Cidades

Polícia apura participação de adolescente em morte de estudante da UnB

Jovem de 14 anos chegou a confessar o crime, mas mudou a versão. Ele deve ser interrogado pela Polícia Civil

Geison Guedes - Especial para o Correio
postado em 10/12/2017 22:53
Corpo de Arlon foi enterrado neste domingo, no interior do Paraná
A Polícia Civil intensificou, neste fim de semana, as buscas para tentar encontrar os suspeitos pela morte do ciclista Arlon Fernando da Silva, 29 anos, atacado a facadas, na noite de quinta-feira, a menos de 300 metros do Palácio do Buriti e da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O crime é tratado como latrocínio ; roubo seguido de morte.

Uma das pistas da Polícia Civil leva a um adolescente de 14 anos, morador do Setor O, em Ceilândia. O rapaz tem sido monitorado nas últimas 72 horas, chegou a confessar a participação no crime em uma conversa informal com os investigadores, mas, em seguida, mudou a versão, negando a autoria do assassinato. Ainda não foram encontrados indícios suficientes para ligar o jovem ao latrocínio. A bicicleta também segue desaparecida.


A apuração da morte do doutorando em física pela Universidade de Brasília (UnB) é coordenada pela 5; Delegacia de Polícia, responsável pela região central de Brasília. Os investigadores o interrogam, na madrugada desta segunda-feira (11/12), na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA 1), na 204/5 Norte. Até a última atualização desta notícia, ele não havia sido liberado..

Depoimento com a tia

O interrogatório do garoto é acompanhado por uma tia, segundo o delegado-chefe da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do DF, Lúcio Valente. O delegado afirmou que a bicileta encontrada na casa do suspeito não era a mesma de Arlon, mas que os depoimentos são contraditórios. "Depois de ter confessado, ele já mudou de versão várias vezes, e então precisamos começar (o interrogatório) de novo. Tudo está sendo gravado em busca de contradições", afirmou.
O suspeito não tem antecedentes criminais, segundo Valente, mas seria investigado por cometer furtos na região onde mora. O delegado informou que o rapaz "tem porte físico de muito menos do que 14 anos" e, diante disso, "tudo indica que ele não fez isso sozinho".

A avó do menino interrogado está no portão de entrada da DCA aguardando o neto ser liberado. Ela o cria desde pequeno. "Ele estava em casa à meia-noite, não teria como estar no Plano e chegar em casa a essa hora. Ele estava perto de casa no dia do crime, não apareceu com roupa suja de sangue, nenhuma faca minha sumiu. Pegaram a roupa dele para perícia", disse. O nome da avó será mantido em sigilo para proteger a identidade do suspeito, em cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Ainda segundo a avó, o rapaz apareceu com uma bicicleta nova em casa "há umas três semanas", mas disse não se lembrar da cor. "Alguém denunciou que tinha uma bicicleta na minha casa, no sábado. A polícia foi lá e levou a bicicleta, mas ele não estava em casa na hora. Os policiais voltaram hoje e levaram ele", contou. Ela disse que o neto estava deitado quando foi abordado pela polícia e não reagiu.

Despedida no Paraná

Arlon foi enterrado às 13h deste domingo (10/12), em Rio Branco do Sul (PR), na presença de parentes e amigos de infância. O corpo foi levado de carro de Brasília para a cidade em que ele nasceu, a 1.400km de distância, após a cerimônia no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Arlon morava sozinho na capital desde 2013.

O traslado foi pago graças a uma vaquinha organizada por colegas da vítima, que, na sexta-feira, se mobilizaram para arrecadar R$ 1,6 mil para garantir que o amigo fosse enterrado perto da família. Os pais de Arlon só souberam do crime quase 20 horas depois.

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