Cidades

Pedrinho, sequestrado em Brasília quando bebê, é advogado e pai de 2 filhos

Levado da maternidade do Hospital Santa Lúcia em 21 de janeiro de 1986, Pedrinho só reencontrou os pais biológicos, Jayro Tapajós e Maria Auxiliadora Braule Pinto, 16 anos depois

Renato Alves
postado em 26/04/2019 11:50
Pedro: 16 anos longe dos pais, até ser localizado, em Goiânia O caso do bebê raptado na porta do hospital do Gama, em fevereiro de 1981, não foi o único sequestro de longa duração com desfecho feliz no Distrito Federal. Protagonista do mais famoso caso de recém-nascido raptado no Brasil, Pedrinho hoje é um advogado experiente, marido dedicado e pai de um menino de 6 anos e uma menina, de 4 meses. Morador da Asa Norte, Pedro Júnior Rosalino Braule Pinto leva a vida normal de um trabalhador de classe média brasiliense. Quando não está no escritório de advocacia ou cuidando dos filhos, pratica corrida na rua, joga futebol com os amigos, vai ao shopping e à missa. Aos domingos, almoça com os pais, no Lago Norte, com os irmãos, cunhados e sobrinhos.

Levado da maternidade do Hospital Santa Lúcia em 21 de janeiro de 1986, Pedrinho só reencontrou os pais biológicos, Jayro Tapajós e Maria Auxiliadora Braule Pinto, 16 anos depois. Durante todo esse tempo, ele morou em Goiânia, com a sequestradora, Vilma Martins Costa, que se passava pela verdadeira mãe dele.

A Polícia Civil do DF descobriu o paradeiro do menino em agosto de 2002, quando, por meio de e-mail, um anônimo contou a história sobre um garoto nascido em Brasília e adotado por uma família goiana. Agentes receberam provas apontadas pela pessoa de que se tratava de Pedrinho, como fotografias e descrições do garoto.

[SAIBAMAIS] Em 7 de novembro, o Correio tornou pública a investigação sobre o adolescente morador de Goiânia. Faltava o DNA. O menino só doou material genético para o teste após uma troca de telefonemas com Jayro e a promessa da polícia que nada aconteceria com Vilma.

O resultado do exame foi divulgado na manhã de 8 de novembro, comprovando que Osvaldo Martins Borges era, na verdade, Pedro Rosalino Braule Pinto. O desfecho do caso virou notícia em todo o país e no exterior. Mas não significou o reencontro imediato do menino com os pais biológicos.

Em fevereiro de 2003, a Polícia Civil goiana confirmou, também por meio de DNA, que outro bebê levado de uma maternidade em Goiânia, 24 anos antes, havia sido criado por Vilma como filho verdadeiro dela. A menina que a ex-empresária registrou como Roberta Jamilly era Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva, roubada em 1979.

O Tribunal de Justiça de Goiás decretou a prisão de Vilma em abril. Ela fugiu por 15 dias, até ser encontrada escondida na casa de uma amiga. No mesmo ano, Vilma recebeu a primeira sentença: oito anos e oito meses, em regime semiaberto por subtração de incapaz e registro falso de Pedrinho. Logo depois, foi condenada pelo rapto e registro de Aparecida.

No fim de 2003, Pedro se mudou para Brasília, onde, no ano seguinte, concluiu o ensino médio. Ele se formou em direito no UniCeub e, em 2012, se casou com a baiana Nábyla Gabriela Queiroz Galvão, com quem teve João Pedro e Isadora.

Vilma continua morando em Goiânia, com Roberta Jamilly, que, diferentemente de Pedro, não quis adotar o nome original nem viver com a mãe biológica (o pai morreu antes da filha ser encontrada). Nenhum dos personagens do caso Pedrinho quis dar declaração sobre o desfecho da investigação do bebê levado da porta do Hospital Regional do Gama, há 38 anos.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação