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Covid-19: especialistas do Hran estudam uso de nitazoxanida para tratamento

A pesquisa é apoiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações. A medicação já teve eficácia comprovada no combate a outros vírus

Especialistas do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) estudam o uso da medicação nitazoxanida em pacientes que apresentam pneumonia grave causada pela covid-19. A pesquisa tem o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações e o objetivo é avaliar o efeito do medicamento nos doentes acometidos pelo vírus.

O Hran é a unidade de referência no tratamento de infectados pelo novo coronavírus no Distrito Federal e, além disso, profissionais da saúde da unidade também desenvolvem estratégias de combate ao vírus Sars-CoV-2. Para isso, os especialistas participam de diversos ensaios multicêntricos na busca de soluções pautadas no conhecimento científico.

As pesquisas realizadas pelos profissionais de saúde identificaram a nitazoxanida, usada principalmente como antiparasitária, como um possível medicamento para combater a covid-19. O remédio já teve efeito evidenciado contra diversos vírus, como o da Influenza e o coronavírus responsável pela pandemia chamada MERS (Síndrome respiratória do Oriente Médio), em 2008 — o vírus pertence à mesma família do causador da Sars (Síndrome Respiratório Agudo Grave), que provocou 800 mortes no mundo em 2003.

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De acordo com a infectologista Joana D'Arc Gonçalves, que atua no Hran, o estudo “tem como a meta investigar, em pacientes com Covid-19, se a administração precoce deste remédio reduz a progressão da doença, sua gravidade e mortalidade.”

Ainda segundo a especialista, a nitazoxanida foi testada clinicamente em pacientes com gripe e demonstrou melhora dos sintomas quando administrada precocemente. “Existem indícios encontrados em laboratório e em estudos clínicos com outras doenças respiratórias virais que indicam que a nitazoxanida possa ter efeitos benéficos para a pneumonia causada pela Covid-19”, explica. 

Para comprovar a eficácia da medicação no combate ao coronavírus, os médicos realizarão um estudo com 500 pacientes nos próximos seis meses. Para Joana D'Arc, o Hran tem uma equipe que está comprometida a buscar por evidências científicas que melhor atendam aos infectados neste período de pandemia. “Sabemos das limitações estruturais crônicas e do déficit de recursos humanos. Contudo, não nos acovardamos e seguimos lutando por dias melhores”, destaca a infectologista.