Cidades

Desvio na Igreja de Formosa: testemunhas de defesa são ouvidas nesta quinta

Em 19 de março, religiosos vinculados à Diocese de Formosa foram presos acusados de desviar mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 10/10/2018 10:59
Os religiosos são acusados de desviar o pagamento de dízimos, batizados, ofertas e de eventos realizados pelas 33 paróquias vinculadas à Diocese de Formosa
O julgamento dos religiosos acusados de desviar mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica continua nesta quinta-feira (11/10). A previsão é a de que o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) recomece a oitiva de cerca de 30 testemunhas de defesa dos religiosos. Essa é a terceira audiência do caso e está prevista para começar às 8h30, no salão do Júri de Formosa (GO). Deflagrada em 19 de março, a Operação Caifás, do Ministério Público de Goiás (MPGO) resultou na acusação de 11 pessoas, incluindo o bispo da região, dom José Ronaldo Ribeiro, que renunciou ao cargo em 12 de setembro.

Até o momento, a Justiça interrogou três testemunhas de acusação. Em 10 de setembro, data da primeira sessão, os padres João Manuel Lopes e Jarbas Dourado compareceram à audiência. Eles confirmaram ter havido um significativo aumento nos gastos por parte dos investigados e relataram ameaças sofridas para não revelar o esquema. Em 13 de setembro, o advogado Vitor Gonzaga foi ouvido. Ele é responsável por enviar ao MP a denúncia que originou a investigação. Ele acusou os religiosos de realizarem diversas irregularidades no caixa das paróquias.

O promotor à frente do caso, Douglas Chegury, ressalta que essa fase da audiência deve ocorrer de forma mais rápida. "Esperamos ouvir todas as testemunhas de defesa ainda este ano e dar continuidade ao processo", ressalta. De acordo com ele, ainda não há como estipular um prazo para o término do julgamento. A expectativa inicial era de que a sentença saísse ainda este ano.

A primeira audiência estava marcada para 9 de agosto, mas foi adiada após pedido da defesa, diante de novas provas apresentadas pelo MP. Para Chegury, essa é uma estratégia dos advogados para protelar o julgamento e o caso perder força.

Operação Caifás

Deflagrada em 19 de março, a Operação Caifás, a cargo do Ministério Público do Estado de Goiás, investiga 11 pessoas por desvios de mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica. A suspeita é a de que eles tenham adquirido propriedades, veículos e joias com dinheiro pago pelos fieis em casamentos, batizados e eventos promovidos pelas paróquias e, cujos preços foram reajustados.


Além do bispo, são acusados: Waldson José de Melo, Pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse; Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Darcivan da Conceição Serracena, funcionário da Diocese de Formosa; Edmundo da Silva Borges Junior, advogado da Diocese de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Tiago Wenceslau de Barros Barbosa Junior, juiz eclesiástico; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa; Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa; Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral; e José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa.

Papa aceita renúncia

Em 12 de setembro deste ano, o bispo dom José Ronaldo Ribeiro, acusado de ser mentor do esquema, renunciou ao cargo. A Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou a decisão, acatada pelo Papa Francisco. Em 9 de setembro, a defesa de dom José solicitou ao juiz permissão para ele se mudar para Brasília, já que o TJGO havia decidido que o bispo não poderia sair da comarca de Formosa. A Justiça concedeu o pedido, e o réu se mudou para Sobradinho, onde residem familiares dele.
Dom José Ronaldo é acusado de liderar esquema de desvio de dinheiro da Igreja
Com a saída de dom José, o bispo interventor dom Paulo Mendes Peixoto assumiu a Diocese de Formosa como administrador apostólico. De acordo com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele acumulava duas funções e não deixará de realizar as pendências de Uberaba, onde atua como arcebispo.

Mesmo com a renúncia, dom José permanece como bispo emérito. A Diocese de Formosa informou que a renúncia foi apenas do ofício de bispo e que ele ainda mantém o vínculo com a Igreja.

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