A estátua estava localizada sob a parede do templo de Taposiris Magna, nas proximidades de Alexandria, cidade no norte do Egito.
Encontrada em escavações realizadas em dezembro de 2024, a escultura retrata uma figura feminina com coroa real e foi encontrada pela equipe da arqueóloga Kathleen Martinez, em colaboração com o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito.
A importância do achado reside no contraste entre o estilo romano do busto e a cronologia egípcia ptolemaica associada à governante.
Embora moedas do período encontradas no local apresentem a imagem de Cleópatra, não há comprovação definitiva de que o busto a retrate, o que motivou debates entre especialistas.
Além do busto, foram recuperadas 337 moedas datadas do período ptolemaico, lâmpadas de óleo, um anel de bronze dedicado à deusa Hathor e um amuleto com a inscrição “A justiça de Rá se levantou”. Cientistas envolvem-se agora em investigações mais detalhadas para determinar se o busto realmente retrata Cleópatra VII ou outra figura histórica da época.
Novas escavações já estão planejadas no templo de Taposiris Magna, que continua a guardar segredos sobre estilos artísticos, identidade de artefatos e a complexa história que marca os últimos anos da era ptolomaica.
Cleópatra VII Filopátor foi a última governante da dinastia ptolemaica do Egito e uma das figuras femininas mais célebres da história.
Nascida em 69 a.C., ela assumiu o trono aos 18 anos, inicialmente dividindo o poder com seu irmão Ptolomeu XIII, com quem foi obrigada a se casar conforme os costumes da época.
Sua ascensão se deu em meio a disputas internas, crises políticas e a crescente influência de Roma sobre o Mediterrâneo. Inteligente, culta e fluente em vários idiomas, Cleópatra destacou-se por sua habilidade diplomática e pela capacidade de exercer poder em um ambiente dominado por homens.
Sua trajetória ficou marcada pela relação próxima com Roma, especialmente com o general Júlio César. Depois de uma guerra civil contra o irmão, que terminou com sua vitória, Cleópatra consolidou-se como rainha ao lado de César, com quem manteve um relacionamento e teve um filho, Cesarião.
Essa aliança fortaleceu o Egito, que dependia da proteção romana para preservar sua autonomia frente às pressões externas.
Após o assassinato de César, em 44 a.C., Cleópatra voltou a se aproximar do poder romano por meio de Marco Antônio, general e integrante do Segundo Triunvirato. A parceria foi política e também pessoal, rendendo três filhos e uma união que desafiava diretamente Otávio, futuro imperador Augusto.
A disputa culminou na famosa Batalha de Ácio, em 31 a.C., quando as forças de Otávio derrotaram a frota comandada pelo casal. Derrotados, Marco Antônio e Cleópatra se refugiaram em Alexandria, onde, diante da iminente tomada da cidade, ambos escolheram dar cabo das próprias vidas.
A morte da rainha, em 30 a.C., encerrou a dinastia ptolemaica e marcou a anexação definitiva do Egito ao Império Romano.
A imagem de Cleópatra atravessou os séculos envolta em fascínio e mistério. Ela inspirou obras de arte, literatura e cinema, permanecendo como uma das soberanas mais icônicas da história mundial.
No cinema, a interpretação mais famosa é a de Elizabeth Taylor em “Cleópatra”, de 1963, que destacou a rainha como líder estratégica e mulher sedutora.
Outra estrela do cinema mundial que encarnou a rainha egípcia foi a italiana Sophia Loren, no filme 'Duas Noites com Cleópatra', de 1953.
Antes disso, a atriz Theda Bara estrelou o clássico â??Cleópatraâ?, em 1917, uma produção muda que ajudou a criar a imagem lendária da soberana.
Ao longo dos anos, Cleópatra também apareceu em filmes como “César e Cleopatra”, de 1945, estrelado por Vivien Leigh.
Na produção televisiva “Cleopatra”, de 1999, com Leonor Varela, ela também aparece, além de ser mencionada ou representada em animações e minisséries que exploram a história do Egito Ptolomaico.
Em 2007, o cineasta brasileiro Júlio Bressane lançou “Cleópatra”, filme em que Alessandra Negrini vive a rainha egípcia. No elenco também estão Miguel Falabella, como Júlio César, e Bruno Garcia, no papel de Marco Antonio.
Essas obras reforçaram sua imagem como uma rainha inteligente, carismática e capaz de influenciar impérios, perpetuando o fascínio cultural em torno de sua história.