O grafiteiro e punk rapper Jhamau, conhecido como Kaninez, foi atacado por dois homens, em 16 de agosto de 2019, em uma via pública da QNN 17, em Ceilândia. A dupla chegou ao local em um carro preto e iniciaram o espancamento. A vítima foi agredida com um pedaço de pau e só não morreu porque foi socorrida por moradores locais, que acionaram o Corpo de Bombeiros. Ele passou dois dias internado em estado grave em uma unidade de terapia intensiva (UTI).
O primeiro suspeito foi detido, na segunda-feira (29/6), por meio de mandado de prisão expedido pela Justiça. Inicialmente, o crime seria apurado pela 19ª Delegacia de Polícia (Setor P Norte). Contudo, como poderia se tratar de um crime de ódio, o inquérito foi encaminhado para a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa, ou com Deficiência (Decrin).
Segundo a delegada Ângela Maria dos Santos, chefe da especializada, o homem negou ter participado do crime. “Apesar disso, nossa apuração comprovou que se trata, sim, do agressor. Temos provas que o colocam no local do crime no momento em que o espancamento ocorreu. Ele é o dono do veículo usado para chegar até a quadra e, inclusive, afirmou não ter o costume de emprestar o carro para outras pessoas”, afirma.
De acordo com a investigadora, o caso precisou de uma investigação técnica, sobretudo porque as testemunhas tinham medo de coloborar com a investigação. “As pessoas tinham muito medo de sofrerem retaliações, porque os suspeitos são pessoas violentas. Então, tivemos que estimular os moradores a auxiliarem no caso por meio de denúncias anônimas”, explica.
Ângela Maria esclarece que o preso “tem ligação com o círculo neonazista, com amigos que defendem esse discurso. Mas não há nenhuma prova que confirme que ele integre o grupo e, até o momento, não identificamos outra motivação para o crime que não seja essa (posição neonazista). Inclusive, a vítima é grafiteiro e encobria pichações com discursos de ódio, afirmações neonazistas e frases de cunhos preconceituosos no geral, com ataques homofóbicos e racistas, por exemplo. Então, o próprio sobrevivente apontou que o ataque ocorreu porque ele cobria esses materiais ofensivos com grafites.”
Agora, os investigadores tentam identificar o segundo envolvido na tentativa de homicídio qualificada. A corporação pede que quem tiver qualquer informação sobre o acusado repasse os dados por denúncia anônima pelos canais de comunicação disponíveis da PCDF. “Ninguém precisa se identificar. Todas as informações ficarão em sigilo, mas necessitamos que a comunidade se comprometa em nos ajudar. Assim, poderemos tirar das ruas indivíduos perigosos, que pregam uma supremacia deturpada, cujo objetivo é promover o ódio contra diversos grupos, como negros, judeus e homossexuais”, frisa a delegada Ângela Maria.
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