Desde então, acumulou seis filmes e passou a ser citada por veículos como The New York Times, Variety e The Hollywood Reporter como possível candidata ao Oscar. O jornal americano destacou até a naturalidade com que ela fuma em cena, hábito que manteve por mais de seis décadas.
Para não perder novas oportunidades, Tânia decidiu parar de fumar e agora sonha em viajar para a cerimônia do Oscar, rejeitando qualquer limite imposto pela idade.
Embora o tabaco seja notoriamente prejudicial à saúde e, em muitos casos, fatal, o cigarro ainda é largamente consumido. E campanhas de conscientização tentam desestimular essa prática. Dia 29 de agosto é Dia Nacional de Combate ao Fumo, aliás.
O cigarro como instrumento de inclusão é um problema que foi debatido desde os tempos áureos do cinema, quando o fumo era considerado charmoso.
Impossível saber o alcance do mal causado pelos filmes da época na saúde dos espectadores, tamanha a quantidade de personagens fumantes que inspiraram jovens ao longo de décadas. Nos anos 1920, o cigarro representava glamour e rebeldia.
Muitas vezes, uma metáfora para a sedução, como em 'A Carne e o Diabo' (1926), com Greta Garbo. Entre as décadas de 1930 e 1960, houve uma sucessão de filmes em que os atores fumavam em ambientes que atraíam a atenção pelo requinte e autonomia.
James Dean, jovem e belo ator que servia de inspiração para milhares de fãs, apareceu fumando no clássico 'Juventude Transviada' (1955). Olhe a foto e pense: quem, na época, não acharia um charme?
A bela Audrey Hepburn com sua piteira marcou época - um gesto hoje condenável.
Humphrey Bogart, no clássico 'Casablanca', interpreta o charmoso Rick Blaine. Personagem tão cativante que divide o coração de Ilsa Lund (Ingrid Bergman). E em cenas atraentes, ele dava uma tragada no cigarro.
Bette Davis foi uma das atrizes que mais vezes apareceu na tela com um cigarro nas mãos. Era um companheiro quase permanente.
O cigarro era até mesmo um instrumento de sedução, como nesta cena de 'Now Voyager' (1942), em que o galã Paul Henreid acende o cigarro de Bette Davis, ambos num clima de sensualidade.
Aqui é o oposto. A mulher é que acende o cigarro do homem. Clark Gable, símbolo sensual de sua geração, dá aquela olhada em Joan Crawford com o cigarro a postos.
Marlene Dietrich foi outra, quase sempre com um cigarro na boca na personagem. A atriz chegou a fazer propaganda de cigarro. No cartaz, ela aparece sofisticada, maquiada, com cabelos alinhados, vestido de gala, e uma piteira. A propaganda diz que o Lucky Strike é mais brando que outros.
Os filmes de faroeste também não largavam o cigarro. Clint Eastwood, um dos ícones do western americano, desejado pelas moças e por rapazes em sua época de herói, a todo instante tinha um cigarro na boca.
John Wayne e Gary Cooper chegavam a receber dinheiro de fabricantes de cigarro para promover o produto nos filmes. Ambos morreram de câncer. Na foto, propaganda da marca Camel feita por John Wayne.
Mais recentemente, o cigarro ainda marcava presença, embora com menos intensidade e sem associação a charme e elegância. Além disso, passou a haver uma resistência a esse tipo de apelo.
Tanto que o cartaz promocional do filme Coco Chanel foi vetado, em 2009, na publicidade na França, pois tem Audrey Tautou segurando um cigarro - o que foi considerado uma propaganda de cigarro (proibida no país).
Hoje, o apelo pelo cigarro já foi bastante reduzido. O cinema parou de glamourizar o fumo. Não há mais propaganda de cigarro. E os alertas são explícitos nas embalagens numa tentativa de dissuasão.