Os hackers que invadiram os celulares de autoridades políticas estão presos no sistema carcerário do Distrito Federal. Dois dos homens foram transferidos na manhã de sexta-feira (2/8) ao Centro de Detenção Provisória (CDP). Na noite do mesmo dia, a dupla acabou realocada na Penitenciária I do DF (PDF I). São eles: Danilo Cristiano Marques e Gustavo Henrique Elias Santos. A mulher, Suelen Priscila de Oliveira, está na Penitenciária Feminina do DF, a Colméia, que fica no Gama.
Como o conteúdo do processo é sigiloso e restrito a Justiça Federal de Brasília, os presos estão isolados e ficam separados da massa, pois não podem ter contato com outros internos devido às informações confidenciais. Em nota, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) informou que "por motivos de segurança, todos ficarão separados da massa carcerária, em celas distintas e sem contato entre eles."
O único que permanece na Superintendência da Polícia Federal é Walter Delgatti Neto, que confessou ter invadido as contas telefônicas do ministro e juiz Sérgio Moro; do chefe da operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol; de juízes e delegads.
Os suspeitos de invadir ou tentar invadir os celulares de autoridades públicas acabaram no sistema penitenciário do DF após o juiz da 10; Vara Federal de Brasília converter a prisão temporária em preventiva. O pedido partiu da Polícia Federal que considerou um risco para as investigações caso o grupo fosse libertado.
Os suspeitos foram presos temporariamente em 23 de julho, em Ribeirão Preto (SP), Araraquara (SP) e na capital paulista, após investigadores da Polícia Federal conseguir rastrear os endereços eletrônicos deles. A Operação Spooling apura o acesso ilegal a celulares de diversas autoridades.
Entre as vítimas hackeadas estão os ministros da Justiça e da Economia Sérgio Moro e Paulo Guedes, além do presidente da República, Jair Bolsonaro; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.
Os presos
Gustavo Henrique Elias Santos: tem 28 anos, é conhecido como DJ Guto Dubra de Araraquara (SP). Trabalha com organização de festas eletrônicas. Foi preso em 2013 por receptação de uma caminhonete. Julgado em 2015, foi condenado a seis meses em regime semiaberto. Movimentou R$ 424 mil entre 18 de abril e 29 de junho de 2018. Tem renda média de R$ 2.866.
Suelen Priscila de Oliveira: tem 25 anos, foi presa no mesmo endereço de Gustavo, em São Paulo, com quem já foi casada. Movimentou R$ 203 mil entre 7 de março e 29 de maio. Tem renda mensal registrada de R$ 2.191.
Walter Delgatti Neto: tem 30 anos, é conhecido como Vermelho e foi preso em Ribeirão Preto (SP). Costumava se apresentar como investidor e estudante de medicina da USP, onde não estudava. Foi alvo de mandado de busca e apreensão em 2015, quando a namorada do irmão dele, de 17 anos, o acusou de dopá-la e estuprá-la. Em sua página no Twitter, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e a Sérgio Moro. Chegou a responder ao coordenador da Lava-Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, sobre como identificar se o conteúdo vazado do seu celular era verídico. Compartilhava páginas de sites ligados à esquerda, mas era filiado ao DEM desde 2007.
Danilo Cristiano Marques: tem 33 anos, também foi preso em Araraquara, enquanto fazia um curso de eletricista. Fez três viagens cadastrado como motorista da Uber, mas isso faz três meses. Também teve uma microempresa de comércio de equipamentos de telefonia e comunicação.