Cidades

Empresários e DJs traficavam há pelo menos dois anos no DF

Dezessete pessoas estão presas e cinco estão foragidas. A PCDF realizou a maior apreensão de ecstasy da corporação: 8,4 mil comprimidos avaliados em R$ 420 mil, que seriam vendidos nas ruas e festas

Sarah Peres
postado em 27/05/2019 21:34

Policiais apreenderam 8,4 mil comprimidos de ecstasyO esquema de venda de drogas sintéticas em festas e nas ruas do Distrito Federal funcionava há pelo menos dois anos. O grupo responsável pela operação foi desarticulado nesta segunda-feira (27/5). Estão presas temporariamente 17 pessoas acusadas de integrarem a quadrilha - um empresário, dois DJs de música eletrônica, um membro do Primeiro Comando da Capital (PCC), além de distribuidores das drogas, motoristas de aplicativos, pequenos traficantes locais e laranjas. A ação aconteceu durante a manhã e a tarde, no DF, em Goiás e em . Cinco estavam foragidos até a última atualização desta reportagem.

Conforme apuração da Polícia Civil, os entorpecentes eram enviados de Goiás e Minas Gerais para a capital federal. A comunicação entre os responsáveis pelos laboratórios para a produção das drogas e a entrega delas no DF era um único distribuidor, de acordo com a investigação da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco), unidade da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública (Cecor).

"Para fornecer os traficantes locais, este distribuidor entregava as drogas para motoristas de aplicativos que ele conhecia", esclarece o delegado Ulysses Fernandes, da Draco. Além deste distribuidor, outro cabeça do esquema é um integrante da cédula do PCC, oriunda de São Paulo. Este acusado foi detido em Aparecida de Goiânia.

"No início da investigação, este homem já estava preso em Goiás. De dentro do presídio, ele mantinha a comunicação com o esquema criminoso, ordenando a venda dos entorpecentes e dos armamentos. Ao ganhar a liberdade, em fevereiro, continuou com ação e captando criminosos para o PCC", acrescenta Ulysses Fernandes.

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Os entorpecentes iam tanto para pessoas que comercializavam os sintéticos nas ruas, quanto para os empresários e DJs. As vendas ocorriam em boates, casas de shows e eventos de músicas eletrônica. "Esses suspeitos designavam outras pessoas para realizarem as vendas em meio ao público. O valor final adquirido com a atividade ilícita era dividido entre as partes", destaca.

Para despistar a polícia, os músicos e empresários realizavam um esquema de lavagem de dinheiro. "Além da usarem laranjas, eles misturavam o dinheiro do tráfico com o lícito, oriundo do próprio evento. Assim, dificultavam a investigação policial", afirma o delegado.

A ação recebeu o nome de Operação Tridente, em referência ao cumprimento dos mandados de forma simultânea nas três unidades da Federação. No DF, os alvos foram no Guará, no Paranoá, em Samambaia, em Taguatinga, em Águas Claras e no Riacho Fundo 1; em Minas Gerais, nas cidades de Belo Horizonte e Patos de Minas; e em Goiás, na capital e nos municípios de Pirenópolis e Anápolis.

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A investigação continua, a fim de apurar o envolvimento de outros 10 suspeitos de integrarem a quadrilha. Agentes da Cecor também tentam chegar até os laboratórios utilizados para a produção das drogas sintéticas, que têm se disseminado em festas da capital federal.

"Acreditamos que a demanda para o DF se deva ao alto poder aquisitivo dos usuários. Então, estes criminosos visam a venda aqui, pela alta procura. Mas nós estamos combatendo essas ações. Não basta prendermos apenas os pequenos traficantes, devemos chegar aos grandes traficantes, que fazem as distribuições aqui", acrescenta Ulysses Fernandes.

Lago Sul

Um bar localizado dentro do complexo da Yurb, no Lago Sul, foi alvo de busca e apreensão de agentes da Polícia Civil, mas a empresa de shows não é investigada nesta operação, de acordo com a Cecor.

A assessoria de imprensa da Yurb informou que os responsáveis pelo espaço ;desconhecem qualquer tipo de prática ilícita em seu espaço, assim como de seus colaboradores, repudia o tráfico e o consumo de drogas e se coloca, como sempre esteve, à disposição para colaborar com autoridades;.

Aprofundamento da investigação

Foram sete meses de aprofundamento do esquema criminoso, que teve o pontapé inicial em outubro passado, por meio da Operação Arpão, deflagrada pela 6; Delegacia de Polícia (Paranoá). À época, 12 suspeitos acabaram presos e drogas foram apreendidas.

Após a ação, investigadores da delegacia direcionaram o material coletado para a Cecor, com o objetivo de se analisar a origem das drogas. Toda a apuração sobre os envolvidos e os distribuidores de Goiás e Minas Gerais foi realizada pela Draco.

A Operação Tridente contou com apoio de 150 policiais do DF, GO e MG. Apoiaram a ação ainda agentes da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord); da Divisão de Operações Especiais (DOE); da Divisão de Operações Aéreas (DOA); da 13; Delegacia de Polícia (Sobradinho 1); e da 6; DP.

Saldo da Operação Tridente

Prisões

17 presos ; destes um empresário; dois motoristas de aplicativos e um membro do PCC;

5 foragidos

Distrito Federal ; Guará, Paranoá, Samambaia, Taguatinga, Águas Claras e Riacho Fundo 1;

Goiás ; Pirenópolis, Anápolis e Goiânia;

Minas Gerais ; Belo Horizonte e Patos de Minas;

150 agentes das polícias do DF, GO e MG

Apreensões

8,4 mil comprimidos de ectasy avaliados em R$ 420 mil

13 trouxas de cocaína

3 trouxas de maconha

20 esteróides anabolizantes

R$ 20 mil em espécie

Munições de revólver calibre 38 e de fuzil

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