Jornal Correio Braziliense

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Família de Felipe não acredita em versão da polícia sobre assassinato

Parente nega que o morador da Asa Sul tivesse qualquer envolvimento com o suspeito do crime, assim como com cocaína e crack

"Os pais do Felipe ficaram completamente transtornados com tudo isso. É um absurdo pintarem a imagem dele dessa forma." Essa é a indignação de um familiar do morador da Asa Sul Felipe Cezar dos Reis Almeida, 28 anos. Formado em relações internacionais, o jovem foi morto asfixiado no domingo (6/1) e teve o corpo jogado em um córrego de Valparaíso de Goiás. Wandiney Pereira Lemes dos Santos, 21, e um irmão são indicados como suspeitos do assassinato.

O Correio conversou com um parente da vítima, que concordou em falar sob a condição de anonimato. Eles não acreditam na versão apresentada pelo Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Valparaíso de Goiás. A unidade apresentou o desfecho da história nesta quinta-feira (10), indicando que a vítima e Wandiney se conheciam desde o início da semana do crime. Ainda, alegou que os dois tinham um relacionamento amoroso e envolvimento com drogas como maconha, cocaína e crack.

"O Felipe não frequentava Valparaíso e nenhum amigo dele sabia sobre esse homem. Então, não acreditamos que eles tinham qualquer tipo de relação. Muito menos que ele usava entorpecentes, como crack e cocaína. Ele jamais usou drogas como essas, disso não tenho dúvida", afirma o familiar.

A notícia sobre o desfecho da investigação chegou para a família por meio de reportagem. Os pais da vítima ficaram muito abalados com a história. A mãe de Felipe chegou a desmaiar. "Acho que foi uma avaliação precipitada sobre tudo isso. Para nós, ainda sobram muitas lacunas em aberto", analisa.

"Ele era uma pessoa boa e esforçada. Se formou no ensino superior e não era de sair tanto. Quem diria para ir a Valparaíso, um local tão distante de casa? Sinceramente, só conseguiria acreditar que o Felipe tinha qualquer envolvimento com esse homem se eu visse alguma prova, como uma mensagem no celular ou algo assim", afirma o parente.

Assassino confesso

Agentes do GIH de Valparaíso prenderam em flagrante Wandiney e um irmão de 20 anos pelo assassinato de Felipe, na quinta-feira (10). Eles responderão por latrocínio e, se condenados, podem pegar de 20 a 30 anos de prisão. Um irmão deles, de 19 anos, também acabou detido, mas pelo crime de receptação. O jovem teria ficado com o celular da vítima e o utilizado.

De acordo com o delegado Rafael Abrão, Wandiney e Felipe tinham se conhecido em Valparaíso. Eles teriam ficado juntos da noite de sexta-feira (4) para a manhã de sábado (5), quando houve o consumo de drogas em um motel da cidade do Entorno.

Ainda na noite de sábado (5), Felipe estava na casa de uma amiga em Taguatinga. "Ele se despediu e disse que ia para casa, na Asa Sul. Ele não mandou mensagem avisando que havia chegado ou dado qualquer explicação para a família. Na manhã de domingo (6), achamos o corpo", disse o delegado, durante a investigação.

Contudo, os agentes apuraram que o jovem teria ido para Valparaíso encontrar com Wandiney, por volta das 21h. O casal comprou os entorpecentes e teriam seguido para um motel, onde permaneceram até a manhã de domingo (6/1), segundo a polícia. No local, eles teriam se desentendido sobre o dinheiro dos entorpecentes.

"Fica um ponto obscuro: se a discussão iniciou porque Wandiney achava que havia gastado mais dinheiro do que Felipe; ou se ele achava que a vítima deveria pegar mais drogas. Os dois saíram alterados do local e o suspeito pediu para que passassem na casa do irmão, também em Valparaíso. Ali, a intenção dele era ficar com o carro e o celular de Felipe", esclareceu Rafael Abrão ao Correio.

O jovem foi até a casa do irmão de Wandiney, que ficou no banco de trás. Em um quebra-mola, Felipe reduziu a velocidade e o homem de 20 anos se aproveitou do momento para dar um golpe de mata-leão na vítima. Após o morador da Asa Sul desmaiar, ele foi colocado no banco traseiro e o irmão assumiu o volante. Wandiney teria terminado de matar Felipe e o jogou em córrego do bairro Pacaembú.

Wandiney confessou o crime. Ele já responde por homicídio, crime cometido em 2016 em Luziânia. O GIH de Valparaíso também investiga a relação dele em outro assassinato na cidade, que ocorreu em dezembro do ano passado.