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'Errei e estou pagando', diz trans entrevistada por Drauzio Varella

O médico foi alvo de críticas depois da reportagem por não ter revelado qual crime a detenta cometeu

Depois da repercussão em torno da história da transexual Suzi Oliveira, entrevistada pelo médico Drauzio Varella, para uma reportagem para o Fantástico, a detenta resolveu se manifestar. 

 

Por meio de uma carta, divulgada pela advogada dela, Bruna Castro, Suzi afirmou ter ciência de seus atos e que está pagando por eles. "Errei, sim, e estou pagando cada dia — cada hora e cada minuto aqui neste lugar. Antes, não tive essa oportunidade, agora eu estou tendo. Apenas quero pedir perdão pelo meu erro no passado", escreveu. 

 

A trans ainda esclareceu que, em nenhum momento, a reportagem a questionou sobre qual crime ela teria cometido para estar presa. "Eu sei que errei e muito. Nenhum momento tentei passar por inocente e, desde aquele dia, me arrependi verdadeiramente e hoje estou aqui pagando por tudo que eu cometi", afirmou. 

 

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Rafael Tadeu, que se apresenta como Suzi, cumpre pena na Penitenciária I José Parada Neto, em Guarulhos, na Grande São Paulo por homicídio qualificado e estupro de vulnerável cometido em 2010. A reportagem da Rede Globo, veículada no domingo (1º/3), era sobre transexuais que cumprem pena em presídios masculinos. Em nenhum momento, foi revelado quais crimes as detentas teriam cometido. Uma parte, em particular, comoveu o público. Drauzio pergunta para Suzi há quanto tempo ela não recebe visitas e ela responde que havia oito anos. 

 

Após isso, as pessoas se mobilizaram e centenas de cartas foram enviadas à trans. Isso até um grupo de advogados revelar o crime pelo qual Suzi foi condenada. De acordo com o processo, ela estuprou e matou por estrangulamento uma criança de 9 anos. Drauzio foi alvo de críticas por contar a história da detenta, sem revelar o passado dela. 

 

Em nota, o médico Drauzio Varella se manifestou sobre o caso e disse que não pergunta sobre os crimes cometidos pelos pacientes para não fazer julgamentos. "Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico", afirmou.