Cidades

Mortalidade de jovens negros no DF é 6,5 vezes maior que a de brancos

Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca

Gabriela Vinhal
postado em 07/05/2015 10:00

Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca
A diferença entre número de homicídios entre jovens brancos e negros é 552% maior para as pessoas negras no Distrito Federal. Em um grupo de 100 mil, ocorrem 94,2 mortes dentro dos limites do DF. A taxa de mortalidade do jovem negro é 6,53 vezes maior do que a observada para jovens brancos. Os dados são do relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, da Unesco, em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República. Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca. Esse quadro estatístico mostra a mais violenta faceta de uma história que é marcada por preconceitos cotidianos: a cada 27 horas, uma ocorrência de injúria racial é registrada no DF.

Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca
[SAIBAMAIS]O estado da região Centro-Oeste, contudo, que apresenta a maior taxa de mortes de negros é o Goiás, com 108,3. No Nordeste, Alagoas tem 166,5; no Norte, o Pará, com 81,7; já o Espírito Santo é o destaque da região Sudeste, com 126,1 e, no Sul, com 71,2, o Paraná registra a maior taxa de mortalidade de brancos - único estado do país em que o número de pessoas brancas foi superior ao de negras.

Os dados são do relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 (IVJ - Violência). Uma das conclusões é que negros, com idade de 12 a 29 anos, são as principais vítimas e estão em situação de maior vulnerabilidade à violência em quase todos os estados do país -à exceção do Paraná. Com a análise de dois períodos diferentes, o primeiro utiliza o IVJ de 2012, com dados de 2008 e atualizados com comparativos qualitativos, e o segundo, um IVJ que calcula o risco relativo de pessoas negras e brancas serem vítimas de assassinatos. Com esse indicador, é possível associar as divergências raciais à maior ou menor vulnerabilidade de cada grupo.

Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca
Portanto, apesar do DF apresentar um dos menores IVJ do país, com 0,29 - os valores variam de 0 a 1: quanto maior o valor, maior o contexto de vulnerabilidade dos jovens daquele território - possui, segundo a pesquisa, risco relativo de homicídios de negros e brancos entre os mais altos do país, com 6,5, comparado apenas ao indicador de homicídio. No entanto, se for levada em consideração a análise em um contexto mais amplo,como inserção no mercado de trabalho, renda e escolaridade, o DF é um dos territórios onde os jovens estão menos expostos à violência.

Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca
Índice nacional

No Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca. Na região Centro-Oeste, o número de assassinatos de pessoas negras é 182% superior ao de brancas (88,6 contra 31,5). No Nordeste, a taxa de homicídios de negros é quase quatro vezes superior à de brancos (87 contra 17,4). O Norte registra número 214% superior à taxa entre jovens brancos, (72,5 contra 23,1). A região Sudeste apresenta valor 127% superior (53,2 entre negros e 23,5 entre brancos). Já a região Sul ganha destaque por apresentar a menor taxa de homicídio entre negros, como também a menor diferença entre a taxa de brancos, de 8%.

O panorama nacional mostra uma quantidade de homicídios de pessoas negras 155% maior do que a de brancas, ou seja, a violência tem sido seletiva. Segundo o relatório, esses dados ressaltam a necessidade de implementação de políticas públicas para este grupo de risco de todo o país, pois houve crescimento na quantidade de negros assassinados em praticamente todos os estados, exceto Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul.

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