do movimento cineclubista e chegou a fundar uma produtora cinematográfica.
No total, assinou 18 filmes. Seu primeiro curta, “O Pátio”, foi realizado em 1959, seguido por “Cruz na Praça”, em 1960.
O primeiro longa-metragem veio em 1962, com “Barravento”, obra que lhe rendeu reconhecimento internacional ao ser premiada no Festival de Karlovy Vary, na antiga Tchecoslováquia.
Nessas produções, uma crítica social intensa se combina a uma linguagem cinematográfica que buscava romper de forma radical com os padrões narrativos e estéticos associados ao cinema norte-americano e dialogava com influências da Nouvelle Vague francesa e do neorrealismo italiano.
O reconhecimento internacional consolidou-se especialmente com “Terra em Transe”, filme que lhe rendeu o Prêmio da Crítica no Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha, o Grande Prêmio do Júri da Juventude no Festival de Locarno e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano no Rio de Janeiro.
“O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” também foi amplamente premiado, garantindo a Glauber o prêmio de melhor direção em Cannes e, novamente, o Prêmio Luis Buñuel.
Em agosto de 1981, Glauber foi internado em um hospital de Lisboa por problemas pulmonares e permaneceu hospitalizado por 18 dias. Em coma, acabou sendo transferido para o Rio de Janeiro, onde faleceu em 22 de agosto de 1981, aos 42 anos.
Nos meses anteriores, ele residia em Sintra, em Portugal, e se preparava para realizar o filme “Império de Napoleão”, projeto desenvolvido a partir de um argumento escrito em parceria com Manuel Carvalheiro. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.