Isa Stacciarini
postado em 20/08/2018 21:00
Policiais da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte) prenderam o suspeito de matar o estudante da Universidade de Brasília (UnB) Jiwago Henrique de Jesus Miranda, 33 anos. Mateus Rosa dos Santos, 19 anos, foi localizado no Jardim Ingá, em Luziânia (GO), mas circulava entre as invasões da L4 Norte, próximas à UnB. Ele confessou o crime, mas, segundo o delegado-chefe da DP, Laércio Rosseto, faltam detalhes sobre as circunstâncias do assassinato. "Ele alegou legítima defesa, mas uma das vertentes da investigação envolve a questão das drogas. Amanhã (terça-feira), vou voltar ao matagal com ele para tentar elucidar alguns pontos", explicou. Mateus ficará preso por 30 dias, tempo suficiente para o inquérito ser relatado à Justiça, segundo o investigador.
Jiwago . O corpo dele foi encontrado em um matagal em frente a um dos prédios da Colina, região de apartamentos funcionais de professores e servidores da UnB. "Esperávamos pela prisão para saber se Jiwago comprou droga, não pagou e, por isso, foi morto, ou alguma outra outra hipótese", explicou o investigador.
Durante as diligências, policiais em que o aluno de filosofia aparece com vida às 11h16, horas antes de ter o corpo encontrado, às 13h30 do mesmo dia. Imagens mostram Jiwago caminhando de chinelos, com bermuda listrada e camisa preta. O estudante carregava, ainda, um violão nas costas e uma sacola na mão direita.
Policiais ouviram colegas, professores, além da ex-companheira de Jiwago Vanice Silva Dantas, psicólogos da UnB que o atendiam e pessoas que transitavam pelo câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, e em locais próximos.
Agressão
Jiwago sofreu agressões dois dias antes de ser assassinado, no sábado. Na quinta-feira (21/6), ele apareceu na aula de estética, do Departamento de Filosofia, com um olho roxo. Sem entrar em detalhes da história, ele pediu proteção à amiga e colega Ludmila dos Reis Sales, 20 anos. "Eu fiz um desenho com jenipapo (com tinta, na altura das costelas de Jiwago), uma representação indígena utilizada para batalhas e rituais. A proposta é simbólica para proteção", contou a aluna do 4; semestre de filosofia.
No mesmo dia, a professora Priscila Rufinoni, do Departamento de Filosofia, também notou o olho roxo no rosto do estudante. "Eu perguntei o que tinha acontecido, e ele disse que tinha brigado, mas não entrou em detalhes nem disse com quem. Era visível o que havia ocorrido. Eu liguei para a assistência social da UnB, mas eles já estavam sabendo", contou.
Luto por estudante
Após a morte de Jiwago, a UnB decretou luto oficial de três dias. Jiwago foi enterrado na tarde de segunda-feira (25/6), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Amigos, estudantes e professores da UnB se despediram com palavras de reconhecimento à inteligência de Jiwago. Ele era formado em antropologia e estava prestes a concluir o curso de filosofia.